terça-feira, 24 de março de 2009

levante sua bandeira!

Estamos falando da Proposta de Emenda Constitucional (PEC42/2008), que insere no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais, o termo juventude na Constituição Federal. Ao reconhecer esta parcela da população, como segmento prioritário para a elaboração de políticas públicas, como já fora feito com idosos, crianças e adolescentes, avançaremos no sentido de superarmos o binômio juventude-problema para um patamar onde a juventude seja compreendida como um grupo de sujeitos detentores de direitos.

O texto da PEC da Juventude, como ficou conhecida, indica ainda necessidade de aprovação de uma segunda matéria, um Projeto de Lei (PL) estabelecendo o Plano Nacional de Juventude. Tal plano aponta uma série de metas que deverão ser cumpridas pela União, em parceria com Estados, Municípios e organizações juvenis nos próximos 10 anos. Formado por diversas ações articuladas nas áreas de cultura, saúde, esporte, cidadania, trabalho, inclusão digital, educação, etc.

O PL 4530/2004, que trata do Plano Nacional de Juventude, já foi aprovado por uma comissão especial na Câmara dos Deputados e aguarda apenas a votação em plenário. Como o relatório foi aprovado em dezembro 2006, o Conselho Nacional de Juventude – Conjuve, está propondo sua atualização e votação ainda este ano. Para tanto necessitaremos de um esforço concentrado de parlamentares, governo federal, lideranças dos movimentos juvenis e da sociedade civil, visando a negociação de uma nova versão.

O que para muitos pode parecer uma questão organizativa e sem resultado no curtíssimo prazo, na verdade representa uma visão estratégica sem precedentes sobre este importante segmento populacional, por vezes tratado numa perspectiva de futuro, mas nunca construído como uma realidade do presente, ou até mesmo encarado de maneira imediatista e reativa aos “problemas da juventude”.

A cristalização deste tema em nossa Carta Magna, a atualização e aprovação de um Plano Nacional, estabelecendo metas para as Políticas Públicas de Juventude nos próximos 10 anos, são a melhor expressão da luta desta geração por mais direitos e, em última instância, pela efetiva democratização do Estado.

O mais importante, porém, é que para a concretização desta vitória o caminho escolhido não ficou restrito à articulação em gabinetes governamentais e parlamentares, sempre muito receptivos, diga-se de passagem. Todas as vezes que estes foram procurados, foi sempre em nome de uma ampla mobilização social dos próprios movimentos juvenis e com forte envolvimento dos mais diversos setores da sociedade civil organizada. Basta constatar os resultados da 1ª Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2008, envolvendo mais de 400 mil participantes, e que indicou a necessidade da PEC e do Plano Nacional de Juventude ente suas mais fortes prioridades.

Caminhamos para os dois últimos anos do governo Lula, que teve como mérito o ineditismo na criação de uma Política Nacional de Juventude. Não devemos, porém, nos contentar com este avanço e muito menos deixar que esta iniciativa fique circunscrita ao período de um governo, sem garantias de continuidade após 2010. Por isso, é que precisamos extrapolar os limites da luta entre ‘governo’ e ‘oposição’ e colocar este tema na agenda do projeto de país que queremos, podemos e estamos construindo como legado a esta e às próximas gerações. É chegado o momento de alçar definitivamente política de juventude à condição de política de Estado. O Brasil precisa, a juventude quer.

*Danilo Moreira é Secretário-Adjunto da Secretaria Nacional de Juventude, presidiu o Conselho Nacional de Juventude - Conjuve, em 2008 e foi Coordenador da 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude

Fonte: Portal Vermelho

ECOTROTE 2009

Mesmo com a aprovação do projeto de lei nº 1.023/95, que pune o trote violento nas instituições brasileiras de ensino superior, o país continua presenciando ações agressivas contra calouros neste começo de ano letivo. Contrária às atitudes violentas e a favor do trote como rito de passagem, a União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), em parceria com a UNE, promove, a partir desta terça-feira, 24/03, o 1º Ecotrote 2009, gincana ecológica que envolverá cinco grandes universidades de São Paulo. Filiada à UNE, a UEE-SP é a entidade estudantil que representa todos os universitários do estado de São Paulo.


Estimulando os novatos a terem uma postura solidária e pró-ativa, o 1º Ecotrote 2009 convida os estudantes da FEA-USP, Mackenzie, São Judas Tadeu, Unisa e FMU a se unirem na coleta de alimentos, agasalhos e materiais recicláveis que serão doados para ONGs. O início das atividades será marcado pela realização de uma oficina de confecção de flores de plástico feitas de garrafas PET. Ministrada por Sandro Freitas, integrante da Cooperaacs (Cooperativa Social de Trabalho e Produção de Arte Alternativa e Coleta Seletiva), o workshop acontecerá no Mackenzie, a partir das 10h da terça-feira.

Numa jornada de 40 dias de atividades para marcar o início da vida acadêmica, o 1º Ecotrote 2009 envolve, além da gincana, um ciclo de debates e uma festa de confraternização no dia 14 de maio. A expectativa é que o evento, em suas três etapas, envolva os 25.500 novos alunos das cinco universidades, além dos veteranos e toda a comunidade acadêmica.
"A nossa proposta é promover a integração respeitosa entre veteranos e calouros, buscando formas alternativas e sustentáveis de contribuir para o bem estar da sociedade. Queremos também reverter a visão contrária sobre o trote que acabou se formando no país. Primeiro, é necessário que haja a punição aos trotes violentos porque, ao invés de criar cisões, desavenças e traumas, o trote deve ser o momento de celebração para receber da melhor maneira possível o estudante na comunidade acadêmica", avalia o presidente da UEE-SP, Augusto Chagas.

