Expedições Brasil
O programa Expedições que a TV Brasil exibe nesta segunda-feira faz uma homenagem ao intelectual, político, educador e antropólogo Darcy Ribeiro, que faleceu há 12 anos. Um resumo da farta biografia deste mineiro de Montes Claros ilustra sua história, contada através de fotografias e vídeos de época. A entrevista de Darcy foi concedida a Paula Saldanha, em 1996, na sala de estar de seu apartamento no Rio de Janeiro. O foco principal da conversa é o livro O Povo Brasileiro, que Darcy considerava sua obra maior. O livro é um verdadeiro retrato do povo brasileiro, que sempre foi sua grande paixão. Das primeiras linhas até sua publicação foram quase 30 anos. “Depois de escrever 400 páginas, eu lendo, caí em mim de que era impossível ter um livro sobre o povo brasileiro, porque não havia teoria pra explicar o povo brasileiro. Era preciso primeiro fazer essa teoria. Então, eu fechei aquele livro e fui escrever essa teoria”, conta o intelectual na entrevista. Darcy buscou nas várias esferas do conhecimento as respostas para o processo de formação do Brasil e de seu povo. Escreveu e reescreveu as páginas de O Povo Brasileiro algumas vezes até chegar ao que foi publicado em 1995. “Esse livro foi a tarefa intelectual mais complexa que eu enfrentei na minha vida, a mais difícil também. A minha vida foi feita para escrever esse livro, pra dar ao povo brasileiro um retrato em que ele se visse de corpo inteiro. Esse livro é uma remeditação minha, uma reflexão profunda minha sobre tudo que eu sabia sobre o povo brasileiro, com a vontade de dar um painel pra mostrar como o nosso povo se fez”, continua. Darcy Ribeiro construiu seu legado baseado em três pilares principais: as ciências sociais, a política e a educação. Ele afirmava que o Brasil tinha um gênero novo de gente, capaz de portar uma nova civilização: a primeira civilização tropical. Segundo ele, herdeira não só da corrente européia, “que é uma coisa avassaladora”; mas também da herança indígena, “que nos transmitiu conhecimento nos nomes”; e da sabedoria e, sobretudo, sentimento negro. Para o antropólogo, a tarefa do povo brasileiro, então, era construir uma civilização nova, totalmente diferente, e fazê-la florescer. “Eu estou com pressa. Eu tenho pena que ainda não aconteceu, e queria que acontecesse no meu tempo. Se não acontecer não me importa, eu saúdo daqui, com esse livro para aqueles que virão, que continuarão fazendo o Brasil, para se tornar essa grande civilização que nós podemos ser; que nós havemos de ser”, revelou o grande educador brasileiro.
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