sábado, 29 de maio de 2010

Rede lança caderno “Direito Autoral em Debate”

A Rede pela Reforma da Lei de Direitos Autorais lançou na última quarta-feira, 26/5, durante ato público promovido no Ministério Público Federal (MPF), o o caderno “Direito Autoral em Debate”, produzido coletivamente pelas suas 20 organizações integrantes

O caderno trata das relações entre o direito autoral e os recursos educacionais, a produção artística, o acesso à cultura, as possibilidades digitais e os direitos do consumidor. Com ele, a Rede pela Reforma da LDA pretende contribuir com o debate público da legislação autoral e informar o cidadão sobre esse tema cada vez mais presente no seu cotidiano.

O ato-debate, que contou com a presença do Movimento Cineclubista, Música pra Baixar, Associação Paulista de Cineastas, O Teatro Mágico, Gpopai, Idec, CTS da FGV e o CUCA da UNE, teve como intuito exigir que o Ministério da Cultura coloque o projeto de Reforma da Lei dos Direitos Autorais (9619/98) para Consulta Pública o quanto antes, levando em consideração que trata-se de um ano eleitoral e da Copa do Mundo. Desde a demanda identificada na xx Conferência Nacional de Cultura o Ministério vem acumulando contribuições acerca da reforma da lei. Entretanto, até a data presente o texto não foi liberado pelo MinC para a consulta, para que a sociedade debata de forma ampla e transparente as mudanças que julgar necessárias acerca desse dispositivo.

Eleonora Rigotti, do CUCA, destaca a importância do tema para os estudantes e artistas, e consequentemente para o CUCA: “A interface da Lei dos Direitos Autorais com a educação e cultura, temas caros para nós, por si só justificaria a nossa participação na Rede pela Reforma da LDA. Além disso, o fato da atual legislação (não) tratar da intermediação entre os interesses de autores-produtores de conhecimento, produtos culturais e intermediários, afeta diretamente os consumidores finais, dimensão que também nos interessa, uma vez que o CUCA se propõe a se relacionar com a sociedade”.

Fernando Anitelli, da trupe O Teatro Mágico, aproveitou o espaço para refutar o rótulo de "exceção" conferido à banda, que não é vinculada a uma gravadora e disponibiliza suas músicas e vídeos gratuitamente na Internet : "Não somos uma exceção, somos uma possibilidade. A nossa música não nasce do nada, da nossa cabeça. Ela só é possível porque ouvimos outras coisas, consumimos outros produtos culturais. Festivais de música, compartilhamento de conteúdo e encontros presenciais são extremamente necessários". Fernando também externou sua opinião acerca do Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais - Ecad, o atual responsável pelo recolhimento dos direitos autorais no Brasil: "como acreditar num órgão que cobra pela execução do 'Parabéns pra você'?".

Sobre o Ecad , Claudio Prado, presidente do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital ironiza: "Nenhuma instituição que tem 300 advogados pode ser honesta". Para a Casa de Cultura Digital, a atual legislação é tão descompassada com a realidade que os professores poderiam ser acusados de formação de quadrilhas - referindo-se ao xerox, prática cotidiana nas Universidades.
Maiores informações:

http://www.reformadireitoautoral.org/

Baixe o Caderno Direito Autoral em Debate

Leia e assine a Carta pelo Acesso a Bens Culturais

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Festival Nossas Expressões, em Santa Maria

O festival Nossas Expressões chega a sua XX edição passando por manifestações e debates acerca das questões momentâneas vividas na sociedade. O festival Nossas Expressões chega a sua XX edição. Através dessas edições passou por manifestações e debates acerca das questões momentâneas vividas na sociedade. No XIX trazemos o enfrentamento cultural através do Cultura pra quê(m), colocando manifestações culturais num mesmo espaço, procurando refletir essa diversidade.

Nessa XX edição procurando seguir a mesma ideia, viemos com o tema Cultura: quem [ e o que ] produz?, trazendo a discussão dos momentos atuais da conjuntura nacional da cultura, problematizando e construindo novas alternativas de pensamento e produção.

O tema reflete de que cultura estamos falando, de como ela é produzida, quem produz e para quem ela é destinada, questionar a mercantilização da cultura expondo outros olhares. Colocando o tema central cultura livre, mídias alternativas, movimento música para baixar, redes de pontos de cultura, Economia solidária, educação, combate as opressões e outras formas de expressão como nosso objetivo principal de problematização.

Aproveitando o momento de 50 anos da UFSM procuramos resgatar os questionamentos sobre produção e utilização de conhecimento e como esses transformam a sociedade e seus contextos culturais. Acreditamos que a partir desta teremos trocas em muitos aspectos, trocas ricas em saberes já que a universidade desde seu surgimento tem um papel fundamental na sociedade de Santa Maria e região. A UFSM tem um papel historicamente importante no fomento da participação e produção no meio cultural.

Por Andressa Argenta
Coordenadora de Cultura DCE - UFSM
CUCA da UNE Santa Maria - RS
Confira aqui a programação do Festival: http://xxnossasexpressoes.blogspot.com/

terça-feira, 25 de maio de 2010

Direito Autoral em debate



A “Rede pela Reforma da Lei dos Direitos Autorais”, que reúne 20 organizações civis, realizará no dia 26 de maio, às 19h, na sede do Ministério Público Federal, em São Paulo, um ato pela abertura da consulta pública da LDA (Lei de Direitos Autorais – Lei 9.610/98).


Com a manifestação, as organizações cobram do MinC (Ministério da Cultura) a abertura imediata da consulta pública do projeto de reforma da lei atual, para que toda sociedade possa participar e discutir o assunto. O que está em questão é como assegurar o acesso ao conhecimento e a democratização da cultura, e garantir que autores estejam melhor protegidos ao assinar contratos com gravadoras e editoras.


Durante o evento, será divulgada uma carta de princípios para nortear uma nova e democrática legislação autoral. Na ocasião, será lançado o caderno Direito Autoral em Debate, produzido coletivamente pela Rede, que esclarece as relações entre o direito autoral e os recursos educacionais, a produção artística, o acesso à cultura, as possibilidades digitais e os direitos do consumidor e a Carta São Paulo pelo Acesso a Bens Culturais (leia a aqui carta)


Data: Dia 26 de maio

Horário: 19h

Local: Ministério Público Federal - auditório

Endereço: Rua Peixoto Gomide, 768, Cerqueira César, São Paulo/SP

(próx. ao metrô Trianon MASP)

Mais informações:
Guilherme Varella – IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) - (11) 8629-9727
Bianca Santana – Casa de Cultura Digital - (11) 8925-6311
Pablo Ortellado – GPOPAI (Grupo de Pesquisas sobre Políticas Públicas para o Acesso à Informação – USP Leste) - (11) 8303-6881
Mariana Tamari – Coletivo Epidemia - (11) 8456-5866


Rede pela Reforma da LDA
Rede de 20 organizações e cerca de 500 músicos, escritores, produtores culturais, cientistas e pesquisadores, com a missão de promover uma ampla discussão no processo de reforma da Lei de Direito Autoral, garantindo o acesso ao conhecimento e a democratização da cultura no país

Fazem parte da rede:

Ação Educativa
Associação Brasileira dos Estudantes de Educação à Distância
Casa da Cultura Digital
Coletivo Ciberativismo
Coletivo Epidemia
Comunidade Recursos Educacionais Abertos
CTS/FGV
CUCA da UNE – Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE
Gpopai/USP
GTLivro
IDEC
Instituto NUPEF
Instituto Paulo Freire
Intervozes
Laboratório da Cultura Digital
Movimento Mega Não
Música Para Baixar
Partido Pirata
Rede Livre de Compartilhamento da Cultura Digital
União Nacional dos Estudantes



Veja também:

Cortejo pela Lei Cultura Viva

Será realizada uma grande celebração cênica unindo cultura e cidadania em torno dos Pontos de Cultura, compreendendo a importância de cada uma das várias manifestações da cultura popular brasileira. Abordaremos a linha temática da historicidade dos Pontos de Cultura, seu significado político e cultural no Brasil, as fontes e matizes históricas que inspiraram e abriram caminhos para esta experiência de autonomia e protagonismo sócio cultural. Queremos expressar a ideologia do programa, pelos próprios Pontos de Cultura.


