segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Seminário discute o fortalecimento da cultura nos países latino-americanos

Evento será realizado em Brasília no início do próximo mês e reunirá participantes de toda a América Latina. Meta é consolidar proposta de lei que prevê a implementação de projetos semelhantes ao Ponto de Cultura em toda a região.

Nos dias 03 e 04 setembro, Brasília será palco de uma importante articulação pelo fortalecimento da cultura nos países que integram o Mercosul e outros da América Latina.

A inscrição pode ser feita no oficinascena2009@gmail.com, enviando um e-mail com a palavra SEMINÁRIO no campo "assunto" e seus dados (nome/grupo/organização/área de atuação/telefone/e-mail) no campo do texto.

Nesses dois dias acontecerá, no auditório II do Museu Nacional da República, o Seminário Cultura e Protagonismo Social na América Latina. O encontro, uma iniciativa da Articulação Latinoamericana: Cultura e Política (ALACP), reunirá especialistas e protagonistas de diversos países latino-americanos para debater propostas conjuntas sobre a legislação cultural na região. O seminário acontecerá no âmbito da nona edição do Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília.

Em pauta, estarão questões como o estabelecimento de um diálogo intercultural; a integração regional; oportunidades para um desenvolvimento sustentável; cidadania e direitos culturais, fortalecimento institucional e das dinâmicas da cultura; e a possibilidade de implementação de um projeto piloto de “Pontos de Cultura” na região do Cone Sul.

Para que esta iniciativa seja possível, durante o evento será apresentada a proposta de um anteprojeto de lei que será encaminhado ao Parlamento do Mercosul e a parlamentos nacionais da América do Sul. O documento prevê que os “Pontos de Cultura” se articularão entre si, formando redes de natureza regional, bem como terão atuação focada, prioritariamente, em áreas com índices significativos de violência, baixa escolaridade e outros indicadores de baixo desenvolvimento.

Durante o encontro, nomes como Gilberto Gil (cantor, compositor e ex-ministro da Cultura do Brasil), Hugo Achugar (diretor de Cultura do Ministério de Educação e Cultura do Uruguai), Mabel Muller (parlamentar representante da Argentina no Parlasul), e Mirtha Palácios (parlamentar representante do Paraguai no Parlasul) são alguns dos que estarão presentes nas mesas de debate que serão realizadas.

Sobre os Pontos de Cultura

No Brasil, a iniciativa consiste no apoio a projetos desenvolvidos pela sociedade civil, selecionados por editais públicos. O Ponto de Cultura não segue um padrão, nem para instalações físicas, nem de programação ou atividades. Pelo contrário, sua marca consiste na transversalidade das atividades culturais e na gestão compartilhada entre o poder público e a comunidade. Os Pontos de Cultura devem funcionar como instrumento de estímulo e articulação de ações e projetos já existentes nas comunidades, desenvolvendo ações continuadas em áreas como culturas populares, grupos étnico-culturais, patrimônio material, expressões artísticas, entre outras.

Sobre a ALACP

A Articulação Latinoamericana: Cultura e Política (ALACP) é uma rede de experiências e de comunicação composta por organizações sociais, culturais e de expressões artísticas que visa contribuir para os processos de democratização/cidadania cultural, construção de valores e símbolos que sejam capazes de mobilizar manifestações e posições de afirmação a favor de uma sociedade mais justa, plural, equitativa, sustentável fundada na radicalização e implementação dos direitos humanos nas diversas sociedades e povos da América Latina. Mais informações sobre a rede estão disponíveis no site

Para saber mais sobre o projeto de lei e a programação do seminário, clique

Intervenções Artísitcas

O XXIV ENECS pretende se reafirmar como espaço de reflexão de estudantes acerca dos problemas e questões que emergem da pauta política, social e cultural e deverá reunir mais de mil estudantes de todos os estados brasileiros.

Integrantes do Coletivo Camaradas realizarão intervenções artísticas durante o XXIII Encontro Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais - ENECS que será realizado na Universidade Federal da Paraíba – UFPB, em João Pessoa, no período de 29 de agosto a 04 de setembro.

Michael Marques, Cicinha Andrade, Dayze Carla e Amanda Priscila, integrantes do Coletivo e acadêmicos do Curso de Ciências Sociais da URCA são os responsáveis pela ação na capital paraibana e realizarão intervenções que discutem o uso comercial das imagens do Padre Cícero e da Mulher, carimbaço divulgando a suposta realização da bienal da União Nacional dos Estudantes no Ceará em 2011, a qual um dos desafios dos artistas e estudantes que vem batalhando para que esse evento seja realizada pela primeira vez no Estado cearense.

A artista Amanda Priscila será responsável pela realização de uma oficina de stencil, dentro da programação oficial do evento.
O poeta Michael Marques destaca que a participação do Coletivo Camaradas, na fomentação de uma ação engajada e com perspectivas de mudanças sociais vem fortalece a identidade de atuação do grupo. Ele acrescenta que o ENECS é um dos mais importantes eventos acadêmicos do Brasil, por se tratar da construção de novos pensadores sobre a sociedade e futuros Sociólogos.