Como funciona a gincana?

Do dia 24 de março até 30 de abril, cada sala de calouros das cinco universidades envolvidas poderá participar da gincana, doando alimentos, agasalhos, latinhas, garrafas PETs e garrafas PEAD (embalagens de plástico de produto de limpeza). O cadastro das equipes é feito em stands de coleta instalados em cada uma das instituições. Basta que o aluno forneça nome, CPF e e-mail no ato de entrega de um material para que sua turma comece a participar. 

A contagem dos pontos poderá ser acompanhada pelo site www.ecotrote.com.br e também nos stands, onde estarão instaladas TVs para exibir o ranking de pontos da gincana.

PARCEIROS
União Nacional dos Estudantes (UNE); Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA) da UNE; Prefeitura de São Paulo, via Secretaria do Verde e Meio Ambiente; DCEs do Mackenzie e da Unisa e CA da FEA-USP; ONG Gotas de Flor com Amor; Jetro Menezes - Consultoria Ambiental; Cooperativa de Reciclagem Crescer - Central de Triagem de Pirituba; Jetro Menezes Conultoria e Gestão Ambiental; Cooperativa Social de Trabalho e Produção de Arte Alternativa e Coleta Seletiva (Cooperaacs)

APOIO
Rádio 89 FM
VLCS

SUGESTÕES DE ENTREVISTAS
Augusto Chagas – Presidente da UEE-SP
Representante Cooperativa de Reciclagem Crescer – Jair do Amaral
Representantes DCEs

AGENDAMENTO E OUTRAS INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA
(11) 2503.1978
Maria Lutterbach – 11 8254.9120 – marialutterbach@gmail.com
Rafael Minoro – 31 9401.0828 – rafaelminoro@yahoo.com.br