A ideia é homenagear, de público, o idealizador e executor por seis anos, do Programa Cultura Viva do MinC, Célio Turino de Miranda e lançar publicamente a campanha pela aprovação da Lei Cultura Viva mediante projeto de iniciativa popular.

Os Pontos de Cultura serão os mestres de cerimônias da noite, mas artistas de projeção nacional que apóiam a Cultura Viva terão também sua participação no Ato, ja temos a participação confirmada de artistas como: Iara Rennó, Netinho de Paula, Vitor Trindade, Nelson Triunfo, Lecy Brandão e Aliado G.

O público esperado é de mais de mil pessoas e o efeito desejado é o envolvimento intelectual e afetivo da comunidade, criando uma mágica motivadora na qual os cidadãos sintam-se cada vez mais estimulados a incentivar e participar desta Cultura Viva.
Contamos com a sua participação!


Ato pela Cultura Viva
Dia 30 de maio, domingo
Local Casa das Caldeiras, Av. Francisco Matarazzo 2000, São Paulo- SP
Horário das 16h ás 20h

Concentração do Cortejo dos Pontos de Cultura às 15hs no viaduto Antártica (Av. Matarazzo c/ a Pedro machado).

Segue o site do manifesto pela cultura viva

Programação

Cortejo dos Pontos de Cultura: Concentração às 14hs na Barra Funda e às 15hs no viaduto Antártica ( Matarazzo c/ a Pedro machado). Saída às 15h30 p/ a casa das Caldeiras, com chegada às 16hs.


16hs chegada do cortejo na Casa das caldeiras

16h30
orquestra de berimbau e fala do Movimento, Adriano representante do movimento dos Ponto de Cultura do estado de SP, vai ler o manifesto pela Cultura Viva, chamando todos a apoiar este ato.

17h ás 20hs Augusto Marin e Lucilene assumem a cerimônia, e iniciam as homenagens ao Celio e declarações de apoio ao Cultura Viva. Participação de varios artistas como: Lecy Brandão, Iara Rennó, Vitor Trindade, Nelson Triunfo, Aliado G, Netinho / (faltam confirmar: Chico César, Mautner, Jacobina, Caju e Castanha)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mais de 250 Conferências Livres do Esporte realizadas em todo Brasil

Etapas livres fazem parte do processo de organização da III Conferência Nacional do Esporte, convocada pelo governo federal para os dias 3 a 6 de junho em Brasília; objetivo será construir junto a sociedade e os poderes públicos municipais e estaduais o Plano Decenal do Esporte

O Ministério do Esporte, em parceria com o Instituto Via BR, organizará até o dia 29 de maio 250 Conferências Livres em todos os 26 estados brasileiros mais o distrito federal. O objetivo é mobilizar cerca de 90 mil pessoas, contando com a participação de toda a sociedade brasileira, representada por instituições públicas, privadas, terceiro setor, gestores, movimentos sociais e cidadãos. As etapas livres podem ser organizadas por qualquer grupo de 10 pessoas ou mais e são preparatórias para a III Conferência Nacional do Esporte, convocada pelo governo federal para acontecer entre os dias 3 e 6 de junho de 2010 em Brasília. A ideia é discutir propostas que possam ser incorporadas ao documento da III CNE, votado durante a plenária final. Informações: www.conferencialivre.org.br

“O esporte é atividade que joga papel importantíssimo na formação da juventude e do povo brasileiro. O Brasil vive e respira o esporte, componente fundamental na afirmação da identidade nacional, fator de unidade em nossa imensa diversidade cultural”, explica o ministro do Esporte Orlando Silva. “O sistema de esporte e lazer que se pretende hoje deve oferecer serviços que ampliem o acesso ao conhecimento, a vivência e a prática do esporte, em todas as dimensões”, completa.

SOBRE A III CONFERÊNCIA NACIONAL DO ESPORTE - CNE
A III CNE faz parte de um amplo processo democrático desenvolvido pelo governo federal. As conferências tem envolvido a sociedade no desenho e implementação de políticas públicas em todos os âmbitos. Já foram realizadas 68 conferências das mais diversas áreas, entre as quais cidades, saúde e assistência social, além de outras inéditas como segurança pública e comunicação.

O objetivo da III CNE é dar continuidade ao processo de ampliar a democracia participativa no país, como espaço aberto e livre para o debate, a formulação e a elaboração de propostas para o esporte e lazer como vértices do desenvolvimento nacional. Com o tema “Plano Decenal do Esporte e Lazer: 10 pontos em 10 anos para projetar o Brasil entre os 10 mais”, essa terceira edição definirá as linhas estratégicas prioritárias que buscam abranger várias áreas e impulsionar todos os índices de desenvolvimento do setor: da formação e incentivo à prática esportiva; da qualificação da gestão esportiva à modernização da infraestrutura; do fomento à ciência e tecnologia no esporte à ampliação do financiamento e desenvolvimento da cadeia produtiva.

No processo de conferência é possível estreitar o diálogo entre o poder público e a sociedade civil. Dessa forma, permite-se ao Ministério adequar as políticas de esporte e lazer às demandas sociais e também consolidá-las como políticas de Estado. Para isso, já foram realizadas diversas conferências municipais e estaduais. Essas etapas, diferente das livres, elegem delegados que vão representar as suas regiões em Brasília, durante os dias 3 a 6 de junho, quando será formatado o documento final que terá sido construído com a participação de toda a sociedade brasileira.

O QUE SÃO AS CONFERÊNCIAS LIVRES
As etapas livres possibilitam a ampliação do espaço de debate, estimulando a participação de segmentos que na maioria das vezes não participam de processos de conferência. A característica dessas etapas permite que sua realização seja proposta por qualquer segmento da sociedade civil ou do poder público, tendo que reunir no mínimo 10 participantes para ser validada. Não elegem delegados, mas suas propostas serão enviadas diretamente para a etapa nacional a fim de compor o caderno de resolução, qualificando o debate e contribuindo com o documento final da III Conferência.

COMO REALIZAR UMA CONFERÊNCIA LIVRE

Qualquer cidadão pode realizar uma conferência livre. Para isso, é necessário se cadastrar pelo e-mail conferencialivre@viabr.com.br. É importante que o responsável pela organização da conferência envie todos os dados abaixo respondidos.

