terça-feira, 2 de novembro de 2010

Bibliteca Nacional - 200 anos

A Fundação Biblioteca Nacional completou, na última sexta-feira, 29 de outubro, 200 anos de existência. Para celebrar, foi inaugurada a exposição Biblioteca Nacional 200 anos: Uma Defesa do Infinito, e anunciado aporte financeiro de R$ 37,5 milhões para melhoria na infraestrutura e serviços da Fundação Biblioteca Nacional (FBN/MinC). O ministro da Cultura, Juca Ferreira, afirmou que é preciso celebrar a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808: “A Biblioteca Nacional é uma jóia dentro desse conjunto, porque se não fosse a vinda da família real nós não teríamos uma instituição tão importante quanto essa”. O acervo inicial da biblioteca é composto de peças trazidas de Portugal em 1810.

Para Muniz Sodré, presidente da FBN, o apoio financeiro – 31,7 milhões do BNDES e 6 milhões da Finep/MCT – veio em ótimo momento. Os recursos do BNDES serão destinados para várias ações. A maior parte – 17,8 milhões – serão alocados na reforma do prédio anexo à BN, localizado na área portuária do Rio de Janeiro, onde será organizada a hemeroteca (acervo de periódicos). Os recursos da FINEP serão aplicados na digitalização dos jornais e revistas que ficarão disponíveis, também, pela página eletrônica da biblioteca. O presidente da instituição explicou, ainda, que o prédio sede, construído em 1910, não tem capacidade para abrigar as mais de sete mil obras que recebe mensalmente, e que a extensão para o prédio na Gamboa será essencial para acomodar parte do acervo da BN. “Esse aporte do BNDES e o apoio do Ministério da Cultura vão colocar a BN no século 21”, conclui Muniz Sodré.

Por sua vez, o gerente de Patrimônio Histórico e Acervo do BNDES, Eduardo da Fonseca Mendes, destacou que o BNDES considera essa ação como estruturante: “A gente entende que essa é uma maneira de dar um salto qualitativo na capacidade da BN e fazer sua função principal, que é a preservação bibliográfica desse país”.

Homenagens

Para contar a história da Biblioteca Nacional e de seu prédio, foi concebida uma mostra especial a partir de seu rico acervo. Sob a curadoria do escritor Marcos Lucchesi, a exposição Biblioteca Nacional: 200 anos: Uma Defesa do Infinito, busca traduzir a representatividade da instituição. O trabalho foca o público, de modo que, ao chegar, ele se deparará com obras raras, como a Bíblia de Mogúncia (1462): “Porque ele nunca viu, mas sabe que vai encontrá-la e também descobrir como numa série de espelhos, aquilo que represente a sua cidadania”, definiu Marcos.

Durante a solenidade de abertura da exposição, o ministro Juca Ferreira declarou que a dedicação dos funcionários da BN foi fundamental para manter a instituição conservada e usual. “Queria homenagear a aniversariante, na figura do presidente, dos dirigentes, mas, principalmente, dos funcionários da BN, porque parte do sucesso dessa perenidade depende do trabalho de vocês”.

Uma medalha comemorativa foi cunhada pela Casa da Moeda do Brasil em homenagem ao bicentenário da BN. Na ocasião, ocorreu a descaracterização dos cunhos originais da medalha, o que garante que não haverá emissão de novas peças.

Biblioteca peregrina

Para o curador da mostra, a BN nasceu peregrina. Uma referencia às várias transferências sofridas pela instituição. O acervo trazido para o Brasil, de sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, foi inicialmente acomodado numa das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março. Em 29 de outubro de 1810, um decreto do Príncipe Regente determinou que o lugar acomodasse a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática. A data de 29 de outubro de 1810 é considerada oficialmente como a da fundação da Real Biblioteca que, no entanto, só foi franqueada ao público em 1814.

Quando, em 1821, a Família Real regressou a Portugal, D. João VI levou de volta grande parte dos manuscritos do acervo. Depois da Proclamação da Independência, a aquisição da Biblioteca Real pelo Brasil foi regulada mediante a Convenção Adicional ao Tratado de Paz e Amizade, celebrado entre o Brasil e Portugal em 29 de agosto de 1825.
O prédio atual da FBN teve sua pedra fundamental lançada em 15 de agosto de 1905, e foi inaugurado cinco anos depois, em 29 de outubro de 1910. O prédio foi projetado pelo General Francisco Marcelino de Sousa Aguiar e a construção, dirigida pelos engenheiros Napoleão Muniz Freire e Alberto de Faria.

Hoje, há mais de 9 milhões de obras sob a guarda da Biblioteca Nacional. Centenas de pesquisadores, estudantes, turistas, passam diariamente pelo edifício sede, na Cinelândia (Rio de Janeiro), que completa 100 anos e funciona como sede da Fundação Biblioteca Nacional.

(Texto: Sheila Rezende, Comunicação Social/MinC)
(Fotos: André, Comunicação Social/MinC)

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