sexta-feira, 20 de março de 2009

Protógenes defende investigações feitas pela Operação Satiagraha

Em entrevista ao UOL Notícias na manhã desta quinta-feira (19), o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, centro das polêmicas envolvendo a Operação Satiagraha, afirmou que é impossível fazer investigações de casos de crime organizado no Brasil sem o uso de escutas telefônicas e outras tecnologias, devido à complexidade das ações dos criminosos atualmente. Ele acusa a mídia de ter fabricado a acusação de escutas ilegais. "Isso é uma história fabricada pela mídia não sei para servir interesse de quem", disse.
.
"Eu não cometi nenhuma ação ilegal quando investiguei o banqueiro Daniel Dantas. Não pratiquei nenhum ato ilícito no processo investigativo. Isso é uma história fabricada pela mídia não sei para servir interesse de quem. Todas as escutas da Operação Satiagraha foram realizadas com autorização judicial, com fiscalização do Ministério Público Federal, inclusive até com uma auditoria. Porque essa investigação contra mim foi uma auditoria. Fizeram uma varredura em todos os autos da operação tentando encontrar algo contra mim e não se encontrou", disse Protógenes aos jornalistas Diogo Pinheiro e Rosanne D'Agostino, na sede do portal UOL, na capital paulista.
.
"É normal, é legal, é constitucional o exercício de compartilhamento de dados", diz o delegado, que também reforça a necessidade de autorização judicial para o uso deste instrumento. "É necessária e muito pelo contrário, nos auxilia [a intervenção da Justiça]. O Judiciário vai avaliar se é pertinente aquele pedido e o Ministério Público para fiscalizar essas ações", afirma o delegado.
.
"Devido à complexidade de como agem hoje as organizações criminosas no país, é impossível agir sem esse instrumento. Inclusive, o Brasil deveria se alinhar a outros países no mundo. Sem escuta não se combate o crime organizado no mundo, eu diria. E é preciso se ampliar o prazo mínimo [da autorização para escuta] de 12 meses e máximo de 24 meses", completou Protógenes.
.
Segundo o delegado, não somente a Satiagraha, como também mais de 160 operações da Polícia Federal foram compartilhadas com a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). "Isso é absolutamente normal."
.
Acusações de espionagem
.
Protógenes também comentou sobre reportagem da revista "Veja" que o acusa de ter montado uma "máquina tenebrosa de espionagem" e realizar grampos ilegais de autoridades como o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e até a vida amorosa da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef.
.
"Não é verdade, é mentira. A reportagem foi criação, uma montagem, que não merece o mínimo de credibilidade. Não reconheço nenhuma linha daquele texto como verdadeiro. Foi destinada a um fim específico, prorrogar a CPI, que já estava se encerrando, e criar um fato para o indiciamento. Não reconheço os documentos expostos na matéria", disse.
.
Após a publicação da reportagem, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Grampos na Câmara dos Deputados, presidida por Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), foi prorrogada por 60 dias. "Isso atinge a Polícia Federal", disse Protógenes: "O povo brasileiro não é mais analfabeto; ninguém é idiota mais no plano político nesse país; todo mundo sabe o que é certo e o que é errado".
.
O delegado disse também que não havia um interesse especial da Presidência da República sobre a investigação dos envolvidos na Satiagraha e que em nenhum momento usou o nome do presidente Lula ou do Palácio do Planalto durante a Satiagraha. "Eu disse que ali [na investigação] se passavam dados de competência da Abin , e que eram procedimentos normais."
.
CPI dos Grampos
.
Sobre sua estratégia diante dos questionamentos dos parlamentares, Protógenes disse que só vai "dar nomes aos bois" se for confrontado com algum documentos que parlamentares venham a apresentar.
.
"A notícia que me foi colocada é que foi afastado o sigilo do inquérito que é presidido pelo delegado Amaro [Vieira Ferreira, responsável pelo inquérito em que ele foi indiciado na Corregedoria da PF] e que esse dado tinha sido compartilhado com a CPI. Não foi me dado acesso. Não sei os dados que os excelentíssimos deputados hoje portam", afirmou.
.
O delegado disse também que só poderá dar dados concretos da investigação após a audiência na CPI. "Ainda não recebi a convocação oficial, soube pela imprensa que será no dia 1º de abril."
Possível candidatura
.
A perguntas de internautas sobre se o delegado pretende sair candidato a algum cargo político, Protógenes descartou a possibilidade. "No momento, eu não penso em ser candidato. Não tenho filiação partidária alguma e essa possibilidade até me surpreende e me deixa feliz. É o respeito que a população tem demonstrado pelo trabalho dessa autoridade policial. Mas não tenho nenhuma pretensão desse tipo."
.
Entretanto, na continuidade da resposta, sinalizou com uma mudança de posicionamento. "É de interesse da população que eu venha a seguir alguma proposta política. Há grupos no Rio de Janeiro e em São Paulo que me procuram para que eu concorra a algum cargo eletivo. Para falar a verdade, eu não tenho simpatia por cargos políticos, não. Minha simpatia é por ser delegado. Mas não posso desprezar a vontade popular. Considero com carinho e respeito."
"Banqueiro bandido"
.
Questionado sobre suas últimas afirmações, ao classificar o banqueiro Daniel Dantas, como "bandido", Protógenes disse não temer ser processado e voltou a atacar o dono do Opportunity. "Ele é um banqueiro que já foi condenado, e como condenado, é bandido. Está no Aurélio [dicionário]. Mas o Brasil não soube ainda dar uma resposta à altura a este caso, o país espera o ato final, que é o encarceramento deste indivíduo. Tem que ser feito a exemplo do que foi feito nos Estados Unidos com o megainvestidor Bernard Madoff ([nvolvido em fraude bilionária], que foi preso, condenado e saiu algemado do tribunal pela porta da frente."
.
"Já houve uma condenação, com uma sentença perfeita", alfinetou mais uma vez o delegado, referindo-se à decisão do juiz federal Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal paulista, que condenou Daniel Dantas a dez anos de prisão por supostamente ter oferecido US$ 1 milhão a um delegado, por meio de dois assessores, para se livrar da Satiagraha.
.
Na opinião de Protógenes, "o sistema processual brasileiro é um pouco atrasado. Permite que o indivíduo, acusado, condenado, percorra todas as instâncias. Precisamos de uma reformulação nas leis processuais", disse. Para ele, é interessante que só se prevaleçam de instrumentos efetivos de defesa os ricos. "Pobre, desempregado e negro está na cadeia, cumprindo pena. Há um desequilíbrio, um desrespeito à sociedade brasileira."
.
O delegado foi questionado ainda sobre a possibilidade de prisão do banqueiro Daniel Dantas. "A prisão do banqueiro condenado só ocorre realmente se a lei permitir que ele não tenha mais recurso. Isso é fato." Mas o delegado disse acreditar na Justiça brasileira.
.
"Acho que juízes brasileiros desempenham seu papel de dar boas respostas à sociedade. Mas, no caso específico de Dantas, esse processo é mais difícil e tormentoso, devido ao poder que esse indivíduo tem e ao acesso de recursos que disponibiliza."
.
Polêmica entre Gilmar Mendes e De Sanctis
.
Já sobre os dois habeas corpus concedidos a Dantas pelo presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, Protógenes disse: "Acho que a decisão do Supremo tem que ser respeitada, ainda que tenha sido permitida a sua soltura [do banqueiro] em 48 horas. É a decisão da Suprema Corte do Brasil. Agora, que a segurança jurídica é permitida só para quem tem dinheiro, é verdade", desabafou.
.
Protógenes disse ainda não temer a CPI nem uma possível prisão, além da morte. "Eu só tenho medo da desonra", disse. "E tenho medo de atentarem contra a minha família", completou. Questionado se os fins justificam os meios, Protógenes respondeu: "Não, de maneira nenhuma. Temos que fazer tudo dentro da legalidade".
.
Questionado por um internauta: "Valeu à pena?", o delegado finalizou: "Faria tudo de novo, até com mais esforço e com maior número de policiais e agentes da Abin, que muito dignificou o trabalho da Satiagraha."
.
Fonte: Vermelho.org.br com UOL

DJ Saddam: Regulamentação da profissão DJ: Como? Pra quem? por Especial Hip-Hop*

A regulamentação da profissão DJ no Brasil vem ocupando com destaque a mídia e provocando discussões acaloradas nos profissionais do toca-discos.