Nome do responsável:
Função:
Instituição:
Endereço completo:
Telefone:
E-mail:
Data inicial da conferência:
Data final da conferência:
Local:
Horário:
Nº Participantes Previstos:

ENVIO DE RELATÓRIOS
Coletar, registrar e sistematizar as propostas de acordo com o debate ocorrido é fundamental para traduzir a riqueza e a participação social na Plenária Final da III CNE. O resultado desse debate entre a sociedade civil e o Estado é que conduzirá à finalização do Plano Decenal de Esporte e Lazer, reunindo forças políticas e sociais para apresentá-lo junto ao Congresso Nacional, e assim materializar as decisões da III CNE em lei.

Após cada etapa, os realizadores devem enviar relatório com o registro das informações (fotos e/ou lista de participantes e/ou matéria de jornal e/ou vídeo da etapa livre). Esse material é importante porque será incorporado ao documento final da conferência. O modelo do relatório será enviado por e-mail aos responsáveis assim que a organização das conferências livres confirmar a realização da etapa.

INSTITUTO VIA BR

O Instituto Via BR tem a juventude como eixo central de participação e atua em suas mais diversas esferas. É uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo criar e desenvolver ações e projetos nas áreas da cultura, educação, cidadania, trabalho, esporte, saúde e meio ambiente.

SUGESTÃO DE ENTREVISTAS
Alcides dos Anjos Leitão – Mobilizador Nacional da III Conferência Nacional do Esporte

CONTATOS E AGENDAMENTO DE ENTREVISTAS
Fumaça Corp. Jornalismo e Assessoria de Imprensa
Rafael Minoro
11 2503.1978
31 9435.1919
contato@fumacacorp.com.br

domingo, 16 de maio de 2010

Show experimenta novas linguagens em Salvador

Fruto de experimentação cênica do músico Thiago Pondé, o Projeto Atuar Música é uma performance que costura canto com poesia, mímica, circo e outros elementos cênicos na construção conceitual da figura do intérprete. No espetáculo, corpo e voz são explorados a partir da construção de imagens, revelando a música em sua dimensão cênica e fazendo do intérprete a figura central da arte do canto.


Além de intervenções de audio-visual e poéticas, o projeto conta com experimentalismo de timbres, a fusão de ritimos e a intensidade e sofisticação interpretativa. No repertório, canções de Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso e de compositores contemporâneos como João Weber e Rafael Pondé.

Para o idealizador do projeto, "o intérprete é aquele que canta uma extensa variedade de ritimos, imprimindo um tipo de co-autoria na sua criação, trabalhando a sofisticação melódica e a versatilidade de timbres vocais, além de ter uma forte presença cênica e ser norteado por construções de partituras corporais". Além de cantor, o músico-intérprete explora as possibilidades expressivas do instrumento corpo, em seu sentido visual e sonoro.

O espetáculo Atuar Música estará em cartaz nos dias 18 e 25 de maio no Teatro Sesi Rio Vermelho e 28 e 29 de julho no Teatro Vila Velha (Cabaret dos Novos), ambos na cidade de Salvador, Bahia.

Estudante de filosofia da Universidade Federal da Bahia, Thiago Pondé busca protagonizar o debate estético dentro do CUCA, como coordenador artístico do Instituto. Atualmente, além de estar em cena com o projeto Atuar Música, o músico se prepara para a gravação do seu primeiro CD oficial, em parceria com o Ponto de Cultura-Prakatum.

Pondé também integra o coletivo Fanfarra das Artes, buscando a transversalidade de linguagens transversais e o engajamento político da obra artística na realidade social. O coletivo já se apresentou no no Teatro Gamboa Nova, no II Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, no XII Encontro Nacional de Estudantes de Artes, e na VI Bienal da UNE, abrindo uma apresentação de Jorge Mautner no Teatro Vilha Velha.


Conheça o trabalho do músico e intérprete Thiago Pondé.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Com a palavra: Toni C

Toni, o blog é de projetos para o Brasil. Para o povo brasileiro. Que precisa ser incluído, não só na economia e na democracia, mas também na cultura.

Salve Walter. Satisfação ser convidado para este debate em seu blog. Se é um espaço para os que precisam ser incluídos, “então é nóis mesmo” (como agente costuma falar). Certa vez escrevi num artigo alguma coisa mais ou menos assim… “Se somos a maioria que precisa ser incluída. Por que não invertemos? Trancamos esta meia dúzia do lado de dentro e fazemos a festa do lado de fora. A festa dos excluídos! Afinal a elite só existe por conta da maioria excluída.” É uma maneira de dizer que não há saída individual para problema coletivo.

… uma elite que dá as costas a seu povo não constrói uma nação.

Bela frase Walter. Por isso estamos nós o povo construindo a Nação verde amarela, a Nação Hip-Hop, tem esse nome não é atoa.
O que quero de vc é falar sobre Brasil, juventude, cultura, hiphop, o que pensa alguém da tua geração e extração social…
Interessante você perguntar o que pensa essa juventude. Há quem acredite que a juventude de periferia não pensa. Tenho um vizinho que conhece cinema como ninguém, diz que tenho que ver Scorsese, emenda na apresentação de cineastas africanos, dizendo a filmografia a sinopse, os atores… o cara conhece tudo. Eu fico admirado com a eloquência que tem um cara como o Mano Oxi do RS. A sapiência do Jucka, um cara que mora no extremo sul da zona sul e além de rapper é professor de filosofia e para enfrentar o desinteresse dos alunos na aula dos pensadores gregos. Propôs que fizessem um rap sobre os filósofos, ai surgiu rap sobre Sócrates, Platão… Veja o Aliado G, por exemplo. Um rapper do interior de São Paulo, que não tem um diploma universitário. Já ví ele em debate engolir reitor de universidade, senador, repórter. Tem quem use essa inteligência para abrir carro forte, invadir banco sem disparar o alarme. Tudo isso para mostrar que talento nasce em qualquer lugar, o que falta é oportunidade.

Bem, então vamos lá: foto e pequena bio.

Sou Toni C. Sou DJ, produtor, escritor, publicitário, trabalho no Portal Vermelho desde sua fundação, hoje atuo na TV Vermelho. Sou também organizador dos livros Hip-Hop a Lápis e coordenador do Ponto de Cultura Hip-Hop a Lápis. Fundei e estou na direção da Nação Hip-Hop Brasil.

O Brasil está bombando nestes anos de Lula. Não só na economia, como também no orgulho nacional, Brasil está em alta. Como você sente esse problema na realidade da juventude, sobretudo na dimensão artística…

É comum agente brincar que é cada vez mais difícil fazer movimento social. Agente marca reunião e um não vem por que está trabalhando, outro por que entrou na faculdade pelo prouni… e a culpa é desse governo Lula.

Agora na dimensão artística como chamou. Vejo dois movimentos antagônicos. O primeiro são as ações dos Pontos de Cultura, revolução cultural nos grupos de cultura popular. Poderíamos falar só sobre isto, mas basta dizer que fomos parar nas páginas do New York Times, falando do nosso Ponto de Cultura Hip-Hop a Lápis. Célio Turino quando me encontrou falou que foi a primeira vez que uma ação do governo Lula aparecia no jornal de modo positivo. De lá pra cá o barbudo aparece na imprensa internacional de modo positivo todo momento.

