No Brasil, a juventude tem ganhado espaço na mídia, nas pesquisas acadêmicas e nos debates públicos, principalmente nos últimos 15 anos. Uma das razões para essa recente visibilidade é que atualmente, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 50,5 milhões de brasileiros, um quarto da população do país, tem entre 15 e 29 anos. Esse grupo etário nunca foi tão numeroso, em termos absolutos, como é hoje.
Entretanto, o fato é que o Estado não se preparou para receber adequadamente esse enorme contingente de jovens. A oferta de bens e serviços públicos é insuficiente para atender toda a demanda. O ensino Médio ou o mercado de trabalho, por exemplo, ainda estão longe de atender a todos. Soma-se a isso o baixo conhecimento do poder público sobre a realidade juvenil, o que em muitos casos provoca um desencontro entre as demandas dos jovens e as políticas públicas.
A administração atual e as que se seguirão, terá esse grande desafio, o de superar essa lacuna histórica, entre o Estado e a juventude. Segundo dados do IBGE, quase metade dos desempregados do país é jovem. E de acordo com o PNAD-2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), em média, os trabalhadores jovens ganham menos da metade do que ganham os adultos.
Dados da UNESCO afirmam que a taxa de homicídio entre os jovens é duas vezes e meia maior do que entre os outros segmentos etários. Enquanto o número de assassinatos se manteve estável no restante da população, entre a juventude esse índice cresceu 81,6% nos últimos 22 anos.
Segundo dados do PNAD – 2003, apenas 3,6% dos jovens entre 20 e 24 anos chegam a universidade, e cerca de 1,3 milhões de jovens são analfabetos. Segundo dados da UNESCO, 2004, apenas 10,1% dos jovens costumam ir sempre ao cinema. Em relação ao acesso as tecnologias da informação, 77,4% dos jovens das classes D e E não sabem usar o computador. Entre os jovens da classe A, essa taxa cai para apenas 12,5%.
Esses dados efetivamente também incluem nossa cidade. Basta-nos uma visita nas periferias de Marília para conhecer a realidade da juventude. Desprovidos de políticas públicas que assegurem o acesso à educação, ao trabalho, a saúde, ao esporte e ao lazer, centenas de jovens rumam para a marginalidade, a criminalidade ou para o consumo desenfreado de drogas.
Quando surge uma vaga de emprego, o jovem se depara com a exigência de experiência em seu currículo. Precisamos criar condições para que eles possam ter o seu primeiro emprego. Entre as jovens adolescentes é muito comum a ocorrência da gravidez precoce. Isso decorre da ausência de políticas públicas na área da saúde para esse segmento. Muitas garotas e garotos sentem-se constrangidos ao procurar as UBS e PSF de nossa cidade em busca de informações e até mesmo de procedimentos contraceptivos.
Por essas e outras razões, podemos afirmar que a juventude de Marília foi afetada pelo modelo econômico adotado nas últimas décadas e também pela seqüência de administrações que não estiveram maduras para a necessidade do debate das políticas públicas de juventude.
É verdade que houve muitos avanços no debate de PPJ em muito pouco tempo. O Governo Federal criou a importante Secretaria Nacional de Juventude que por sua vez elegeu o Conselho Nacional de Juventude, cuja tarefa principal em 2008 foi organizar a I Conferência Nacional de Juventude, onde definimos nossas prioridades, planos e metas para o desenvolvimento e crescimento sadio do nosso país.
A juventude mariliense não ficou fora desse debate e também realizou em março de 2008 sua I Conferência Regional de Juventude com a participação de cerca de 300 jovens vindos de cinco municípios de nossa região. Na ocasião muitos foram os debates realizados, cultura, educação, esporte, sexualidade, cultura hip hop, entre outros. Todos convergiram para a mesma necessidade, a da criação de uma Secretaria Municipal de Juventude.
Nossa cidade também navega na onda desses avanços, prova disso é a louvável iniciativa da administração municipal em criar a Secretaria Municipal de Juventude. Nesse sentido, podemos afirmar que a luta pela efetivação da Secretaria, nada mais é que a luta do movimento social de Marília. E certamente uma dívida que a cidade tem com essa grande parcela de nosso município, a juventude.
Por todas essas razões, nós, entidades abaixo-assinadas, vimos por meio deste documento, solicitar aos nobres vereadores a APROVAÇÃO do Projeto de Lei que cria a Secretaria Municipal de Juventude. Somente com política pública de/para e com a juventude poderemos assegurar que os jovens protagonizem e ajudem a crescer a nossa cidade.
Sabemos que os vereadores desta respeitada Casa sabem da importância da juventude como grande segmento social, e tem responsabilidade com o conjunto dos jovens de Marília.
Assinam esse documento:
UNE
UBES
UEE SP
UPES
CUCA
UMES
Nação Hip Hop
UJS
* Foto: Keka, liderança do movimento de juventude de Marília