quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pontos de Solidariedade

No último sábado (24) o Fórum dos Pontos de Cultura do Rio de Janeiro realizou o Pontos de Solidariedade – Uma ação político cultural contra a criminalização da pobreza e por direito a políticas públicas para o conjunto da sociedade. O evento, que aconteceu no Centro do Teatro do Oprimido, na Lapa, contou com apresentações artísticas dos Pontos de Cultura, exibição de vídeos e arrecadação de doações para desabrigados pelas chuvas.


O encontro estava marcado para 16h e aos poucos as pessoas foram chegando e ajudando na arrumação do espaço: organizar arquibancadas, fazer as faixas, selecionar os videos, montar o som gentilmente cedido pelo ponto de cultura do Museu da Maré. Trabalho não faltava - vale lembrar, sempre coletivo.


O Ponto de Cultura América no Coração da Baixada abriu as apresentações da noite com Dona Dalma, do grupo de terceira idade do projeto, que também levou as apresentações de Carmem Miranda (por Nathalia Januzzi) e Ney Matogrosso (por Kleber Moreyra), que colocaram a platéia toda para dançar. O evento contou também com a roda de samba d
o Ponto de Cultura O Som das Comunidades, trazendo o melhor do samba para a atividade, que encerrou ao som de “Aquarela Brasileira”, de Silas de Oliveira, fazendo-nos sempre lembrar da bela diversidade cultural do país.


Além das apresentações, os participantes assistiram também ao vídeo do prêmio Interações Estéticas (outra ação ligada ao Programa Cultura Viva), ao registro feito pelo Me Vê na TV da 1ª Teia dos Pontos de Cultura RJ/ES realizada em Nova Iguaçu em 2007, e a vinheta de lançamento da 7ª Bienal da UNE Cordel Digital: Imaginário Popular em rede.


Na ocasião, também foi lida a carta “Catástrofes e descaso do poder público na gestão urbana: onde está o problema?”, uma resposta do Fórum dos Pontos de Cultura aos estragos causados pelas fortes chuvas que atingiram o estado nas últimas semanas.


Foram arrecadados materiais de higiene, alimentos não perecíveis, roupas e agasalhos, entregues à comunidade do Borel, atingida pelas enchentes.


Do encontro, realizado durante o Viradão Carioca, saiu a idéia de fazer um circuito de apresentações artísticas dos Pontos de Cultura. Para Firmino, do Centro de Cultura e Educação Lúdica da Rocinha, “poderia ter um palco de dez da manhã às dez da noite que ainda iria faltar espaço pra todo mundo se apresentar”.


Em uma avaliação feita pelos presentes, poderia ter havido maior participação do Fórum dos Pontos de Cultura no evento. Mas, de uma forma geral, conclui-se que foi importante a realização da atividade, que arrecadou doações em uma ação que além de cultural, também teve caráter político. Para Carla Daniel, do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (Ciespi), uma das participantes do Fórum, “estes são momentos importantes de construção coletiva que nos fazem caminhar, rememorar e até questionar o que queremos e, sobretudo, o que podemos”.


Mais informações sobre o Fórum dos Pontos de Cultura do RJ.


Confira abaixo a carta lida no encontro:









Catástrofes e descaso do poder público na gestão urbana: onde está o problema?


Aos que tiveram a vida ceifada nas ultimas semanas em função da catástrofe do início de abril, e as familias que estão convivendo com esta tragédia, os nossos profundos sentimentos!


O fórum dos pontos de cultura do estado do rio solidariza-se com todas e todos que moram em morros; encostas; beira de valas, valões, próximos a rios, periferias e baixadas.


Setores elitistas da nossa sociedade sempre discriminaram e culparam os pobres, por morarem em lugares impróprios, como divulgado por representantes públicos nos meios de comunicação. A política publica sempre foi a de remoção!!!


“Se moramos onde moramos não é simplesmente porque queremos, mas, pelo que restou do que nos foi negado historicamente, pela ausência de políticas habitacionais, desde a abolição da escravidão neste país.”


Não é opção. É falta de opção.


As prefeituras e o governo estadual deveriam garantir prevenção básica nos morros, como poda de arvores, coleta seletiva de lixo, muros de contenção de encostas, fechamento de valas e etc. como ocorre no “asfalto”. Alem de planos de emergência de defesa civil para a população e a oferta de moradias dignas.
O governo federal ter um planejamento urbano de médio e longo prazo. Dentre outras ações que poderiam evitar tanto sofrimento.