.
O projeto de lei 740/2007 do Senador Romeu Tuma – polítioco que realmente tem um “vínculo intrínseco com a categoria e com a cultura”- altera a Lei 6533/78 que dispõe sobre a regulamentação de Artistas e de Técnicos em Espetáculo de Diversões. O projeto já começa mal, pois coloca o DJ como profissional técnico, retirando o artístico da profissão, que há tempos vem ocupando lugar de destaque no cenário musical, com profissionais de ponta como Marky, Patife, Anderson Noise e Marlboro conquistando mercado em outras praças. Vários festivais são realizados, reunindo milhares de pessoas, onde os Djs são as únicas atrações. Nestes espetáculos, os técnicos: sonoplastas, iluminadores, contra-regras e outros, trabalham em função do DJ que está no palco e é o artista.
.
Muitos abraçam este projeto de lei como fosse o “ovo do Colombo”, a “salvação da lavoura” pois finalmente reconhece legalmente a profissão DJ. Isso é defendido principalmente pelos mais antigos que sonham se aposentar como tal. Mas a lei, na verdade, não atende a maior parte da categoria que é de autônomos. Prevê como carga máxima horária diária 6 horas, quando na verdade, qualquer profissional do ramo sabe que isso é extremamente desgastante para o DJ e, ao mesmo tempo, pode influenciar a dispensa de Djs por proprietários de casas noturnas, uma vez que já que a carga máxima é de 6 horas, um único DJ pode muito bem conduzir sozinho uma festa, recebendo o mesmo cachê mixuruca que é praticado na maioria dos lugares.
.
A categoria dos Djs tem uma peculiaridade: como é composta em sua maioria por autônomos, fica mais difícil um convívio maior com outros profissionais do ramo e torna o mercado cada vez mais cruel, com a competição forte e muitas vezes desleal. Ao contrário de outras categorias em que aquele velho antagonismo de classes “patrão X empregado” é o que dita a une, no ramo dos toca-discos, na maioria das vezes o grande vilão dos Djs é o próprio colega de cabine de som, que tenta de todas as formas queimar o trabalho do outro, cobra mais barato pra tirar o serviço do colega, fala que contrato é coisa de estrela, entre outras pérolas do mau-caratismo.
.
Há mais ou menos 4 anos atrás, convoquei uma reunião para o Teatro Casa Grande, no Leblon, que havia sofrido um incêndio, com o objetivo de fundar uma Associação dos Djs profissionais. Compareceram mais de 30 pessoas, entre elas vários “top Djs” como Marlboro, Roger Lyra e Marcelinho Da Lua, entre outros. Este encontro foi noticiado pela grande imprensa, que me colocava como líder do movimento. Coisa de 15 dias depois, eu bati de frente com a direção de uma grande casa noturna da Baixada Fluminense, quando me recusei a dar exclusividade à casa naquela região ( eu só tocava lá aos domingos e os donos não queriam que eu tocasse em outras casas por lá). Convoquei os outros Djs a fazerem o mesmo, pois a casa não teria como mandar todo mundo embora e o momento era bom, pois estávamos nos organizando. Resultado: fui o único a bater de frente e, por conseguinte, o único a perder o trabalho.
.
Há um tempo rolaram reuniões para tratar deste projeto do Tuma. Mas, quando recebi o convite para a primeira reunião e vi que estava marcada para a sede do PMDB do Rio, desisti de ir na hora. Não é hipocrisia. É público que sou militante do Partido Comunista do Brasil, mas acho profundamente temerário, que seja marcado este tipo reunião de organização profissional em sede de partido político. Quando li o projeto de lei e vi que era ruim, conclui que era perda de tempo. Depois de conversar com alguns músicos importantes como o cantor e compositor Tibério Gaspar e o Maestro Silvio Barbato, percebi que eles tinham simpatia na tese dos Djs serem regulamentados pela Ordem dos Músicos do Brasil como uma categoria especial de músico-praticante. Isso teria uma série de vontade, pois não dependeria da aprovação de lei específica e sim de um aditivo ao estatuto da OMB, como também elevaria o DJ à condição de artista da música, que é o que ele realmente é. Vários colegas viram com simpatia esta tese. Mas quando a apresentei à comunidade dos Djs do Rio no orkut, o pessoal da ADJ-RJ – que é uma associação que representa pequena parcela da classe – veio descendo o pau, dizendo que eu não tinha participado da discussão (aquela que começou na sede do PMDB) e que tinha que ter um sindicato próprio da categoria.
.
Aí, verificando o tal projeto do Tuma, percebi que após a regulamentação, os Djs para obterem seus registros profissionais junto ao Ministério do Trabalho, deveriam ter diploma expedido por curso registrado no MEC (o que não existe) ou autorizado pelo sindicato. Aqueles que já fossem atuantes e, portanto garantidos pelo direito adquirido, deveriam ir ao sindicato para retirar a sua carta de apresentação. Aí caiu a ficha: se o interesse fosse tão somente na regulamentação, a hipótese da OMB seria abraçada com louvor. Mas como existe o interesse na formação do sindicato e na consequente arrecadação na emissão das cartas e nas autorização dos cursos, a regulamentação, por pior que o projeto do Tuma a apresente, tornou-se algo interessante.
.
No fim de fevereiro, eu e o maestro Sílvio Barbato participamos de um painel do evento Rio Music Conference, que reuniu Djs na Marina da Glória aqui no Rio. Apesar do tempo curto do debate, foi o suficiente para a tese da OMB passar a ser ventilada.
.
Vejam: eu sou favorável à regulamentação, mas não da forma que está sendo proposta. A grande coisa deste movimento é a possibilidade de se abrir uma discussão ampliada em um fórum nacional, para que se discuta a melhor forma da regulamentação, seja pela OMB ou por sindicato próprio, mas não da forma que está sendo proposta, pois desvaloriza o DJ o retirando da condição de artista. Faço questão de afirmar isto, pois está rolando um maniqueísmo barato no sentido de quem é contra o projeto do jeito que está é contra a regulamentação. Vamos avançar no debate e construir uma proposta concreta e objetiva para a regulamentação e, principalmente a valorização da profissão DJ.
.
DJ Saddam – Produtor cultural e membro da Nação Hip Hop – RJ e do Opalão76 Hip Hop Crew. Coluna originalmente publicada no site Bocada Forte.
.
*Especial Hip-Hop, Espaço para convidados especiais do Hip-Hop a lápis.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Fórum Social da Juventude?