A segunda questão aprendi com Malena, líder do grupo feminino da argentina Actitude Maria Marta. Que se apresentou no 3º Encontro Nacional da Nação Hip-Hop Brasil que fizemos em São Vicente no começo do ano. Para Malena não é só no Brasil, mas a América Latina passa por uma onda de governos mais populares e progressistas. No entanto a cultura não tem evoluído ainda a altura.

Boa essa, é verdade. América Latina está em alta, enquanto a velha Europa é cada vez mais velha e conservadora. Agora, mestre, você é um produtor cultural popular, da nação hiphop, que marca a cena cultural da periferia. Desde o surgimento disto (do qual você participou) como você vê a evolução do movimento?

No movimento hip-hop não é muito diferente da questão anterior. Do ponto de vista cultural e artístico o mercado fonográfico está fadado à falência. Enfrentamos uma fase complicada, por diversos motivos, um dos principais é a perseguição e boicote desse governo Demo-Tucano em São Paulo. Estamos às vésperas de mais uma Virada Cultural, é só ver o histórico que essa gente tem conosco.

Por outro lado, na questão política e reconhecimento institucional. Nunca houve tanto reconhecimento, com alguns membros do movimento eleitos parlamentares em suas regiões, participação de assento no Conselho Nacional de Juventude desde sua fundação. Até mesmo editais específicos para o movimento como o Prêmio Preto Ghóez com 1,7 milhões para o hip-hop.

Agora sobre a Nação Hip-Hop, vou me dando conta que é a maior concentração de Notório Saber da periferia, são os intelectuais da rua e de quebra a maior entidade de hip-hop do mundo.

Você está se aventurando em TV na internet? Você é da equipe de Vermelho, é isso?

Como nas respostas anteriores parece contradição, né!? É a tal dialética, não é isso? Foi publicado na edição 7 da revista Juventude.BR do Centro de Estudos e Memória da Juventude – CEMJ, um artigo de minha autoria no qual me referenciei na teoria da Outra Globalização Possível do geógrafo Milton Santos. Ele diz que a revolução virá dos de baixo. Construída com a sucata tecnológica da burguesia. Segundo ele a juventude periférica tem mais facilidade para assimilar e acompanhar as inovações tecnológica. Eu produzir vídeos na TV Vermelho é uma mostra disso, as rádios comunitárias é outra mostra. Whyte Jay à frente dum programa de hip-hop na TVE-RS e o Hot Black (Ganso) no programa Periferia agora em rede nacional pela TV Brasil são outros exemplos. “Agente se vê por aqui” é o slogan da maior emissora do país. Como agente não se vê. Criamos nossos próprios meios.

Vamos fazer agora um intervalo cultural? Já que falei de um geógrafo, aqui vai o clip do Grupo Inquérito do parceiro Renan, formado em geografia na UNICAMP. Vejam que genial, Mister M.

:

Você sente a juventude mais politizada? Participante do processo político? Prouni e Reuni foram importantes para isso, não?

Essa juventude espalhada pelas periferias está mais preparada para enfrentar o debate político em todas as esferas. Para dar um único exemplo, basta ver na eleição anterior: houve mais de 30 candidaturas do movimento hip-hop em todo país.

Dilma ou Serra? Por que?

Ah! essa é fácil, responderia com os versos do Zeca Pagodinho: “Deixa a Dilma me levar. Dilma leva eu…” Mas como é sempre bom argumentar. Não vou responder pois não sou a voz da periferia, mas conheço um cara que é e faço minhas as palavras dele. Com vocês Mano Brown:


Fale sobre o livro Hip-Hop a Lápis – Literatura do Oprimido? Esta é a segunda publicação…

O livro acaba de sair com um conceito herdado de Paulo Freire. Por isso literatura do Oprimido. Hoje é fácil ser otimista. Mas mesmo nos piores temores da década de 90. No auge do neoliberalismo, com FHC privatizando tudo, desemprego… Na academia se dizia que a história havia acabado, que não existiam mais conflitos, o fim da luta de classes e toda essa conceituação pós-modernista do multiculturalismo e tudo mais. Nas periferias já havia como ainda tem um outro discurso, uma outra atitude. Quando acaba o gás num barraco o vizinho empresta o dele. A comunidade se junta de madrugada para encher a laje e assim vai saindo mais um puxadinho… Tem um verso de um músico que começa assim: “Acharam que eu estava derrotado. Quem achou estava errado.” Isto foi escrito por Dexter preso no Carandirú e ele está preso até hoje. É uma história auto-biográfica, mas é também a história de um torneiro mecânico que perdeu um dedo, mas ganhou a presidência da república na quarta tentativa e se tornou “o cara”, o homem mais influente do mundo. É a história do povo brasileiro, tão sofrido, mas sorri. E isto tudo influência na música, na política, nas artes plásticas, na dança, na arquitetura e na literatura. Se eles estão vivendo no pós-modernismo, nós vivemos uma outra era, que eu chamo de hip-hop. Essas e outras histórias é a literatura do Oprimido. Um livro que tem mais escritores que a Academia Brasileira de Letras. Estamos fazendo história e história não morre, jamais.

“Do grafite quebrado dentro do lápis, na mão calejada, saem com medo, trêmulas, as primeiras palavras. Até o mais valioso dos diamantes brilhando na vitrine, tudo é carbono.
Segundo um senhor simples, de feições serenas, olhar morno, gestos lentos e rosto enrugado. Ao ver a agilidade da rima, a flexibilidade da dança, as cores da pintura em spray e o som alto dos toca discos. Falou de forma pausada, na sagacidade de sua sabedoria: “O hip-hop é o diamante bruto que deve ser lapidado pelos revolucionários”, João Amazonas.
Ainda há tempo. A literatura do Oprimido, definitivamente, não serve para narrar o mundo, mas sim para transformá-lo!” (Trecho do livro Hip-Hop a Lápis – Literatura do Oprimido.)

E como você entrou no PCdoB?

Eu já militava na UJS em Carapicuíba onde moro e era sempre enquadrado por algum dirigente para me filiar no PCdoB. No geral via partidos como time de futebol, pode haver um jogador bom num time ruim, ou no time adversário. E dizia isto, que não via sentido em torcer sempre para o time vermelho ou o azul. Poderia atuar politicamente sem vestir camisa de partido algum. Eu não era contra arguentado ha contento. E foi Jorge Amado que me filiou neste partido. Foi necessário ler Os Subterrâneos da Liberdade para conhecer um pouco do histórico, mas também da prática e postura do Partido Comunista. Aí que vi que pode ter jogador bom, mas time revolucionário é o Partido do povo, como dizem os camaradas do Partido da classe operária. Nem precisei ler a trilogia completa.

Mestre, queria isso mesmo da entrevista: algo por esse rumo para não deixá-lo muito encucado não.

Legal você dizer que não precisa ficar educado. Tá aí uma coisa que não sou, “educado”. Tem uma introdução de uma música antiga assim: “Em meu país dizer a verdade é falta de educação.”

