Salve Geral
A comissão do ministério que escolheu Salve Geral foi formada pelo cineasta Carlos Gerbase, o crítico de cinema Carlos Alberto Mattos, o produtor Beto Rodrigues, a professora da UFRJ Ivana Bentes e o exibidor Luiz Gonzaga de Luca. A decisão da comissão não foi unânime, mas consensual.
Baseado em fatos reais, o longa-metragem retrata os incidentes provocados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo em 2006 sob o ponto de vista de Lúcia, interpretada por Andréa Beltrão, uma mulher simples de classe média que passa por dificuldades financeiras e quer tirar o filho adolescente da cadeia.
"Os filmes eram muito diferentes, com estilos bem distintos. Não tinha como comparar, foi uma decisão difícil. Precisamos usar alguns critérios como a qualidade técnico-artistica e mesmo a questão temática", diz Ivana Bentes, para quem a contemporaneidade do assunto e a maneira como Sérgio Rezende decidiu tratá-lo foram fundamentais para a escolha. "Salve geral trata de um problema básico no nosso país, que é a violência", diz Ivana.
O produtor de Salve geral, Joaquim Carvalho, acredita que a repercussão internacional dos ataques do PCC será fundamental para a aceitação lá fora. A comissão nega, entretanto, que a escolha tenha sido feita pelo gênero do filme, de cunho mais social e violento, que parece agradar à Academia: "O gosto da comissão do Oscar é imponderável. Quando olhamos a lista de filmes que o Brasil mandou para avaliação nos outros anos, não conseguimos estabelecer um padrão, tem desde filmes com linguagem mais clássica até mais autorais. Até porque, a comissão de lá sempre muda", acredita Ivana.
Carvalho corrobora essa ideia, e não entende que haja um gênero certo ou errado, o que há são filmes bons ou ruins, simplesmente:
"A violência urbana sempre foi retratada no cinema. Se formos pensar assim, o que está saturado é a comédia", defende Carvalho, que acreditou no projeto desde o início e foi um dos responsáveis pela inscrição do filme para análise da comissão.
Menos de 10% dos 108 filmes brasileiros exibidos no primeiro semestre deste ano se interessaram em fazer o mesmo. Os dez filmes que concorriam à vaga eram: Besouro, de João Daniel Tikhomiroff; Budapeste, de Walter Carvalho; O Contador de Histórias, de Luiz Villaça; Feliz Natal, de Selton Mello; A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele; Jean Charles, de Henrique Goldman; Síndrome de Pinnochio - Refluxo, de Thiago Moyses; O Menino da Porteira, de Jeremias Moreira; Se Nada Mais Der Certo, de José Eduardo Belmonte; e Salve Geral, de Sérgio Rezende..
Mais de 95 países devem concorrer a uma das cinco indicações na categoria de melhor longa-metragem estrangeiro do Oscar 2010. A cerimônia da 82ª edição do Oscar está marcada para 07 de março de 2010, no Kodak Theatre, em Los Angeles. Os indicados serão anunciados pouco mais de um mês antes, em 02 de fevereiro. Sérgio Rezende está confiante: "Claro que quero ganhar o Oscar! É como no futebol: ninguém que treinou entra em campo esperando a derrota. Não é questão de ser arrogante, mas faz parte do jogo. Estou lá para ser um dos finalistas, sim", diz o diretor, para quem, de imediato, a indicação do filme irá ajudar na promoção do lançamento. "Fazer pré-estreia no Rio de Janeiro e em São Paulo é bem diferente de ter essa dimensão nacional. De Norte a Sul do país as pessoas vão ouvir falar do filme", diz.
Infelizmente, o público só poderá decidir se Salva Geral é digno da indicação a partir do dia 2 de outubro, quando o filme estreia em circuito comercial.
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