A falta de políticas públicas contribuiu para um grande déficit habitacional no Brasil, segundo o movimento de luta por moradia. Há centenas de imóveis públicos fechados pelo estado do rio afora e que poderiam servir de moradia, assim como dezenas de fábricas que se encontram fechadas na Avenida Brasil e via Dutra, por exemplo.


O Fórum dos Pontos de Cultura do Estado do Rio exige políticas públicas sociais na área da habitação e gestão urbana, sobretudo, respeitando os aspectos culturais locais, parte importante dos direitos básicos de todo cidadão.


Importante frisar que fora da política não há solução. Somente através de uma ação política articulada e democrática com a participação dos moradores teremos alternativas para a questão.


Abaixo o crime do esquecimento e do descaso de tantas outras tragédias.


Não as remoções unilaterais e autoritárias sem a participação das comunidades.


Urbanização e serviços básicos da cidade nos morros já!!!


Cumpra-se o estatuto das cidades.


Fórum dos Pontos de Cultura, 24 de abril de 2010.





por @alinecarvalho

terça-feira, 27 de abril de 2010

Estudantes debatem Política Cultural para um projeto de país

Na tarde de sexta-feira (23), cuqueiros de norte a sul do país se misturaram a estudantes interessados no Centro de Tecnologia da UFRJ para debater a Cultura no Brasil. O Grupo de Debate, que reuniu cerca de 60 pessoas, foi organizado pelo Centro e Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE (CUCA), como parte da programação do 58° Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg) da UNE .

Compuseram a mesa Célio Turino (ex-secretário de Cidadania Cultural do MinC e formulador do programa Cultura Viva - Pontos de Cultura), Afonso Luz (Gerente de Políticas Culturais do MinC), Guilherme Varella (advogado do Idec – Instituto de Defesa do Consumidor e Produtor Culural) e Eleonora Rigotti, do CUCA.

Célio fez sua fala inicial contextualizando o Programa Cultura Viva e os Pontos de Cultura, que são, segundo ele, uma mudança de paradigmas culturais, do "em si" ao "para si". Toda sua trajetória como gestor do Ministério serviu de base para que ele elencasse vários pontos acerca do tema central. Para Célio, a cultura une três dimensões: ética, estética e economia. Mas alerta que é preciso cuidado, pois a mesma cultura que emancipa, também pode escravizar. Finalizou então dizendo que é cada vez mais necessário uma culturalização da política e uma politização da cultura.

Em sua fala, Afonso não pôde deixar de lembrar os tempos que ainda militava no Movimento Estudantil e a importância desse espaço de discussão entre os estudantes. Reafirmou a responsabilidade do Estado com a UNE, que teve sua sede incendiada na época da Ditadura, e agora receberá o ressarcimento estatal para reconstrução da casa dos estudantes na Praia do Flamengo, 132. A importância desse reconhecimento à entidade, num momento em que a sociedade brasileira encontra-se tão polarizada, foi ressaltado. Um dos principais pontos levantados por ele foi a radicalização promovida no Ministério, iniciada por Gilberto Gil e agora levada a frente pelo Ministro Juca Ferreira, de lançamento de Editais Públicos para subsídio financeiro às inciativas culturais Brasil afora.

Já Guilherme Varella, apontou para a necessidade de realização do conceito de cidadania cultural. Falando especificamente sobre as implicações entre Direito Autoral e Cultura, ele explicou que a obra cultural é resultado de todas as relações sociais estabelecidas na sociedade e precisa ter, necessariamente, sua função pública resguardada. Ressaltou também o papel que a UNE e o CUCA vem cumprindo ao longo da jornada pela Reforma da Lei dos Direitos Autorais e a importância de um espaço de discussão entre os estudantes sobre as implicações dessa reforma tanto para a Educação quanto para a Cultura.

Foram abertas falas aos presentes, que puderam, além de colocar suas opiniões acerca do tema, também encaminhar propostas como a criação da Lei Cultura Viva (tornando o programa uma política de Estado) e de uma Nova Lei de Fomento à Cultura (atualmente conhecida como "Lei Rouanet"), e a discussão em torno da revisão da Lei do Direito Autoral.
Estes e outros encaminhamentos aprovados na Plenária Final do 58°Coneg, realizado no domingo, comporão o "Projeto Brasil", com o objetivo de atualizar a opinião da UNE sobre temas como Educação, Desenvolvimento Econômico e Social, Cultura, Esportes, Saúde, Comunicação, Meio-Ambiente, Democracia, entre outros, e apresentar à sociedade brasileira a opinião dos estudantes. O Projeto Brasil irá subsidiar o debate de idéias do segundo semestre de 2010, ano de eleições presidenciais, e será entregue a todos os candidatos a presidência do país.