Pra continuar sendo mal educado, Walter, deixa eu contar uma coisa que me impressionou muito. Foi em 2008 em Atibaia no curso de formação do Partido. Quando você apresentou o conceito de política de quadros. Você dizia que não é necessário a pessoa abdicar da vida para militar no Partido. Que não é necessário a pessoa abandonar a família, os projetos pessoais, o estudo, a formação pessoal, etc. Para a pessoa exclusivisar a atuação política.
E para cada uma dessas coisas eu pensava comigo: – Não!?Pois é! Aquilo me soou tão novo…

Já disse a você que discordo do nome “política de quadros”, pra mim “quadro” é justamente o oposto disso. Não consigo ver de outra forma. Aquele que consegue conciliar a família, realizações pessoais, estudos, com as tarefas partidárias, não é um quadro, é um revolucionário. Temos que ter política para estes.
Ah! agora ví que falou “encucado”, e eu aqui todo mau educado (risos).


Gostei da conversa e quem quiser continuar a troca de idéias, pode seguir no www.vermelho.org.br/hiphop ou ainda me contactar pelo toni@vermelho.org.br .

Vamos fazer um sorteio Walter? O primeiro que mandar um comentário pelo blog sobre esta nossa conversa ganha o novo livro Hip-Hop a Lápis a Literatura do Oprimido. Eu providencio o livro e você a correspondência para o internauta, ok?

Cara, adorei. A irreverência é o sinal de consciência crítica. Isso não falta a vocês da nação. Olhe, se puder, mande músicas da turma que eu ponho no meu blog. E se puder ajudar mande o Aliado enviar algo, nem que seja poesia dele, já que essa é a linguagem que ele mais domina (ao que parece). Eu ponho até poesia dele – ou então música! Abração a vocês.

Pra incentivar o Aliado a participar, mando um vídeo produzido a partir de seus versos http://www.youtube.com/watch?v=RPCzDCN5hIs

T+. TC.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Rio realiza ato-cultural pelo Plano Nacional dos Direito Humanos

O Movimento Rio Pró-Confecom convida todos os defensores da democratização da comunicação e a população em geral para
 participar do ato-cultural pela implementação do Plano Nacional de Direitos Humanos

A manifestação acontece nessa quinta, 13 de maio, a partir das 16h, na Praça XV, próximo à entrada das barcas, no Centro do Rio. A atividade exige a execução do Plano, em especial, da diretriz 22 que propõe a “garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos”. Durante a programação serão exibidos vídeos independentes e contestadores da concentração da comunicação, como o ‘Levante sua voz’, produzido pelo coletivo Intervozes.

O PNDH3 vem sofrendo uma forte perseguição de setores conservadores e da mídia comercial. Uma dos motivos que eles apresentam para tantos ataques é a dita defesa da liberdade de imprensa. Sabemos muito bem o papel dos grandes veículos de comunicação na sustentação do regime militar no Brasil. Agora querem se propagar os defensores da liberdade de expressão?! Por isso, convocamos a população a se mobilizar e exigir do Governo Federal e do Congresso uma postura firme na implementação completa do Plano que nasce do acúmulo dos movimentos em defesa dos direitos humanos.

O ‘Levante sua voz’, que será projetado em plena Praça XV, faz um retrato da concentração dos meios de comunicação existente no Brasil. Em menos de 20 minutos, ele remonta o curta Ilha das Flores, de Jorge Furtado com a temática do direito à comunicação
Com um roteiro instigante e um belo trabalho de edição, o vídeo dirigido por Pedro Ekman é uma programação imperdível.




Divulgue e participe!

Ato-cultural pela implementação do Plano Nacional de Direitos Humanos

Pela “garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos” (diretriz 22 do PNDH3)

Quinta, 13 de maio, a partir das 16h, na Praça XV, próximo à entrada das barcas



Mais informações sobre o movimento de comunicação do Rio:



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rio Unido dia 17

O coletivo Rio Unido, um grupo de artistas e produtores culturais voluntários que se articularam pela internet a fim de realizar eventos para arrecadar doações em função das chuvas no estado, realizará dia 17 de maio mais um evento, o terceiro do seu calendário. O evento acontece na chopperia Buxixo, na Tijuca, e contará com a presença de Ana Élle, Glaucia Chris, Bleffe, Turbilhão Carioca e Farofa Carioca.


Rio Unido em Niterói

A praça da Cantareira, tradicional ponto de encontro de jovens e universitários de Niterói, contou nesta última quinta-feira (6) com uma presença especial: os jovens cariocas da Orquestra Voadora se apresentaram pela primeira vez na cidade, recebendo doações para os desabrigados pela chuva.

Este foi o segundo evento organizado pelo coletivo Rio Unido. Com um público em torno de 400 pessoas, a atividade contou também com o apoio do DCE Fernando Santa Cruz e o Centro Universitário de Cultura e Arte, CUCA da UFF.

As roupas, alimentos e material de higiene recebidos foram entregues ao Comitê de Mobilização das Favelas de Niterói, organização dos próprios moradores atingidos pelas chuvas e voluntários, que tem se encarregado da arrecadação e distribuição dos donativos.

Acompanhe as atividades do Rio Unido no twitter: www.twitter.com/riounido

Mais informações, acesse http://riounido.wordpress.como

Confira a programação completa

Palco principal Júlio Prestes
Buena Vista Social Club
A banda Los Sebozos Postizos saiu da programação oficial, dando lugar para Instituto e Z’África Brasil.

18h00 Barbarito Torres e Ignacio Mazacote (Cuba)
21h00 Zélia Duncan
00h00 Céu
03h00 Living Colour (Eua)
06h00 Instituto & Z’africa Brasil
09h00 Palavra Cantada
12h00 Toquinho
15h00 ABBA – the Show (Suécia -Inglaterra)
18h00 Cantoria – Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo

domingo, 9 de maio de 2010

Manifesto pela Cultura Viva

Nós, cidadãos brasileiros, reconhecendo que a cultura de um povo é capaz de determinar o seu destino, convocamos a todos que se preocupam com a cultura brasileira a apoiar este manifesto. Sabemos que sua produção artística, a diversidade de sua expressão simbólica, suas relações sociais e seu imaginário são capazes de fecundar utopias e ampliar as possibilidades de atuação política deste povo. Tudo isso amplia sua capacidade de intervir e transformar sua realidade social, contribuindo para a construção de um país mais justo, mais humano e mais feliz.

Nossa cultura, gestada e enraizada nas entranhas do Brasil, é pulsante, criativa e forte. Queremos garantir esta Cultura Viva! Queremos continuar a “desesconder” o Brasil, reconhecendo e reverenciando a cultura de um povo capaz de assumir sua história e construir no presente, o futuro desejado. Queremos garantir a expressão da pluralidade brasileira, esta revolução silenciosa que fazemos, trazendo os atores de baixo para cima, na construção de uma memória presente, através das novas possibilidades de difusão e acesso à cultura.

É preciso reconhecer nossa latente criatividade e afirmar que nós, atores sociais, produzimos cultura e, portanto, fazemos a nossa história. Nesse sentido, os Pontos de Cultura cumprem um importante papel no confronto aos padrões produtivos hegemônicos, intervindo na democratização dos meios de produção e acesso à cultura, valorizando as demandas produtivas de parcelas da população que anteriormente foram alijadas do acesso ao recurso público, não sendo reconhecidas em seus direitos e possibilidades históricas. Incentiva a preservação e promove a diversidade cultural brasileira, contemplando manifestações culturais de todo o país, reconhecendo a cultura em toda a sua complexidade, desde as que ocorrem nas grandes cidades, em favelas e periferias, às que se encontram em pequenos municípios, ou em aldeias indígenas, assentamentos rurais, comunidades quilombolas e universidades. Sempre preservando a autonomia, visando o exercício máximo da potência de cada sujeito envolvido e reconhecendo os Pontos como protagonistas da sua realidade.