O Fórum Social da Juventude é um evento jovem\cultural\social, que pretende resgatar as reflexões, organização, experiências, formas de debates e ações de transformação social e cultural construídas no Acampamento da Juventude do FSM.
.
O Fórum Social da Juventude tem como objetivo mobilizar os estudantes, jovens, movimentos sociais, movimentos culturais, acadêmicos, movimentos sindicais e ONGs de SC, da região Sul (RS, PR e SC), do Brasil, países do Mercosul e regiões do planeta, para integrar as pessoas participantes, permitir que possam voltar a sonhar e construir “Um Outro Mundo Possível”.
.
A intenção é estabelecer novas práticas entre a juventude e sociedade, além de subsidiar o debate sobre a necessidade de ações conjuntas para enfrentar toda e qualquer forma de discriminação ou exploração social no Mercosul e Planeta.
.
O projeto geral é uma fusão da proposta de realização do Acampamento da Juventude com os Eixos Temáticos e de debates do FSM, valorizando as atividades culturais, realizando palestras, seminários, debates públicos sobre temas de interesse do público jovem do Brasil, Mercosul e Planeta.
.
OBS: A experiência reconhecida do Acampamento da Juventude foi realizada no período de 2001 (10 mil participantes), 2002 (20 mil participantes), 2003 (25 mil participantes) e 2005 (mais de 30 mil pessoas), em Porto Alegre, integrando a programação oficial do Fórum Social Mundial, e Belém do Pará em 2009 (mais de 15 mil pessoas). SAIBA MAIS! Os Comitês Estaduais de Mobilização e Divulgação do FSJ 2009 já estão em plena atividade e realizando reuniões e encontros de organização nos estados. Hoje são 13 Comitês criados e em atividades no Brasil - RS, SC, PR, SP, RJ, MG, DF, MS, BA, PE, RN, SE, AL.
.
Quem desejar participar desses Comitês pode entrar em contato por telefone diretamente com os "animadores" nos estados, ou enviar email ao Comitê Geral Executivo. Criamos uma página para divulgar as agendas de ações dos Comitês Estaduais, através dos links - Como participar FSJ, depois clicando em Agenda Comitês Brasil.
.
As ONGs do Brasil e internacinais já podem propor atividades no evento através da Programação Alternativa que está sendo construída coletivamente.
.
"BINHO Perinotto" - Fábio Riani Costa Perinotto
COMISSÃO NACIONAL dos PONTOS DE CULTURA - Gt de JUVENTUDE
COMISSÃO ESTADUAL PAULISTA dos PONTOS DE CULTURA
8poesias.blogspot.com

terça-feira, 17 de março de 2009

Rádio Perifa (89.3 FM): Aqui os manos e as minas têm voz!

A Rádio Nova Santa Marta(89.3 FM), de Santa Maria/RS é comunitária como tantas que existem. Irradia as expressões da gente humilde de uma das maiores ocupações urbanas do país. O programa Rádio Perifa, dos rappers Magrão e MC Borracha, procura ser a voz dos manos e das minas da periferia, todos os domingos, das 18 às 19h. Leia mais no www.igordefato.blogspot.com e deixe seu comentário.

CUCA Cuiabá propõem atividades para receber calouros da UFMT

Durante todo o mês de março, departamentos, centros acadêmicos e grupos estão organizando atividades de boas-vindas aos calouros da UFMT, entre eles está o Centro CUCA Cuiabá. Com oficinas, intervenções e atividades esportivas a proposta do coletivo é realizar atividades que oponham de forma criativa aos trotes violentos.
.
CUCA é o apelido de Circuito – ou Centro – Universitário de Cultura e Arte. A palavra Circuito remete à construção de uma rede e os Centros são os coletivos hoje existentes em vários estados brasileiros. O CUCA Cuiabá começou suas atividades no final de 2008 e agora articula um calendário de eventos e discussões de política cultural dentro da UFMT.
.
Vivência
As atividades propostas pelo CUCA Cuiabá tem foco na vivência acadêmica e proporcionam o encontro de estudantes em atividades interdisciplinares. De segunda até sexta-feira, o Movimento Panamby, coletivo de estudantes que participa do projeto, está realizando no Restaurante Universitário a Trocaria, uma feira onde objetos se encontram a disposição para serem trocados, o objetivo da ação é discutir a valoração dos produtos e criar um ambiente de socialização. No dia 12, às 9h30 acontece uma reunião para a criação do Fórum dos Estudantes de Origem Popular no Centro Acadêmico de Geografia; às 14h, o Ateliê - grupo de extensão de estudantes de Arquitetura e Urbanismo – realiza uma oficina de fabricação de móveis com material reciclado. Na quinta e sexta-feira, acontecem os Jogos Sedentários para a Juventude, realizado em parceria com os Centros Acadêmicos de Física, Química, Engenharia Sanitária, Matemática e Engenharia Civil no Saguão do Instituto de Ciência, Engenharia e Tecnologia (ICET).
.
De 16 a 20 de março, acontece a Pelada CUCAlouro, um campeonato de futsal que acontece nas Quadras Externas e é realizado em parceria com o Centro Acadêmico de Engenharia Sanitária. No dia 19 de março, acontecem as oficinas de Toy Art e Confecção de Máscaras Africanas e as atividades se encerram no dia 20 com o Sarau do Calouro Lunático e a presença das bandas Triêro e Vida Seca (GO), que vem à Cuiabá lançar seu 1º cd “Som de Sucata”. Todas as atividades acontecem com o apoio da Pró-reitoria de Cultura, Extensão e Vivência.
.
Mais informações: www.blogdocuca. wordpress. com
cucacuiaba@gmail. com 65 3615-8378

