Três meses de acampamento: resistência histórica na Praia do Flamengo
Três meses de acampamento: resistência histórica na Praia do Flamengo
Ocupação aconteceu no dia 1º de fevereiro e se mantêm até hoje; programação cultural marca a vida dos estudantes, que em maio completaram três meses acampados
A UNE e a UBES completaram em maio mais de três meses de acampamento armado no terreno da Praia do Flamengo, número 132, no Rio de Janeiro. O espaço, "ao lado do Boteco da Praia", como muitos cariocas identificam o local, tornou-se referência entre os moradores e os próprios freqüentadores do bar. Com ousadia e criatividade, cerca de 30 estudantes mantêm a ocupação viva, realizando uma programação cultural diária. Neste mês, diversas atividades fazem parte do cardápio, incluindo teatro, música, circo, cinema, poesia, samba e "caldinho de feijão". Isso mesmo. Aos domingo o cavaquinho chora, a roda se abre, e o pandeiro come solto, tudo acompanhado do tradicional prato da culinária boêmia.
A movimentação cultural que por lá acontece é realizada pelo Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA), o projeto cultural da UNE, com apoio da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ), Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (Ames-RJ) e DCE da UFRJ.
O lugar, mesmo precário em sua estrutura, também já funciona como sede das entidades estudantis. Recentemente, o CUCA realizou no terreno o seu 7º Seminário Nacional. Em abril, a UNE levou para lá o show do músico Carlos Lyra, encerrando o seu 55º Congresso Nacional de Entidades Gerais (Coneg). Já a UBES fez questão de iniciar dali a sua jornada pelo Brasil com o lançamento da "Caravana em defesa do Passe Estudantil".
Enquanto a justiça não bate o martelo em relação à posse do terreno, que estava invadido por um estacionamento clandestino, artistas, personalidades políticas e intelectuais continuam enviando mensagens de apoio à histórica resistência dos estudantes. Diariamente, o acampamento recebe visitas de alunos universitários e do ensino médio.
"As dificuldades são superadas com a boa convivência entre todos e a certeza de que estamos aqui, resistindo, porque temos a certeza de que esta retomada tem significado especial para o movimento estudantil. É uma forma que temos de continuar a luta daqueles que tombaram no embate contra a ditadura e pensar nas gerações futuras. Aqui, enterramos de vez o regime militar. Aqui, consolidamos de vez o nome da UNE na construção da democracia no país", diz o Coordenador-geral do CUCA, Tiago Alves, que está acampado desde o primeiro dia.
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