Eleonora Rigotti, do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cuqueiros e Pós Graduandos discutem a Reforma da Lei do Direito Autoral

No último fim de semana, entre 15 e 18 de abril, a Universidade Federal do Rio de Janeiro recebeu o XXII Congresso Nacional de Pós Graduandos, promovido pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).

A média de participantes dos congressos anteriores, cerca de 100 pessoas, foi superada nesta edição do encontro, que contou com a participação de quase 600 pessoas - dos quais 322 delegados e delegadas e mais de 100 expositores na mostra científica. Além destes, muitos estudantes participaram como observadores e as mesas somaram ao menos 15 palestrantes.

Estes números revelam a força do Congresso que aprovou a reformulação do Estatuto da entidade e elegeu uma nova diretoria, com 31 membros. A nova presidente da entidade, Elisangela Lizardo, é mestranda em Educação pela PUC-SP e ex-tesoureira da ANPG.
Para o ex-presidente da Associação, Hugo Valadares, o crescimento da mobilização tem a ver com uma “maior inserção da ANPG nas universidades e também o crescimento de suas relações institucionais”.


Na tarde de sábado foram realizados grupos de trabalho simultâneos que discutiram
o Estatuto da ANPG; os avanços, perspectivas e direitos do movimento nacional de Pós-Graduandos; a construção de um projeto de lei ligado à categoria; o papel do pós-graduandos da saúde no desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil e a Reforma da Lei dos Direitos Autorais (LDA) e seus impactos na educação.

Promovido em parceria com o CUCA da UNE, o debate sobre a LDA contou com a participação do professor Bruno Lewicki (UERJ) e buscou a aproximação dos pós-graduandos e jovens cientistas com o coletivo.
Na ocasião, foi elaborada uma moção de apoio à reforma da atual lei 9610/98 (que deve entrar em fase de consulta pública ainda neste mês), aprovada por mais de 300 delegados presentes à Plenária Final do Congresso.

Para Fellipe Redó, Diretor de Cultura da UNE e Coordenador-Geral do CUCA, "a atividade foi de extremo valor. Pretendemos ter uma atuação forte e qualificada durante o processo da consulta pública, e para isso, o debate com os estudantes é de extrema importância.Contar com as contribuições dos pós-graduandos neste momento é fundamental para o CUCA. Estou certo de que essa parceria renderá muitos frutos".

Mais informações sobre a Reforma da Lei dos Direitos Autorais:http://www.reformadireitoautoral.org/


Moção de apoio

Apelo pela Reforma da Lei 9610/98 

Os delegados presentes ao XXII Congresso Nacional de Pós-Graduandos, realizado entre os dias 15 e 18 de abril de 2010, na cidade do Rio de Janeiro, vêm a público manifestar seu apoio a uma real reforma da Lei de Direitos Autorais (9610/98) em vigor no país.

Esta lei está caracterizada por um descompasso com a realidade. Entre outras razões, por não conter nenhum dispositivo que contemple as novas possibilidades surgidas com as inovações tecnológicas e com o uso cada vez mais expandido e cotidiano da internet. No campo da educação está entre as normas mais rígidas do mundo e apresenta restrições ao pleno desenvolvimento dos processos educativos.

Na busca por garantir o acesso pleno ao conhecimento, a democratização da cultura no país e um real equilíbrio entre o direito do autor e o interesse público, os delegados entendem que a proposta de reforma da atual legislação (em breve em fase de Consulta Pública) deve contemplar:

·        os novos usos de obras possibilitados pelas novas tecnologias;

·        a permissão plena do uso das obras para fins educacionais e científicos;

·        a reprodução das obras para fins de proteção do patrimônio cultural;

·        mecanismos que garantam a expansão do acervo em domínio público;

·         garantias reais de proteção aos autores, na sua relação com os intermediários culturais  

Por essas e outras razões, os delegados presentes ao XXII Congresso Nacional de Pós-Graduandos apelam pela reforma da Lei dos Direitos Autorais, em nome da garantia da difusão do conhecimento, muitas vezes produzido dentro das Universidades e com incentivos públicos.  