Boletim MinC - Regional Nordeste

MÍDIA LIVRE
Até o dia 12 de março, próxima quinta-feira, estão abertas as inscrições para o Prêmio Pontos de Mídia Livre. O edital visa premiar 60 iniciativas de comunicação compartilhada e participativa, realizadas por Pontos de Cultura e/ou instituições sem fins lucrativos e legalmente constituídas, que desenvolvam ou apoiem diretamente iniciativas com este propósito. Outras informações: (61) 3316 0656 / Ana Paula Rodrigues ou www.cultura.gov.br/.
.
ESTUDO NO SEMIÁRIDO
Nesta sexta-feira (13), na Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj (PE), a Secretária de Articulação Institucional do Mais Cultura, Silvana Meireles e a coordenadora de Ações do Programa, Mônica Monteiro, se reunem com integrantes da entidade. A fundação deve eleborar uma pesquisa de avaliação e monitoramento da ação de Microprojetos Culturais, em 2009, na região do semiárido. O encontro visa discutir como será tal estudo. Outras informações: www.mais.cultura.gov.br/ .
.
ARTES CÊNICAS
Acontece nos Centros Culturais Banco do Nordeste-Fortaleza, Cariri (em Juazeiro do Norte, região sul do Ceará) e Sousa (no alto sertão paraibano), o III Festival BNB das Artes Cênicas. O evento, realizado pelo Banco do Nordeste, vai até 31 de março e marca o Dia Mundial do Teatro (27 de março). Aberto ao público, a programação do Festival abrange um total de 227 eventos sendo realizadas doze mostras cênicas (Brasil, Nordeste, Teatro de Rua, Infantil, de Dança, Ceará, Paraíba, Cariri, Alto Sertão, Primeiro Ato, de Esquetes e de Contos), compreendendo 71 espetáculos de companhias de sete estados brasileiros : São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia). Programação e outras informações: (85) 3464.3178.

sábado, 14 de março de 2009

Cineclube CUCA Araguaia 2009 apresenta “O livro de cabeceira”

Dia 14 de março de 2009, às 19hs, na garagem da casa do Danilo (UFMT), exibição do filme “O Livro de cabeceira”.
Entrada franca.
Contamos com a presença de todos.
Renovação cultural, já!
Endereço: Rua Simião Arraia, 1077 – Centro (Próximo à Barra Chaves) Contato: 3401-3595
.
Sinopse
Em Kiotto, no Japão dos anos 70, a jovem Nagiko comemora seu aniversário com um estranho ritual. Seu pai escreve em seu rosto uma benção enquanto sua tia lê “um livro de cabeceira” escrito por Sei Shonagon, há quase mil anos. Nagiko cresce entre livros, papéis e escritas em corpos nus e essa odisséia sexual, se repete como um ritual a cada ano, mesmo com sua vida tomando rumos cada vez mais excitantes. Obrigada a aceitar um casamento arranjado, ela descobre segredos íntimos de seu pai enquanto o desejo pela escrita em seu corpo cresce a cada dia se transformando em uma verdadeira obsessão... até conhecer Jerome um tradutor inglês. Um homem bissexual que irá mudar seu destino e transformar seus desejos mais secretos em realidade!
.
Ficha técnica
Nome Original: The Pillow Book
País(es): França, Holanda, Inglaterra, Japão
Ano: 1996
Gênero: Ação
Duração: 126 minutos
Classificação: 18 Anos
Cor: Colorido
Diretor: Peter Greenaway
Roteirista: Peter Greenaway

domingo, 8 de março de 2009

Quando o aborto é mais grave que o estupro!

O caso está na boca do povo, em todos os meios de comunicação e chocou o mundo pela monstruosidade cometida contra uma criança de apenas 9 anos e pela postura que a Igreja Católica tomou diante do fato.

A criança – que fora estuprada pelo padrasto desde os 6 anos de idade, conforme o mesmo confessou após a descoberta de que a menina estava grávida de gêmeos – foi submetida à interrupção da gravidez. O procedimento realizado na menina está entre os permiti
dos pela legislação que trata do tema, já que no Brasil, o aborto é legal em casos de estupro e risco de morte para a mãe.

Diante da Sagrada Igreja, os pecadores dessa história são a mãe e os médicos. Eles, que promoveram a morte de um ser humano, mereceram a excomunhão da Igreja. O pai cometeu um delito. E a menina? Essa ‘alma’ perante a Igreja tem valor menor, não importa o que já se passou com ela e o que poderia
 se passar caso se mantivesse a gravidez.

A sociedade brasileira não pode mais se calar diante da hipocrisia de uma instituição caduca e irresponsável como a Igreja Católica. A declaração do arcebispo de Olinda e Recife é um desrespeito às mulheres, às crianças e pior, é uma palavra de incentivo aos criminosos, aos estupradores.
Como uma pessoa pode dizer que o aborto é algo mais grave que o estupro, qualquer estupro que seja, nesse caso, mais grave porque foi feito contra uma criança indefesa? Que perversidade representa essa Igreja, uma instituição machista, que mandava às mulheres para a fogueira, pelo simples fato de serem mulheres independentes em seus tempos?

Onde estão os defensores da vida nesse momento? 
Aqueles que querem promover uma nova Inquisição, uma nova caça às bruxas contra as mulheres que exercem o legítimo direito de decidir sobre suas vidas e seus corpos? Os que querem comandar uma CPI do aborto na Câmara dos Deputados para condenar as mulheres? Eles estão de que lado nesse caso? Do lado do estuprador? E a vida da menina de 9 anos, não importa?

É o triste resgate do famigerado bordão “Estupra mas não mata”.

O Brasil e a sociedade brasileira não podem mais estar coniventes com esse tipo de postura. É hora de tratarmos dessa questão como um problema social e não religioso, uma questão de saúde pública, de dever do Estado em dar assistência médica às mulheres que tomarem a difícil decisão de interromper uma gravidez.