Por isso, estamos propondo a criação de uma Lei que garanta os princípios desta Cultura Viva e a torne uma política de Estado. Queremos a Lei Cultura Viva!

Acreditamos que os Pontos de Cultura, ao incorporarem novos atores – que reconhecidamente despertam para um novo formato de execução e disseminação de sua produção cultural – criam possibilidades históricas que aproximam esses atores sociais da dinâmica do Estado. Isso porque são eles que iniciam todas as cadeias produtivas da cultura – onde o acesso às tecnologias produtivas, é condição essencial para a participação no processo de formulação de políticas públicas plurais e afirmativas. A lei Cultura Viva visa garantir uma produção cultural criativa, que se realize de baixo para cima, potencializando desejos e criando situações de encantamento social, por meio dos Pontos de Cultura.

Defendemos a inclusão da cultura no capítulo dos direitos sociais da constituição brasileira, a implantação do sistema nacional de cultura, a ampliação e democratização do financiamento público para a atividade cultural.

Reforçamos a campanha pela Lei Cultura Viva, garantindo de maneira democrática e participativa que o reconhecimento e o apoio aos Pontos de Cultura se transformem em uma política de Estado!

Cultura como direito de cidadania e dever do Estado!

Cidadania Cultural como direito de todos!

Vamos todos juntos, unidos, abraçar esta causa!


Clique aqui para assinar o manifesto

quinta-feira, 6 de maio de 2010

9ª Mostra de cinema Infantil

Florianópólis - Mostra de Cinema Infantil prorroga inscrições para 3º Pitching

Inscrições para o pitching foram ampliadas até o dia 10 de maio, quando será divulgada também a relação de filmes selecionados para a mostra competitiva

Estão prorrogadas até 10 de maio as inscrições para o 3º Pitching da 9ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Na mesma data, serão divulgados os filmes selecionados para a Mostra Competitiva deste ano. O projeto vencedor do pitching participará do fórum de financiamento de coproduções no BUFF (Festival de Cinema para Crianças e Jovens de Malmö), na Suécia, em março de 2011. Para o pitching, serão selecionadas seis propostas de longa-metragem, com temática infanto-juvenil.

Já estão confirmadas as presenças de Annette Brejner, diretora do Fórum de Financiamento do BUFF, e do produtor Lennart Strom, ex-diretor geral do BUFF por 25 anos. Anualmente, a Mostra tem recebido o apoio da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura com o custeio da passagem internacional. A defesa e as entrevistas individuais com os produtores ocorrem no domingo, 27 de junho. Interessados podem acessar o regulamento em www.mostradecinemainfantil.com.br.


SELECIONADOS

No dia 10 também será divulgado no site da mostra os filmes selecionados para a edição deste ano. Estão concorrendo 146 curtas, um número 25% maior que em 2009, quando foram inscritos 116 títulos.

A premiação em 2010 foi ampliada através de uma parceria com a TV Brasil. São quatro prêmios de aquisição no valor de R$ 5.000,00, cada um, para Melhor Ficção e Melhor Animação, que serão escolhidos por um júri formado por profissionais de cinema e de educação, Melhor Filme Júri Popular, com votação do público, e Prêmio Especial, que será indicado por um júri formado por crianças. A Mostra ocorre em Florianópolis, Santa Catarina, de 19 de junho a 4 de julho de 2010.

CONTATO
Luiza Lins
Diretora da Mostra
luizalins@mostradecinemainfantil.com.br
(48) 3232-5996, 9980-6908

Fifo Lima
Assessoria de Imprensa
imprensa@mostradecinemainfantil.com.br
(48) 4141-2116, 9146-0251

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Em Campina Grande

O CUCA Campina Grande convida para um evento que será realizado no próximo dia 07/05. A iniciativa é uma parceiria entre o CUCA-PB e a NATURA como parte integrante do Projeto "Na Area" (NATURA), e vai levar para a faculdade de Comunicação Social na Universidade Estadual da Paraíba a Banda Cidadão Instigado e o Edgard Scandurra (ex-guitarista da Banda IRA!).

Rock, pop, progressivo, eletrônico, cult e brega, mistura de estilos quando sobem ao palco 2 dos mais conceituados e originais guitarristas do Brasil: Edgard Scandurra e Fernando Catatau. Cidadão Instigado é rock original, banda onde Catatau mistura influências diversas do brega ao psicodélico. Ele é requisitado por vários artistas da nova MPB por criar timbre único com acordes distorcidos, sua marca registrada. Saiu do Ceará e ganhou o mundo, é produtor do recente CD de Arnaldo Antunes e lançou em ago/09 seu novo e aclamado CD “Uhuuu!”.


Benzina é o trabalho de Scandurra, onde a batida orgânica da bateria é acompanhada de beats digitais e o som da guitarra se mistura aos efeitos eletrônicos num livre trânsito entre o rock e a e-music. Com a banda Ira!, Scandurra virou referência de rock brasileiro, em 2008 foi eleito na revista Rolling Stone um dos 100 maiores artistas da música brasileira de todos os tempos.

Tambem ocorrerá no Auditório do Departamento de Arte e Mídia na UFCG, apartir das 14:00h do dia 07 uma palestra com o Edgard Scandurra e com o Catatau (Cidadão Instigado) sobre Mercado Cultural Independente.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Censo Nacional das Bibliotecas

biblioteca recém inaugurada em Manguinhos RJ
O 1º Censo Nacional das Bibliotecas Públicas Municipais mostra que, em 2009, 79% dos municípios brasileiros possuíam ao menos uma biblioteca aberta, o que corresponde a 4.763 bibliotecas em 4.413 municípios. Em 13% dos casos, as BPMs ainda estão em fase de implantação ou reabertura e em 8% estão fechadas, extintas ou nunca existiram. Considerando aquelas que estão em funcionamento, são 2,67 bibliotecas por 100 mil habitantes no país.

O levantamento aponta que as BPMs emprestam 296 livros por mês e têm acervo entre dois mil e cinco mil volumes (35%). Quase a metade possui computador com acesso à Internet (45%), mas somente 29% oferecem este serviço para o público. Os usuários frequentam o local quase duas vezes por semana e utilizam o equipamento preferencialmente para pesquisas escolares (65%). Quase todas as bibliotecas funcionam de dia, de segunda à sexta (99%), algumas aos sábados (12%), poucas aos domingos (1%). No período noturno, somente 24% estão abertas aos usuários. A maioria dos dirigentes das BPMs são mulheres (84%) e tem nível superior (57%).

Foram pesquisados todos os 5.565 municípios brasileiros. Em 4.905 municípios foram realizadas visitas in loco para a investigação sobre a existência e condições de funcionamento de BPMs, no período de setembro a novembro de 2009. Os 660 municípios restantes - identificados sem bibliotecas entre 2007 e 2008 pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e atendidos pelo Programa Mais Cultura com a instalação de BPMs - foram pesquisados por contato telefônico, até janeiro deste ano.

