domingo, 8 de março de 2009

Quando o aborto é mais grave que o estupro!

O caso está na boca do povo, em todos os meios de comunicação e chocou o mundo pela monstruosidade cometida contra uma criança de apenas 9 anos e pela postura que a Igreja Católica tomou diante do fato.

A criança – que fora estuprada pelo padrasto desde os 6 anos de idade, conforme o mesmo confessou após a descoberta de que a menina estava grávida de gêmeos – foi submetida à interrupção da gravidez. O procedimento realizado na menina está entre os permiti
dos pela legislação que trata do tema, já que no Brasil, o aborto é legal em casos de estupro e risco de morte para a mãe.

Diante da Sagrada Igreja, os pecadores dessa história são a mãe e os médicos. Eles, que promoveram a morte de um ser humano, mereceram a excomunhão da Igreja. O pai cometeu um delito. E a menina? Essa ‘alma’ perante a Igreja tem valor menor, não importa o que já se passou com ela e o que poderia
 se passar caso se mantivesse a gravidez.

A sociedade brasileira não pode mais se calar diante da hipocrisia de uma instituição caduca e irresponsável como a Igreja Católica. A declaração do arcebispo de Olinda e Recife é um desrespeito às mulheres, às crianças e pior, é uma palavra de incentivo aos criminosos, aos estupradores.
Como uma pessoa pode dizer que o aborto é algo mais grave que o estupro, qualquer estupro que seja, nesse caso, mais grave porque foi feito contra uma criança indefesa? Que perversidade representa essa Igreja, uma instituição machista, que mandava às mulheres para a fogueira, pelo simples fato de serem mulheres independentes em seus tempos?

Onde estão os defensores da vida nesse momento? 
Aqueles que querem promover uma nova Inquisição, uma nova caça às bruxas contra as mulheres que exercem o legítimo direito de decidir sobre suas vidas e seus corpos? Os que querem comandar uma CPI do aborto na Câmara dos Deputados para condenar as mulheres? Eles estão de que lado nesse caso? Do lado do estuprador? E a vida da menina de 9 anos, não importa?

É o triste resgate do famigerado bordão “Estupra mas não mata”.

O Brasil e a sociedade brasileira não podem mais estar coniventes com esse tipo de postura. É hora de tratarmos dessa questão como um problema social e não religioso, uma questão de saúde pública, de dever do Estado em dar assistência médica às mulheres que tomarem a difícil decisão de interromper uma gravidez.

Quanto a excomunhão, sentimo-nos - todos os que lutam pelos direitos das mulheres -, excomungados com muito orgulho.

Autor: Renata Mielli

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