Quanto a excomunhão, sentimo-nos - todos os que lutam pelos direitos das mulheres -, excomungados com muito orgulho.

Autor: Renata Mielli

sexta-feira, 6 de março de 2009

Buraco do Getulio apresenta :


O "Buraco" mantém sua atividade cineclubista desde julho de 2006, exibindo principalmente filmes de curtas metragens, em sessões temáticas ou não. As exibições acontecem todo 1ª sábado do mês no Espaço Cultural Sylvio Monteiro (Rua Getúlio Vargas, 51 - Centro - Nova Iguaçu). É também parte integrante da ASCINE-RJ (Associação de Cineclubes do Rio de Janeiro) e do CNC (Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros).

Clique aqui e caia no buraco!

Cine Mulher

O Ponto de Cultura MARIA MULHER, convida a todos para para participarem da campanha contra todos os tipos de violencia!

Ação Mulher

 CINEMA MEIO REAL
SALA SAYAONARA DA LUZ SANTOS

Programação Cine Mulher

Data: 10 a 14 de março - sessões diárias
Horário: 15 horas

10 de março - terça-feira: Salão do Barulho
11 de março - quarta-feira: Antonia
12 de março - quinta-feira: Alimento da Alma
13 de março - sexta-feira: Osama
14 de março - sábado- Filhas do Vento (sessão comentada)


A programação poderá sofrer alteração, caso necessário. Favor confirmar via telefone. As atividades ocorrerão às 15hs na sala de cinema Sayonara Santos em MARIA MULHER- Av. Cruzeiro do Sul, 2035 Vila Cruzeiro -Porto Alegre/RS.
As escolas poderão agendar horários. Fones: (051) 3219.0180 com Ariane ou Franciele (051) 8405.7057 Com Cristina

Cineclube Pólis

O Cineclube Pólis inicia suas atividades em 2009 com duas experiências documentais do projeto ¿Onde Está América-Latina? (OEAL). Serão exibidos dois filmes do diretor Pedro Dantas que tratam de questões, ao mesmo tempo, históricas e atuais da Bolívia e do Chile. No dia 12 de março às 19h será exibido o premiado KollaSuyo - A Guerra do Gás e dia 19 de março às 19h será a pré-estréia de La Moneda. Buscando registrar um retrato amplo e coerente da América Latina, esses dois documentários do projeto OEAL demonstram grandes similitudes históricas, econômicas e sociais na questão dos recursos minerais na Bolívia (em KollaSuyo) e no Chile (em La Moneda).

Após as sessões será realizado um debate com o diretor Pedro Dantas e membros das comunidades bolivianas e chilenas de São Paulo.



quarta-feira, 4 de março de 2009

o homem com a câmera

O acontecimento mais importante da linguagem audiovisual, neste início do século 21, é a evolução artística do documentário. Um fenômeno alimentado por ousadia estética e transgressões, superação de dogmas, superposição e diluição de gêneros acontecendo neste momento de câmbios profundos na atividade, de natureza tecnológica e industrial. Estão circulando na internet, nos DVDs, na televisão, nos cinemas, nos iPhones uma quantidade enorme de documentários, muitos deles de concepção clássica e muitos deles de concepção inovadora, revolucionária, extrapolando os limites de registro e edição que definiam o território documental no século passado. São obras audiovisuais que mesclam o registro da realidade com cenas ficcionais, animação, videoarte, clipe musical, chroma key, efeitos especiais. Desdobram-se por vários tipos, vários comportamentos de realização:
documentário de arquivo, documentário de encenação (na linha de Flaherty), documentário espontâneo, docudrama, docfic e outros, além dos produtos híbridos, misturando distintos
comportamentos. Ainda são classificados como “documentários” mas provavelmente serão rebatizados em algum momento, há teóricos e documentaristas que preferem classificá-los como ensaios, como “cine-ensaios” .
Essa explosão da linguagem documental é o corolário, o resultado da posta em prática do entendimento alcançado em meados do século passado de que documentário não é reprodução da realidade, inclusive porque um registro isento da realidade é impossível, mas sim a expressão da verdade de quem faz o documentário. O que importa, o que interessa, é a qualidade da verdade de cada documentarista, a qualidade humanista de seu ponto de vista, de sua apreensão particular e de sua opinião sobre a vida, a sociedade, a humanidade, a civilização, o planeta. Essa nova linguagem começou a ser forjada por artistas maiores do cinema desde os anos 1920, antes do entendimento generalizado de que documentário é visão particular, quando apenas esses precursores pensavam assim — documentaristas como o fracês JeanVigo (“documentário é um discurso ilustrado”), o russo Dziga Vertov (“cinema olho, cinema verdade”), o holandês Joris Ivens (que considerava a poesia como componente essencial do
documentário) , os americanos Robert Flaherty (que transformava personagens em atores nos anos 1930) e Orson Welles (contrapondo realidades e imitações, verdades e mentiras em F for Fake, de 1974).

Nessa linhagem de artistas maiores, ou seja, de artistas que inventam linguagem, que descobrem novos caminhos, que alimentam a evolução estética e a evolução da comunicação humana, tem lugar de honra o cubano Santiago Alvarez e seu cinema transgressor, radical,
panfletário. Foi o último dos grandes mestres documentaristas do século 20, produzindo até o último dia de sua vida, em 1998, ano em que realizou dois documentários e completou sua impressionante filmografia de mais de cem documentários e seiscentos Noticieros. O
último dos grandes e também o mais instigante, o que mais impactou os jovens cineastas da segunda metade do século passado e o que deixou mais influências na revolução estética do documentário que está acontecendo neste momente. Santiago inventou o clipe, utilizou cenas
ficcionais distorcidas, fez reconstituição de fatos com atores, utilizou dramática e visualmente as palavras, explodiu e implodiu a imagem com um grafismo inédito no cinema e incendiou a reflexão e a percepção teóricas ao inventar e defender o conceito Informaturgia, a dramaturgia da informação, a organização artística de fatos, imagens e opiniões.