O Censo Nacional tem por objetivo subsidiar o aperfeiçoamento de políticas públicas em todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal – voltadas à melhoria e valorização das bibliotecas públicas brasileiras. Segundo o levantamento, em 420 municípios as BPMs foram extintas, fechadas ou nunca existiram. O MinC - por meio da Fundação Biblioteca Nacional, com recursos do Programa Mais Cultura - em parceira com as prefeituras municipais, promoverá a implantação ou reinstalação dessas bibliotecas, com a distribuição de kits com acervo de dois mil livros, mobiliário e equipamentos, no valor de R$ 50 mil/cada, totalizando R$ 21 milhões. As BPMs receberão, ainda, Telecentros Comunitários do Ministério das Comunicações.

Região Sul tem mais bibliotecas por 100 mil habitantes

O Sul é a região brasileira com mais bibliotecas por 100 mil habitantes (4,06), seguida do Centro-Oeste (2,93), Nordeste (2,23), Sudeste (2,12) e Norte (2,01). Tocantins (7,7 por 100 mil) é a unidade da federação com melhor índice, bem à frente das demais: Santa Catarina (4,5), Minas Gerais (4,1) e Rio Grande do Sul (4,0). Entre os piores índices estão Amazonas (0,70), Distrito Federal (0,76), Rio de Janeiro (0,86), Acre (1,44), Pará (1,60) e São Paulo (1,62).

Já o município brasileiro com maior número de bibliotecas neste quesito é Barueri, em São Paulo (4,07 por 100 mil habitantes), seguido por Curitiba (2,97) e Santa Rita, na Paraíba (2,36). Entre os piores índices estão Fortaleza (0,03), Manaus (0,05) e Salvador (0,06).

Segundo a pesquisa, a região Sudeste é a que possui mais municípios com bibliotecas abertas (92%), seguida do Sul (89%), Centro-Oeste (81%), Norte (66%) e Nordeste (64%). O Distrito Federal, com apenas uma cidade, Brasília, é a unidade da Federação que tem mais localidades com bibliotecas (100%), seguida pelo Espírito Santo (97%) e Santa Catarina (94%). O Piauí (34%) e o Amazonas (37%) têm os menores percentuais.

O Nordeste do país é a região que receberá mais kits do Governo Federal para a implantação de bibliotecas: 161 municípios, seguida pelo Sudeste (104), Sul (67), Norte (51) e Centro-Oeste (37). As cidades que não receberão kits já estão reabrindo ou implantando suas bibliotecas. Capitais têm índices baixos de bibliotecas por 100 mil habitantes. De uma lista com 263 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, as capitais têm índices mais baixos. A exceção é Curitiba (2,97). A segunda melhor no ranking é Palmas (1,06) – mas está em 28º na lista, enquanto a terceira é Brasília (0,76) – 100ª colocação. Todas as demais capitais ficam abaixo desta colocação. A única capital que não possuía BPM aberta na ocasião da pesquisa era João Pessoa. O prédio encontrava-se em reforma e a BPM já havia recebido kit de modernização do Programa Mais Cultura.

Maioria usa BPMs para pesquisa escolar

Em todo o país, os frequentadores das bibliotecas municipais vão aos estabelecimentos para fazer pesquisas escolares (65%), pesquisas em geral (26%) e para o lazer (8%). Os nordestinos e os nortistas registram a maior frequência para pesquisa escolar (75%), enquanto os usuários do Sudeste são os que mais frequentam para o lazer (14%).

Entre os estados em que o uso da biblioteca para pesquisas escolares é maior está o Amapá (91%) Por sua vez, os frequentadores de São Paulo são os que mais vão às bibliotecas para o lazer (22%).

Os assuntos mais pesquisados nas bibliotecas são Geografia e História (82%); Literatura (78%), e obras gerais – enciclopédias e dicionários – (73%). Neste quesito, a resposta era de múltipla escolha e, portanto, a soma é superior a 100%.

Usuário visita biblioteca cerca de duas vezes por semana

Segundo o levantamento, a média de visita ao estabelecimento é de 1,9 vez por semana. Os moradores do Nordeste são os que mais frequentam bibliotecas municipais (2,6 vezes por semana), enquanto a média do Sul e do Sudeste é a mais baixa (1,6 por semana). Norte e Centro-oeste têm frequências de 2 e 1,8 vezes por semana, respectivamente.

Roraima é o destaque, com ida de 4,1 vezes por semana, seguida por Pernambuco (3,7) e do Distrito Federal (3,5). Os piores índices de frequência ocorrem no Acre, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Sergipe (ambos com uma vez por semana).

Origem do acervo da maioria das bibliotecas é doação

O acervo da maioria das bibliotecas é constituído por doação (83%). O Nordeste é a região onde as doações são maiores (90%), seguido pelo Sudeste (85%) e Centro-Oeste (84%). Por outro lado, o Sul tem o maior índice de compra de acervo (28%), seguido pelo Norte (19%).

Na média brasileira, a maior parte das bibliotecas tem acervo entre dois mil e cinco mil volumes (35%). Nas demais faixas: até dois mil volumes (13%), entre cinco mil e dez mil (26%) e mais de dez mil (25%). É no Sudeste que se concentra a maior quantidade de bibliotecas com acervo superior a dez mil volumes (36%). Por outro lado, a maior quantidade de bibliotecas com até dois mil volumes está concentrada no Norte (25%).

Sudeste lidera média de empréstimos de livros

A média nacional de empréstimos domiciliares é de 296/mês. Os moradores do Sudeste são os que mais fazem empréstimos (421/mês), seguidos do Sul (351/mês), Centro-Oeste (157/mês), Nordeste (118/mês) e Norte (90/mês).

Entre os estados, São Paulo faz mais empréstimos (702/mês), seguido do Distrito Federal (559/mês) e Paraná (411/mês). As menores médias ocorrem no Amapá (11,7/mês), Tocantins (43,5/mês) e Maranhão (52/mês).

Menos de 10% das BPMs oferecem serviço para pessoas com deficiência

Apenas 9% das BPMs oferecem serviços para deficientes visuais (audiolivros, livros em Braille etc). No caso dos serviços especializados para surdo-mudos, deficientes mentais ou físicos, o índice cai para 6% das bibliotecas.

Apenas 24% das BPMs funcionam à noite e 1% aos domingos

A grande maioria dos estabelecimentos funciona de dia, de segunda à sexta-feira (99%). Somente 12% abrem aos sábados e 1% aos domingos. O Sudeste é onde existe um percentual maior de bibliotecas que funcionam aos sábados (14%), seguido do Centro-Oeste (13%), Sul (12%), Norte (11%) e Nordeste (6%).
À noite, 24% dos estabelecimentos estão abertos. No Nordeste é onde está a maior parte das bibliotecas que funciona à noite (46%), seguida do Norte (28%), Centro-Oeste (21%), Sul (18%) e Sudeste (12%).

Quase metade das bibliotecas tem acesso à Internet.

A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas revelou, também, que 45% das bibliotecas têm computadores com acesso à internet. O Sul concentra o maior percentual de estabelecimentos com acesso à internet (65%), enquanto o Norte tem o menor (20%). No entanto, em apenas 29% das BPMs do país os usuários têm acesso direto à Internet. Mais uma vez o Sul lidera este item (45%), enquanto o Norte tem a menor quantidade (15%).

