segunda-feira, 20 de abril de 2009

FIEL

Fé, amor e entusiasmo que transcendem o limite da razão. Esse é o principal elemento narrativo de Fiel, documentário que retrata a queda do Corinthians para a Série B e sua posterior ascensão à Série A do Campeonato Brasileiro. O filme não tem narrador, e a história é contada pelos torcedores, na primeira pessoa. Os primeiros relatos se referem aos jogos que antecederam a fatídica partida realizada em 2 de dezembro de 2007, que decretou a queda do time.

A dor do rebaixamento e o sentimento de esperança são dois dos elementos mais explorados pelo filme. "Percebi que esse momento de dor é o mesmo vivido por milhares de personagens de livros e filmes", explica Marcelo Rubens Paiva, um dos roteiristas do filme, ao lado de Serginho Groisman. A direção ficou a cargo de Andrea Pasquini, de Os Melhores Anos de Nossas Vidas e Sempre no meu Coração, e conta com produção musical do compositor Carlos Rennó. Todos são corintianos assumidos.


     
Segundo Andrea, rodar o filme a fez ter certeza de que o Corinthians representa mais do que o próprio futebol. Transcende o esporte. Todavia, promover uma ode ao sofrimento e à paixão da torcida não era exatamente a intenção inicial de todos os envolvidos no filme. "Minha primeira ideia era realizar algo bem jornalístico, repleto de informação, mas a reação e os testemunhos da torcida me emocionaram", explica Paiva.
    


Identificação


     
Serginho Groisman ressalta que o objetivo do documentário não é meramente elencar uma série de episódios inusitados e "loucuras" dos torcedores para ver o time do coração. "Não tem nada que eu já não tenha feito pelo Corinthians. Quem é corintiano sabe que fazer uma loucura ou outra pelo time é comum", diz.


     
Fiel apresenta uma colagem de depoimentos que vão além do âmbito esportivo e mostra um mosaico de histórias vividas por torcedores anônimos. Datas que ficaram na memória e lembranças de familiares que já se foram se confundem com a memória afetiva em torno do time.


     
Além do apelo sentimental, o longa apresenta uma estrutura sóbria, que não abusa de elementos emocionais. Na primeira parte, a câmera registra, em planos simples, o relato de torcedores de diversos níveis sociais e econômicos de maneira direta. Recursos sonoros são usados com parcimônia para salientar um ou outro momento.


     
A boa campanha do time da Série B divide espaço com depoimentos de jogadores como Dentinho, Douglas, Lulinha e Felipe, que prepara terreno para o momento da redenção no jogo contra o Ceará --vencido por 2 a 0 pelo Corinthians em 25 de outubro de 2008. Nele, o time alvinegro conquistou o acesso de volta à elite do Campeonato Brasileiro, em meio a uma atmosfera lírica protagonizada por sua torcida. Um filme para corintianos ou para quem quer entendê-los. O filme tem estreia prevista para 10 de abril em todo o país.

 

“Bando de loucos” ilustres

 

O lançamento do filme reuniu um verdadeiro “bando de loucos” noite da última segunda-feira (6), em um cinema de São Paulo. Na ocasião, Serginho Groisman afirmou que ser corintiano é “ter orgulho de sofrer e ter a alegria de fazer uma festa que ninguém faz”. Entusiasmado, Groisman disse acreditar que “a torcida corintiana vai fazer dos cinemas uma verdadeira arquibancada”.

 

O Rubens Paiva, disse que os corintianos se diferem dos demais torcedores por “saberem sofrer, chorar e lutar”. Segundo ele, por se tratar de um tipo de pessoa que “enfrenta a derrota, sem fugir dela”, os torcedores do clube deveriam ser objeto de um “estudo sociológico”. Questionado sobre qual a primeira lembrança que tem do clube em sua memória, o escritor descreveu com certa tristeza a derrota por 1 a 0, para o Palmeiras, na final do Campeonato Paulista de 1974: “Nós achávamos que iríamos sair da fila naquele ano”.

 

Badauí a Japinha, da banda CPM 22

 

Para Badauí, vocalista da banda CPM 22, a primeira lembrança do Corinthians remete aos seis anos de idade, em um empate contra a Portuguesa no Pacaembu. Ele, que disse que o clube é um de seus principais motivos de alegria, assegurou que ser corintiano é “um estilo de vida”. Já para o baterista da banda, Japinha, ser torcedor do clube “deixa a vida mais leve, mais intensa e, às vezes, mais sofrida também.”.

 

Apesar de relatos nostálgicos de amargura, a ocasião era claramente festiva durante o lançamento. Enquanto os torcedores famosos concediam entrevistas, um grupo com roupas da torcida organizada “Gaviões da Fiel” entoava gritos de guerra e o hino do clube para os presentes.

 

Visivelmente emocionados, os torcedores beijavam o escudo do clube a cada pose para os fotógrafos. “Para aqueles que acham que é pouco”, os fanáticos respondiam em coro: “Eu vivo por ti, Corinthians! E canto até ficar rouco!”



fonte

www.vermelho.org.br

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