Rio de Janeiro,18 de abril de 2010.

XXII Congresso Nacional de Pós-Graduandos

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Rádio Software Livre

música e tecnologia que transformam


A partir de hoje o Blog do CUCA está transmitindo a rádio Software Livre. A rádio é uma iniciativa da Associação Software Livre e possui um amplo repertório de músicas de produtores independentes e disponibilizadas em creative commons. Seu foco é em bandas brasileiras de todas as regiões do país e conta também com notícias sobre o mundo do software livre.
A rádio também conta com programação dos pontos de cultura e é mantida pelo Pontão de Cultura Minuano, de Porto Alegre e parceiro do CUCA na iniciativa do programa CATAVENTO.

Parceria
A união do CUCA com o Pontão de Cultura Minuano é o início de uma nova fase da circulação do conteúdo produzido pelo CUCA. Nosso objetivo é promover a comunicação do CUCA em plataforma livre, o que se concretizará com a execução do programa catavento.

Tuxaua
Porto Alegre integra o calendário de ações dos projetos Caleidoscópio e Caio na Rede, ambos contemplados pelo edital Tuxaua, do Ministério da Cultura. O Caleidoscópio está baseado em experiências de comunicação com a rede do CUCA e com pontos de cultura que promovem as mídias radicais de caráter contra-hegemônico.

Catavento
O programa CATAVENTO é uma realização do Instituto CUCA da UNE, em parceria com o Instituto Via BR e o Pontão de Cultura Minuano. Esse programa concorre ao edital Pontos de Mídia Livre e constitui o projeto de comunicação do Instituto CUCA. O CATAVENTO está disponível no blog do Caio na Rede, um espaço que promove a circulação de projetos construídos por produtores independentes e que se identificam com o programa Pontos de Cultura.

Confira programação da II Bienal UEE - RJ


PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira 23/04

18h 30 min Abertura: 2ª Bienal de Cultura da UEE-RJ grafite c/ Arteefeito
Sete por Meia Duzia


19h 30min Destemido Walace

20h 30min Na Sala do Sino

22h Manacá

23h Lançamento da VII Bienal de Cultura da UNE

1h Udi e a Geral

2h 30 Machintal

3h 30min Imperial Sound System

5h DJ Natan

6h30min Mauricio Lage

Sábado 24/04

17hs Debate: “Juventude e Diversidade”
Igor Bruno
MC Leonardo
DJ Saddam


19hs 7º Opalão Freestyle Contest e também:
MC Marechal
DJ Juan
DJ Pachú
Marcelinho M.G.

21h Black Alien

23h Rimarx

0h30min Marcelo D2

2h30min Playmobille

4h Banda Columbia Cofee
Cretina + Los Tchachos

5h30min Dj fabiano sales

6h 30min Dj Jeff

Intervenções de teatro, artes vizuais e curtas nos interva-los


terça-feira, 13 de abril de 2010

Quarta estação


Jorjão é a atração desta quarta-feira às 20 h, no projeto “Quarta Estação” no Ponto de Cultura Nos Trilhos do Teatro, localizado na antiga estação ferroviária no cruzamento das avenidas Miguel Rosa com Frei Serafim.

Cantor e compositor, Jorjão estará acompanhado da intérprete Darlene, que já lançou um CD demo; e também dos amigos e músicos James Brito e Cabeção. Na bagagem o show trará muita MPB e músicas de autoria de Jorjão e outros compositores piauienses. Jorjão já foi vencedor de duas edições do Festival de Música do Servidor Público Estadual, como melhor intérprete.

Na ocasião Jorjão presenteará o público com o lançamento de duas músicas, “Otim” e “Sim” além do pré-lançamento de seu DVD. Jorjão é um claro exemplo da força que a música é capaz de exercer sobre o ser humano, modificando a rota de sua vida e estabelecendo novos parâmetros de referência para todos os valores pré-estabelecidos pela sociedade atual.

Hoje, com 12 anos de carreira, Jorjão experimenta os resultados de sua trajetória musical. Hoje Jorjão é parte do universo artístico do Piauí. Respeitado, tem suas músicas cantadas por outras vozes expressivas da música local. Chegou a hora de romper barreiras. Que seja bem-vindo o merecido sucesso. Ouça Jorjão e entenda tudo o que acabamos de escrever.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A importância do xerox na vida universitária

Se é verdade que uma Universidade se faz com alunos e professores, também é verdade que todo estabelecimento de ensino possui hoje um serviço de xerox. Grandes, pequenos, uns menos informatizados, outros mais. Fato é que a maioria esmagadora dos professores disponibiliza material em suas respectivas pastas e os estudantes, fotocopiam! Em grande escala.

