Existe limite para a imbelicidade?
A crise da mini saia
Imagens retiradas do Youtube
Aluna sai escoltada por policiais de universidade (Foto: Reprodução)
Com o perdão do fatalismo, acabo de ter a impressão de que os cavaleiros do apocalipse estão em marcha sobre a avenida Paulista. A irracionalidade - para não dizer a imbelicidade - coletiva atingiu seu ponto alto nesta semana, no campus ABC da Universidade Bandeirantes - Uniban, e daqui para frente tudo podemos esperar.
Vamos aos fatos. Aconteceu o seguinte: uma moça apareceu para a aula de vestido curto. Foi o seu "pecado". Bastou isso e uma horda de bárbaros passou a segui-la e ofendê-la pelos corredores daquilo que deveria ser um estabelecimento de ensino. Pasmem: a moça foi obrigada a sair do campus escoltada pela Polícia Militar, coberta por um guarda-pó (esses aventais de professor) e coberta pelos gritos da massa: "Puta", "Puta"!, urravam os imbecis.
A primeira pergunta que me faço é bem simples: e se ela fosse, qual o problema? Porque seria positivo que vivéssemos numa sociedade em que nenhuma pessoa precisasse submeter-se a este ofício, mas não vivemos e a profissão existe. Aliás, sem falsos moralismos: ainda que ela fosse, ainda que não fosse pelo dinheiro e ainda que ela gostasse da profissão, o que teriam a ver com isso os calhordas que humilharam a garota? Nada, rigorosamente nada.
Mas, ao que tudo indica, ela não era. O que traz a outra pergunta, essa mais difícil. O que se passa pela cabeça de pessoas, em sua maioria jovens, para perseguir alguém pela roupa que usa, pelo modo como se comporta, pelo que faz ou deixa de fazer? A coisa é tão reacionária que chega a assustar.
Não é só o conservadorismo próprio de um cada vez mais triste estado de São Paulo, que só faz tolher, cercear, limitar as liberdades das pessoas. É mais, é muito mais.
Também não apenas a hipocrisia abjeta que desfila por aí. Afinal, as televisões do mundo todo são invadidas diariamente por peladas e pelados de todos os matizes - coisa que não tem provocado grandes mobilizações populares ao que me consta.
O fato revelou o descompromisso com qualquer sentimento de solidariedade ao próximo e também um certo que de "superioridade", de quem se julga patrulheiro do comportamento alheio.
O que aconteceu nesse episódio foi o próprio agir de bando, o efeito manada - e aqui está, ao meu ver, o fato mais grave. A racionalidade, se ali existisse, diria para que alguém na horda parasse, respirasse e murmurasse consigo mesmo, de maneira envergonhada: "o que, raios, eu estou fazendo xingando essa moça"?
Mas o bando, como se sabe, não tem rosto, fisionomia e nem raciocínio próprios. Agiu apenas por instinto, de maneira agressiva. É este um dos maiores problemas do nosso tempo: a perda de referenciais, a desumanização das relações. Cada vez que algo assim acontece, a imbecilidade, triunfal, agradece.
- Veja também o vídeo da agressão à estudante.
Estivéssemos na década de 50, predecessora da mini-saia, num colégio conservador e tradicional.Uma jovem, em vez de usar o uniforme escolar, aparecesse de saia curta. Aí, caberia o espanto, não a reação.Agora, em pleno século 21, quando todos os tabus foram derrubados, e a maioria dos valores morais conservadores jazem no esquecimento, tanta imbecilidade, causa estranheza. Mais parece cena de filme pastelão.
ResponderExcluirNuma escola, nujma faculdade, as pessoas devem se vestir de forma decente. Não ir vestida como uma prostituta. Essa moça com essa roupa, mais parece aqueles travestis que ficam nas esquinas. Tanta coisa importante para se preocupar, vão se preocupar com uma vagabunda que quer se aparecer. É por isso que cada vez mais a figura da mulher se vulgarizou. As mulheres não tem mais valor.
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