UNE de volta para casa - 3 anos
01 de fevereiro de 2010 completa 3 anos da ocupação dos estudantes no terreno pertencente à UNE - União Nacional dos Estudantes, na Praia do Flamengo.
UNE de volta para casa
Há 46 anos, em 1964, o movimento estudantil sofreu um duro golpe: o recém instituído regime militar metralhou, invadiu e incendiou a sede da UNE e da UBES, na Praia do Flamengo, 132, no Rio de Janeiro. O endereço era um marco do combate da juventude brasileira à onda nazista. Uma casa que havia sido sede do Cube Germânia, centro de reunião de ativistas simpatizantes do nazismo, mais tarde, doado aos estudantes pelo presidente Getúlio Vargas. Em 1980, a ditadura já enfraquecida faz questão de demolir o prédio das entidades, não bastassem as perseguições, torturas e assassinatos dos estudantes durante esse lamentável período da história do País.
Passados 43 anos, a 5ª Bienal de Cultura da UNE, ocorrida no Rio de Janeiro, com o tema "Brasil - África - Um rio chamado Atlântico", comemorou os 70 anos da UNE, devolveu à cidade maravilhosa, o vigor e o entusiasmo dos estudantes brasileiros, num evento que reuniu jovens e lideranças do passado e do presente, de todos os cantos Brasil, e se encerrou com um grande ato, que comoveu a população e as autoridades do Rio de Janeiro, e se transformou num marco da história recente do movimento estudantil e do País.
A tenda Lado C, da Bienal, reuniu em um ato político, diversas lideranças que fizeram parte da história da UNE, homenageou seus ex-presidentes, como o Ministro do Esporte Orlando Silva e o fundador da UNE, Irum Santana. "Quando se fala em UNE de volta para casa, isso me toca pessoalmente por um motivo: quando eu era militante, eu morava na sede, disse João Pessoa de Albuquerque, presidente da entidade, em 1953.
A ocupação
Reunindo milhares de estudantes de todos os estados do país, a culturata da UNE, tradicional manifestação político-cultural, que encerrou a 5ª Bienal da UNE, levou para as ruas do Rio de Janeiro, a memória, o protesto e a reconquista do endereço tirado à força pelo regime de terror, em 1964.
A concentração aconteceu nos Arcos da Lapa, onde bandeiras foram distribuídas e uma grande faixa dependurada. Embalados pela banda afro-carioca Orum Milá, cerca de 10 mil estudantes percorreram as ruas da cidade, relembrando canções da época da resistência ao golpe. Esse vigoroso protesto de 01 fevereiro de 2007, iniciou também, a jornada do CUCA da UNE, na luta pelo investimento de 2% do PIB na cultura e deu início à jornada pela democratização dos meios de comunicação.
Seguindo o percurso rumo à Praia do Flamengo, 132, os estudantes entoavam palavras de ordem e canções que rememoravam a época de resistência à perseguição sofrida pela UNE. No memorial Getúlio Vargas, um dos marcos do museu da República, o ponto de cultura Tá na Rua, grupo teatral do Rio, encenou momentos que marcaram o período, como a morte de Edson Luís, estudante secundarista morto, em 1968.
A chegada da multidão no endereço histórico, foi repleta de calor, tanto dos que participavam, quanto dos que assistiam de longe ou do alto dos prédios ao redor. Moradores tradicionais e antigos vizinhos da região do Flamengo se misturavam aos milhares de estudantes e celebravam a chagada da vizinha UNE, que deixara mais de quatro décadas de saudade.
A partir de então, muitos personagens voltaram a fazer parte daquele endereço. Hoje, a Praia do Flamengo, 132, abriga o espaço do CUCA do Rio de Janeiro e aguarda o início das obras de reconstrução da sede da UNE. Ela abrigará um centro cultural e será novamente um patrimônio de todos os brasileiros.
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