Segundo estudo (disponível em http://www.gpopai.usp.br/relatoriolivros.pdf) do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai–USP), 1/3 da bibliografia básica obrigatória de 10 cursos da Universidade de São Paulo (USP) estão esgotados. Os dados mostram claramente que a compra dos livros utilizados na Universidade (em oposição à cópia reprográfica de capítulos) não está ao alcance dos estudantes. Em todos os cursos, para mais de 3/4 dos estudantes, os custos anuais para a compra de livros está muito próximo da totalidade da renda familiar mensal ou mesmo a ultrapassa.


A realidade atual, de livros esgotados, bibliotecas com poucos (e às vezes nenhum) exemplares e condições sócio-econômicas não compatíveis com os gastos, faz com que os estudantes sejam impelidos a xerocar as obras. Entretanto, essa prática, apesar de difundida e fundamental para a vida acadêmica atual, não é tão tranquila quanto parece. Os xerox vem sofrendo, desde 2004, uma intensiva fiscalização da ABDR (Associação Brasileira de Direitos Reprográficos) e muitos foram fechados. Em cinco estados brasileiros - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul - universidades e diretórios acadêmicos (que muitas vezes abrigam os xerox em suas instalações) foram processados pela realização de fotocópias. Até agora, 18 instituições foram acionadas na Justiça. A atual Lei de Direitos Autorais (9610/98) permite a reprodução de "pequenos trechos" das obras, sem definir porcentagens. Para a ABDR, estariam liberadas no máximo três páginas.


Na ausência de interpretação clara do Judiciário, adicionada à insegurança jurídica causada pelo vago termo da Lei, bem como da necessidade urgente de alunos terem acesso a material para estudo, no final de 2005 a FGV baixou uma Resolução idêntica à já emitida pela USP e pela PUC e que interpreta o termo “pequenos trechos”. O Conselho Universitário da USP aprovou resolução para regulamentar a xerox de livros e de revistas científicas, segundo a norma, "serão liberadas as cópias de pequenos trechos dos livros para uso privado do copista [aluno], sem visar o lucro”. Na prática, está liberada a cópia de um capítulo de livro ou de um trabalho científico em revistas especializadas, disse o professor encarregado do parecer, Walter Colli. "A USP não quer cometer ilegalidade, mas também não quer impedir as formas clássicas de ensino", disse.
As infinitas possibilidades de interpretação da lei prejudicam os estudantes, que não têm outra saída a não ser xerocar as obras para estudar. O que é pequeno trecho de um livro de Medicina? Ou de História? Ao mesmo tempo, o que é pequeno trecho de um poema? Uma linha?


A interpretação é subjetiva, e o que parece central é compreender o acesso democrático ao conhecimento como fundamental para o processo educativo, dentro e fora dos ambientes educacionais. Os direitos autorais devem ser respeitados, sim, como expressos na Constituição Federal e na Declaração dos Direitos Humanos, mas também cabe-nos diferenciar o direito dos autores do direito das editoras. O interesse público do privado. Cercear a reprodução de obras já esgotadas, impor preços não condizentes com a realidade econômica do país e criminalizar estudantes e professores pela tentativa de distribuir e compartilhar conhecimento não são atitudes condizentes com uma perspectiva de democratização da Educação. O setor editorial é muito beneficiado por recursos públicos, por meio de imunidade de tributos e não incidência de contribuições, pelo financiamento direto na produção de conteúdos (com o pagamento de cientistas ou bolsistas em regime de dedicação integral), pelo financiamento de editoras universitárias públicas. Se faz necessário portanto uma contrapartida para a sociedade que o financia.



Cabe ao poder público garantir a contrapartida para a sociedade, através de meios legais, cada vez mais claros e coerentes com a realidade. O processo de Reforma da atual Lei dos Direitos Autorais (9610/98), que deve entrar em fase de consulta pública ainda este mês, é uma oportunidade para que as mudanças necessárias sejam colocadas, de forma a garantir que as demandas da sociedade sejam ouvidas. A livre reprodução das obras, sem restrições de tamanho, autor ou editor, para fins educacionais, deve ser conquistada e garantida nesse processo.