Ele dizia e demonstrava na prática que não lhe interessava registrar e sim “participar da realidade”. Sobre o ponto de vista individual, a verdade de cada um na tela, era muito claro: "yo informo de acontecimientos a partir de ideas que tengo sobre esos acontecimientos". E certeiro, ao se referir ao futuro: “a impaciência criadora do artista produzirá a arte dessa época”. Essas declarações estão em entrevistas à revista Cine Cubano nos anos 1960 e no livro El Ojo de la Revolución-El Cine Urgente de Santiago Alvarez, de Amir Labaki, 1994. Não está registrado (a não ser que ainda exista uma entrevista que deu à Televisión Cubana nos anos 1980), mas muita gente ouviu de sua própria boca como se definia como documentarista, como
artista: “soy politikón y erotikón”. Pólis e Eros: a interação com a sociedade, com a civilização, com a história e o progresso fundida ao amor consciente, ao mito de Eros/Psique, carne e espírito, coração e consciência, real e imaginário, dualidade motora da Arte e dos artistas.

Pois, o que temos agora na internet e nas outras mídias é uma colheita da semeadura de Santiago, da sua teoria e prática da Informaturgia, do casamento da objetividade com a subjetividade, das propostas de linguagem que estão em Now, LBJ, Hanoi Martes 13, La
importancia universal del hueco, La soledad de los dioses. Essa nova onda de documentários criativos (assim também estão sendo chamados) e/ou ensaios audiovisuais é a mais importante arte contemporânea. É a única manifestação artística vestida com os parâmetros do século 21,
por superar e digerir a dualidade audiovisual do século 20 (real/imaginá rio, documentário/ ficção) e por estar na vanguarda da utilização das novas tecnologias da comunicação. É a manifestação que abre o caminho para uma nova etapa do Cinema, para uma arte audiovisual capaz de filosofar e que já está sendo chamada de Oitava Arte. Atrás desse cenário o que vejo é Santiago em seu campo de luzes, sorrindo e semeando.

Orlando Senna

---
Catálogo do Festival Internacional de Documentales Santiago Alvarez In Memoriam

10ª edição – Santiago de Cuba, 8 a 13/3/200


Veja mais uma produção do ICAIC!

ATO DE FUNDAÇÃO


No próximo dia 12 de março de 2009 às 19 horas acontecerá o ato de fundação do Instituto Henfil, na sede da ABI no Rio de Janeiro. O Instituto Henfil terá como objetivo preservar a obra e a imagem do Henfil, organizando eventos culturais, além de apoiar e organizar projetos sociais, educacionais, ecológicos e de saúde, envolvendo assuntos como doação de sangue, hemofilia e AIDS.


Arte

Instituto Henfil eternizará o humor crítico do cartunista

“Morro mas meu desenho fica”. As palavras do cartunista Henfil se tornam ainda mais reais agora. No próximo dia 12 acontecerá o ato de fundação do Instituto Henfil, na sede da ABI no Rio de Janeiro. Atualmente, seus quadrinhos são publicados diariamente no jornal O Globo.

O Instituto terá como objetivo preservar a obra e a imagem do Henfil, organizando eventos culturais, além de apoiar e organizar projetos sociais, educacionais, ecológicos e de saúde, envolvendo assuntos como doação de sangue, hemofilia e AIDS.
O Instituto será organizado por Ivan Cosenza, filho de Henfil. Em seu conselho, o Instituto terá nomes como Ziraldo, Zuenir Ventura, Sergio Cabral, Eduardo Suplicy, Paulo Betti, Mauricio Azedo, Aldir Blanc, Wagner Tiso, João Bosco, Tarik de Souza, Chico Caruso e Joffre Rodrigues, entre outros.

“Este é um projeto que, tento realizar há muito tempo e que finalmente se torna realidade. Como único filho do Henfil, venho batalhando para manter viva a memória do meu pai, apresentando sua obra às novas gerações e participando, através de seus desenhos, de campanhas e atividades sociais. Com o Instituto Henfil espero poder cada vez mais contribuir, utilizando sua obra e sua imagem da maneira que ele sempre usou, além de poder preservar sua obra da maneira que ela merece”, diz o confiante Ivan Consenza.
Segundo Consenza, o instituto ainda não tem sede, que será providenciada após sua fundação, local onde será feito o primeiro projeto do Instituto Henfil e a catalogação de sua obra, que ficará disponível para consulta do público.
No lançamento, às 19hs, será feita uma homenagem a Henfil que nesse ano completaria 65 anos. Haverá ainda uma pequena exposição com alguns de seus principais trabalhos.

A arte contra a ditadura
Henfil nasceu em Ribeirão das Neves e cresceu em Belo Horizonte. Em 1965, começou a fazer caricatura política para o Diário de Minas. Fez charges esportivas para o Jornal dos Sports do Rio de Janeiro, em 1967, colaborando também nas revistas Visão, Realidade, Placar e O Cruzeiro.

A partir de 1969, fixou-se no semanário Pasquim e no Jornal do Brasil. Em 1970, lançou a revista Os Fradinhos, com personagens tipicamente brasileiros e que retratavam as situações da época.

Henfil teve uma atuação marcante nos movimentos políticos e sociais do país, lutando contra a ditadura, pela democratização do país, pela anistia aos presos políticos e pelas Diretas Já.