Maioria das BPMs desenvolve programação cultural

A maioria das BPMs oferecem alguma atividade cultural (56%). Entre os serviços prestados a seus usuários, o mais recorrente é a Hora do Conto – ocasião em são contadas histórias para as crianças e jovens. Este serviço é oferecido em 29% dos estabelecimentos. Já 25% promovem oficinas de leitura e 24% realizam roda de leitura.

Dirigentes das BPMs são mulheres e têm nível superior

O levantamento mostra que 84% dos dirigentes das bibliotecas são mulheres. Em Santa Catarina, Acre e no Rio Grande do Norte o índice chega a 90%, seguidos por Paraná (88%) e Pernambuco (87%). A maioria dos dirigentes tem nível superior (57%). O Acre é onde o grau de instrução é maior (80%) e o Amapá, a menor (27%).

Na média nacional, as BPMs têm 4,2 funcionários – o Nordeste tem o maior índice (5,7), seguido do Norte (4,5), Sudeste (4,1), Centro-Oeste (3,5) e Sul (3,0). O Distrito Federal é a unidade da Federação com a maior quantidade de funcionários (8,1) e Santa Catarina é a que tem a menor (2,4).

domingo, 2 de maio de 2010

Conversa de Cinema

Para inaugurar a nova fase do Cineclube Baixa Augusta, e o seu novo canal de comunicação, foi criado um Blog onde estão divulgadas suas atividades e debatidos os filmes apresentados no espaço do cineclube (e outros espaços também). Posteriormente, serão postadas todas as conclusões e a íntegra do debate para quem quiser se aprofundar nas discussões dos temas tratados. Essa sessão terá o nome de "conversa de cinema".

A retomada desta nova fase será na próxima 2ª feira, dia 3 de maio, às 19h30 com a exibição do filme e debate após a sessão

O Descobrimento do Brasil

Brasil, 1937
Duração 83 min.
Tipo Longa-metragem / P&B
Produtoras Brazilia Filme, Instituto do Cacau da Bahia

Diretor
Humberto Mauro
Roteiristas Affonso de Taunay, Bandeira Durte, Humberto Mauro
Elenco
Álvaro Costa, Manoel Rocha, Alfredo Silva, De Los Rios, Armando Duval, Reginaldo Calmon, João de Deus, João Silva, Artur Castro, J. Silveira, Arthur Oliveira, Hélio
Barroso, Costa Henrique, Humberto Mauro, João Mauro

SINOPSE



Clássico do cinema nacional que narra a chegada do navegador português Pedro Alvares Cabral ao Brasil. Uma das características do filme foi a reconstituição, em tamanho natural, da nau capitânia de Cabral, construída dentro dos estúdios da Cinédia. Já as miniaturas foram feitas por José Queiroz, que anteriormente desenvolveu o mesmo trabalho técnico em ''Bonequinha de Seda''.

Cultura livre e batalha digital

Muito tem se falado ultimamente sobre propriedade intelectual e novas tecnologias. Com as reformas da Lei de Incentivo à Cultura (conhecida como Lei Rouanet) e, principalmente, da Lei do Direito Autoral, o atual modelo de produção e distribuição de bens culturais vem gerando um intenso debate entre órgãos do poder público, sociedade civil organizada e academia.

É neste contexto que se insere o CopyFight, seminário organizado pelo Pontão de Cultura Digital da Escola de Comunicação da UFRJ, realizado dias 28 e 29 de abril. Declarando guerra ao “direito de cópia” (copyright, em inglês), a discussão girou em torno de questões como pirataria, compartilhamento em rede, cultura livre e direitos autorais. As mesas de debates, transmitidas pela Internet, geraram significativa interação pelo twitter entre os participantes presenciais e virtuais, e refletiram a movimentação em torno do tema.


Em uma sociedade regida em grande medida pela informação, o acesso ao conhecimento tornou-se uma questão de mercado, processo que Ivana Bentes, diretora da ECO/UFRJ, chama de “capitalismo cognitivo”. Por outro lado, a descentralização da internet e a propriedade do conhecimento possibilitam a produção e a troca cultural em novos modelos, através da auto-organização em rede.

Os chamados softwares livres possuem códigos abertos, ou seja, a fonte de programação do sistema está disponível para que os usuários possam alterar, incrementar e redistribuir estes programas de acordo com seus usos e preferências. Por sua vez, os softwares proprietários não permitem que o código-fonte seja modificado pela comunidade, dando menores possibilidades de escolha ao usuário, que tem que pagar para ter atualizações em seu sistema.

Os defensores de softwares livres alegam que, além de serem gratuitos, os programas com código aberto são mais funcionais, por estarem em constante desenvolvimento por colaboradores em rede: a
criação de um software livre em rede, como o sistema operacional Linux por exemplo, envolve em torno de 150 mil colaboradores de todo o mundo, e atualmente roda em cerca de 20 milhões de máquinas pelo planeta - entre elas o próprio Google. Para Sergio Amadeu, sociólogo e pesquisador em tecnologia da informação e comunicação, “o compartilhamento do conhecimento é a base da criatividade, a sociedade do conhecimento não depende e nunca dependeu da propriedade".

Porém, mais do que uma questão técnica, o uso de softwares livres é uma opção política. Principal mídia da sociedade em rede, o software é uma interface tecnológica fruto de decisões humanas, e, em uma sociedade regulada por códigos, impõe a ideologia de seus programadores.

Segundo o advogado e professor da UFRJ Pedro Ivo, as novas tecnologias demandam novos modelos de negócio, e temas como a arrecadação de direitos autorais, por exemplo, não devem ser pensados sob modelos tradicionais: “como explicar pra uma pessoa que vive há 30 anos em um modelo de negócio tradicional, que ela pode usar a internet de forma estratégica? ”. Hoje em dia milhares de profissionais que trabalham desenvolvendo plataformas livres, e diversos artistas disponibilizam suas obras na Internet, divulgando seu trabalho e estabelecendo outras trocas financeiras para além do produto em si. Para o músico Jards Macalé, "a ideia é que todos criem, troquem... quem diz quem é ou não é artista?".

Na discussão em torno dos direitos autorais, defende-se a flexibilização da legislação no sentido de reconhecer estas novas dinâmicas possibilitadas pela Internet e as novas tecnologias. Como alega Amadeu, "quando uma prática social como a cópia de produtos culturais é utilizada de maneira intensiva, não é a Lei que está errada?". 

O debate contou também com a presença de um representante do Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais (ECAD), o principal agente de fiscalização do “uso indevido” de obras "protegidas". Argumentos como "você não gostaria que invadissem a sua casa ou pegassem o seu carro", que criminaliza um jovem que baixa uma música na Internet, por exemplo, foram facilmente questionados quando observado que o acesso à informação também é um direito previsto em Lei.

Sendo assim, a proposta do evento era “hackear o Copyright”, ou seja, saber usar os códigos e a linguagem do modelo tradicional para dialogar sobre novos modelos de negócio. Pedro Ivo exemplifica a questão brincando com termos jurídicos, defendendo o “compartilhamento colaborativo de um determinado produto cultural sob licenças privadas” – ou seja, “piratear”. 

Maior evento de inovação tecnológica e Internet do mundo, o CampusParty lançou este ano um adesivo que reflete bem esta preocupação: "adoraria mudar o mundo, mas não me deram o código fonte".
Por @alinecarvalho