Marcha da Maconha!
O último ano, a exploração da mídia e medidas judiciais repressivas colocou a Marcha da Maconha em evidência no cenário nacional. Embora a mídia conservadora não aprofunde o debate da legalização da maconha e as medidas judiciais tenham tido o objetivo de reprimir a livre organização da Marcha, existe hoje um sentimento que o movimento tem crescido e pautado importantes debates Brasil afora.
Recentemente o ex-presidente FHC, em conjunto com César Gaviria (ex-presidente da Colômbia) e Ernesto Zedillo (ex-presidente do México), através da Comissão Latino-Americana de Drogas e Democracia, publicou um artigo defendendo a legalização da maconha para uso pessoal.
Gostaria aqui de levantar algumas questões sobre o posicionamento de FHC. Mas antes é necessário mais uma vez criticar o papel que a mídia jogou neste episódio. FHC foi rotulado como um dos pioneiros no debate da legalização da maconha, ignorando toda construção social que a Marcha da Maconha, entre outros coletivos do gênero, acumularam no ultimo período. Se hoje o debate está na pauta nacional, quem menos contribuiu para isso foi o ex-presidente, diferente do que a maioria dos meios de comunicação tenta colocar na cabeça dos brasileiros.
Durante sua gestão de oito anos FHC fez muito pouco pela causa. O SUS (Sistema ùnico de Saúde) nunca apresentou uma política real de redução de danos e de recuperação de viciados em todos os tipos de drogas. A relação de FHC com os movimentos sociais, hoje pioneiros no debate da legalização da maconha, sempre foi péssima. No caso da UNE, a entidade nunca foi recebida pelo ex-presidente e ainda sofreu duros golpes como o PL (Projeto de Lei) das carteirinhas.
Por fim, a política que o partido do ex-presidente implementa na ultima década vai em total desacordo com a bandeira da legalização da maconha. O Brasil, enquanto dirigido pelo PSDB, sempre cumpriu um papel de capacho das potências mundiais, refletindo o debate reacionário imposto pelos EUA e pela ONU, principalmente desencadeando políticas repressivas de controle do tráfico, focando a ação do Estado sobre o usuário.
Prova disso é a criação da 1ª Secretaria Municipal Anti-Drogas de Curitiba, uma das principais "grandes ações da prefeitura", defendida durante campanha do tucano Beto Richa a prefeitura da capital paranaense. O governo de Goiás, quando dirigido pelos tucanos, matou mais jovens do que durante toda a ditadura militar através da polícia de elite que tinha como principal tarefa combater o tráfico e promover a segurança social.
Mais uma vez, FHC distorce a realidade e resume o debate da legalização da maconha somente sobre o foco da liberdade individual do usuário. Deixa de lado todo acúmulo que comprova que a maconha foi taxada como ilegal em nosso país por conta da pressão econômica imposta pelos EUA no começo do século 20 (leia-se indústria do algodão, álcool e farmacêutica principalmente), e pela perseguição a ritos culturais e religiosos onde se fazia o consumo da maconha, por conta da pressão da Igreja Católica.
Submeter o debate da legalização da maconha somente sobre a liberdade individual do usuário, deixando de lado debates como a da produçãoe a da comecialização da maconha, é recuar sobre o que já acumulamos na luta pela legalização da cannabis sativa.
Diversos movimentos sociais e partidos de esquerda aprovaram resoluções sobre a legalização da maconha levando em consideração o acúmulo que movimentos como a Marcha Mundial da Maconha produziu no ultimo período.
Chegou à hora de mostrar que a luta se constrói na prática. Confira a agenda de mobilizações da Marcha da Maconha, pegue sua bandeira, sua faixa e ocupe as ruas das principais capitais do país para defender a liberdade de expressão e a legalização da maconha. Libertem as plantas!
Estudantenet
fonte : Portal Vermelho