Para se ter idéia da dimensão do evento a Comissão Organizadora apresenta uma proposta de programação que incluem 112 (cento e doze) atividades do eixo acadêmico (Grupos de Trabalhos, Mesas-Redondas, Palestras, Mini-Cursos), 11 (onze) atividades do eixo político (Grupos de Discussões, Oficinas de Preparação do Ato Público, o Ato Público, Plenária Final) e 40 (quarenta) atividades do eixo artístico-cultural (Oficinas, Shows Musicais, Apresentações de Teatro e Dança, Mostra de Vídeos/Filmes, Artesanatos e entre outros) durante os sete dias de evento.

domingo, 30 de agosto de 2009

Representante da direita mais colonizada, diz que é independente

"Sou do tempo que a UNE era independente. O movimento estudantil era diferente, não era oficialista como é agora”.

Engraçado. E o que é que o presidente da UNE, José Serra foi fazer no Comício da Central, em 1964, ao lado do grande Presidente João Goulart, Brizola e Arraes ? O famoso Comício de Base? Ele foi como “independente”? Ou ele era um agente infiltrado do lacerdismo ?
Essa extravagante afirmativa para não dizer “mentira” – faz parte do programa de discursos do Zé Pedágio para a (inútil) campanha a presidente em 2010.

Segundo Luciana Nunes Leal, do Estadão, “Serra evita atacar Lula mas já formata discurso para 2010. A “formatação” é coisa de gênio (Ou de “economista competente” – cadê o diploma dele, hein ? ) No Morro do Alemão, em Capão Redondo, Zé Pedágio vai subir o palanque ao lado do Farol de Alexandria e, segundo a Luciana, defenderá o seguinte: “Mudança radical (?) na política industrial. Ataque ao aparelhamento do Estado no Governo do PT; preocupação (ele é um gênio ! – PHA) com o meio ambiente; e o já famoso (“famoso”, onde, Luciana, no show do Roberto Carlos ? – PHA) "ativismo governamental".Ele é um gênio. Duvido que alguém lá no Alemão saiba o que é “aparelhamento do Estado”. Vão pensar que é um aparelho nos dentes no Estádio do Vasco. A Luciana, Estadão e o Zé Pedágio devem achar que é a máxima sabedoria “evitar atacar o Lula”, diante da popularidade avassaladora do Presidente da República.

Não é nada disso.

Isso significa que os demo-tucanos não tem com o que subir no palanque.

Não tem bandeira.

Não tem idéias.

Não tem propostas.

O Lula comeu as idéias deles.

Perguntei a um governador do PMDB “com o que o Serra vai se candidatar a presidente”.

Ele me respondeu: “com o PiG” (*).

Podia ter dito: com a Luciana …

O problema não é o Lula – é o que o Lula fez e o Farol de Alexandria não fez.

Esse é o problema dos demo-tucanos: o Lula vai pregar o Fernando Henrique no pescoço do Serra – clique aqui para ler.

O Zé Pedágio foi ministro do Farol duas vezes: como ministro do Planejamento e da Saúde.
Não tem como fugir do fantasma do Farol.

E por que o Zé Pedágio não “formata” nada sobre a segurança , por exemplo ?

O mesmo Estadão diz hoje, na capa do caderno “Metrópole”, que os roubos batem recorde no Estado (sem falar que, este ano já houve 36 arrastões no Estado de São Paulo, o feudo dos tucanos há 15 anos).

O interessante é que a culpa de tanto roubo é do Lula.

O sociólogo-chefe do departamento e estatísticas (?) da Secretaria de Segurança diz que os roubos aumentaram por causa da crise econômica.

Claro: a culpa é do Lula…

Por dentro da TEIA

O Ponto de cultura Hip Hop a Lápis encerrou a programação de sábado da TEIA - SP


Foi uma espécie de tutorial sobre o universo do Hip-Hop: Beto Teoria, integrante do projeto, apresentou os 4 elementos que formam o movimento. Primeiro foi a vez do grafite, representado pelo artista Tiago.

O segundo elemento foi o MC, com o rapper Tifú cantando e improvisando sobre circo, tema sugerido pela plateia por causa do local do apresentação: um picadeiro. Depois foi a vez do breaking, a dança tradicional do rap, apresentada pelo grupo RP Crew.

Por último veio o DJ Oicram, que comandou as pickups durante todo o show e fez uma pequena demonstração solo no final.

sábado, 29 de agosto de 2009

Cultura

América Latina adotará modelo brasileiro do programa Pontos de Cultura

O projeto Pontos de Cultura - implementado pelo governo federal - servirá de exemplo para toda a América Latina. A ALACP (Articulação Latinoamericana: Cultura e Política) vai definir, na próxima semana, uma proposta de projeto de lei que implemente nos países do continente programas semelhantes à iniciativa brasileira. O debate ocorre nos próximos dias 3 e 4, em Brasília, e a proposta final será enviada ao Parlamento do Mercosul, o Parlasul, e aos parlamentos dos países do bloco.