A construção de uma sociedade mais justa e fraterna passa pela garantia do acesso e da difusão dos conhecimentos didáticos e científicos, pelo reconhecimento da Educação como um direito de todos e dever do Estado e do entendimento da Cultura como elemento transversal nesse processo.


Eleonora Rigotti

Estudante de Gestão de Políticas Públicas da USP

Centro e Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE

sábado, 3 de abril de 2010

Cuqueiros discutem a 7º Bienal da UNE

Entre os dias 25 e 31 de março a Teia 2010: Tambores Digitais, reuniu em Fortaleza representantes de Pontos de Cultura e de outras ações do Programa Cultura Viva em torno de debates e mostras artísticas, trocando experiências entre suas ações e pensando diretrizes para a política cultural do país.
Entre as principais propostas saídas do III Fórum Nacional dos Pontos de Cultura, se destacam a continuidade do Programa Cultura Viva e a revisão do marco regulatório para a cultura.

Na ocasião também foi eleita a nova Coordenação Nacional dos Pontos de Cultura, com representantes dos Estados e dos segmentos. Entre eles, fazem parte da nova Coordenação os cuqueiros Fellipe Redó (diretor de Cultura da UNE e coordenador do CUCA) pelo segmento Estudantes e Thaís Nascimento (CUCA SP) como suplente; Fábio Kossmann (CUCA-RS) no segmento Juventude; Leandro Nery (CUCA-MT) pelo Mato Grosso; Rodrigo Bico (CUCA-RN) pelo Rio Grande do Norte; e Matheus Guimarães (CUCA-DF) como suplente pelo Distrito Federal.

Para além da Teia, se reuniram também em Fortaleza cuqueiros de todo o Brasil para o Seminário do CUCA com o objetivo de pensar a 7º Bienal da UNE. A cidade será sede do evento que em janeiro de 2011 espera receber cerca de 10 mil estudantes de todo o Brasil para os debates, oficinas, mostras artísticas e apresentações culturais.

O Seminário do CUCA começou na quinta-feira (01/04) com a reunião das comissões da coordenação nacional, que fez uma avaliação da atuação do CUCA e planejou ações para o ano de 2010.
Na parte da tarde, Luiz Parras e Alexandre Santini, cuqueiros de longa data, falaram um pouco sobre a criação do CUCA e sua inserção nas Bienais. Parras conta que o CUCA nasceu da preocupação de se garantir que a pauta da cultura tivesse uma inserção no cotidiano estudantil, a partir de uma ação continuada das Bienais. Com a criação do Programa Cultura Viva, o CUCA tem sua atuação ampliada, entrando para a rede de Pontos de Cultura com 10 projetos selecionados. No 10º Seminário do CUCA, a criação do Instituto é enxergada como uma possibilidade de dar mais autonomia para as ações do coletivo, garantindo uma identidade para além do movimento estudantil.
Em seguida, Santini faz uma reflexão do papel do CUCA na Bienal e aponta que “a Bienal continua sendo um evento e o CUCA um processo”. Nessa perspectiva, sugere que a questão das “novas tecnologias”, um dos temas a serem abordados nesta Bienal, se dê mais no plano concreto que no teórico, com a transmissão das atividades por streaming e disponibilização de internet wi fi em toda a área do evento, por exemplo.





Na sexta-feira, os cuqueiros contaram com a presença do historiador da USP Julio Veloso e o professor de cinema da Unifor Valdo Siqueira para debater o tema da 7º Bienal da UNE. Pensando a identidade brasileira em novas tecnologias, a proposta é abordar o papel da cultura no contexto atual, observando a multiplicidade de expressões culturais e retomando os conceitos de antropofagia e hibridismo. Entre os principais questionamentos levantados, estão os diferentes imaginários criados em torno do “sertão”, as possibilidades criativas das novas tecnologias e o seu papel dentro de um projeto de desenvolvimento para o país. (Veja o debate na íntegra em www.twitter.com/cucadaune).

Cuqueiros se despedem da cidade com a tarefa de levar a discussão da 7º Bienal para seus estados. A proposta é realizar seminários dos CUCAs locais no primeiro semestre e, em seguida, pré-bienais das regiões. A 7º Bienal da UNE será lançada no Conselho Nacional de Entidades Gerais - CONEG, a ser realizada entre 22 e 25 de abril no Rio de Janeiro.






















Por @alinecarvalho