Para o assessor político do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos, que compõem o comitê executivo da ALACP), Edélcio Vigna, o Pontos de Cultura tornou-se referência para o projeto por "não ser apenas um apoio financeiro".

O Pontos de Cultura apoia projetos desenvolvidos pela sociedade civil, selecionados por editais públicos. Ele não segue um padrão de instalações físicas, de programação ou de atividades. Aposta na transversalidade das atividades culturais e na gestão compartilhada entre o poder público e a comunidade.

"As organizações que recebem os recursos do projeto Pontos de Cultura realizam outras articulações dentro de suas comunidades, elas são pontos de radiação", defendeu Vigna. "As políticas de incentivo à cultura estão sendo desenvolvidas [nos países do Cone Sul] da maneira mais tradicional: financiando eventos", lamentou.

Para ele, se esse apoio à cultura for implementado nos países do Cone Sul, "poderá ajudar na articulação entre todos esses países". "Esse projeto estimula a finalidade da cultura, que é de integrar os povos, as comunidades", disse.

O projeto está sendo considerado como um primeiro passo para a elaboração de uma legislação regional. O objetivo é definir políticas articuladas entre os países do Cone Sul, que poderão ser ampliadas para toda a América do Sul.

A ALACP considera que o Mercosul tem enfatizado, desde sua criação (1991), questões ligadas à política e economia, deixando de lado pontos fundamentais como educação e cultura.

A proposta ainda está sendo concluída. Nos dias 3 e 4, durante o Seminário Cultura e Protagonismo Social na América Latina, ela será definida pela ALACP, especialistas e protagonistas sociais de diversos países da região. Os participantes também vão discutir questões como diálogo intercultural, integração regional e oportunidades para um desenvolvimento sustentável.

O projeto de lei será novamente debatido no final de setembro, em São Paulo. O grupo está recebendo auxílio dos consultores legislativos do Senado brasileiro e do Ministério da Cultura (MinC), do governo federal, responsável pelo projeto Pontos de Cultura.

Em novembro, em Buenos Aires, a proposta final do Projeto de Norma (como são denominados os projetos de lei do Parlasul) será apresentada ao Parlamento do Mercosul.

Fonte: Adital

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pela liberdade criativa no carnaval carioca

1º Bailão Pró Carnavalesco da Cidade do Rio de Janeiro

A gente não quer promover bagunça, mas o excesso de normatização pode acabar com a espontaneidade dos blocos de carnaval do Rio de Janeiro.

Queremos cair na folia com o povo no meio da rua, cantar hinos e marchinhas a plenos pulmões, criar nossos roteiros ao sabor do acaso e da vontade dos participantes, estimular o livre dançar e aproveitar a melhor época do anona cidade do Rio. E principalmente, queremos assegurar a liberdade de ter idéias novas e colocá-las em prática na véspera do carnaval.

Estipular que 31 de agosto é a data final para regulamentação dos blocos de carnaval é um contra-senso – afinal, boa parte da graça de pular em blocos consiste no inusitado de idéias que podem surgir no calor do verão, em meio aos ensaios e batucadas de esquenta.

Convocamos todos os blocos do Rio de Janeiro a fazer um bailão a céu aberto, em plena tarde de domingo, 30 de agosto, na Praça XV.

Chamem os amigos, tragam as famílias, crianças, e VENHAM FANTASIADOS. A farra continua!!

Dia domingo, 30 de agosto de 2009
Hora
14h
Local Praça XV – Centro, Rio de Janeiro


Abaixo o AI-5 Digital

Todos (as) à Conferência de Comunicação

A Folha de SP, mais uma pertencente ao bloco dos que boicotam a Conferência de Comunicação, resolveu iniciar sua ofensiva na luta pela aprovação do AI-5 digital. Essa semana, publicou um seu site, a sinopse do livro "O Culto do Amador", de Jorge Zahar. A obra, que está disponível na Livraria da Folha, sataniza os meios livres de comunicação digital como My Space, blogs e youtube. O autor remete tudo a um único pacote que ele denomina "pirataria digital". De acordo com suas conclusões, o meio em que vivemos está se transformando em uma rede de banalidades e desinformação. Há falta de relevância e veracidade das informações. Importantes instituições culturais --em particular a música e a mídia impressa-- estão perdendo espaço para uma avalanche de conteúdo amador e gratuito. A sinopse vai adiante, ao dizer que a tal "pirataria digital" está prejudicando nossa economia, nossa cultura e nossos valores.

Esta é apenas mais uma demonstração da Folha, de que é realmente contrária à defesa da liberdade e do progresso do conhecimento na internet brasileira. Ela quer fazer da Internet o que a elite brasileira sempre fez com a universidade e com os meios de comunicação. Tornar uma propriedade de poucos, assim como as gravadoras fizeram com nossa música, como as fundações dos grandes bancos privados fizeram com o cinema e o teatro, como os laboratórios fizeram com nossa biodiversidade e como a Abril fez com nossa produção literária.

Para a Folha, as livres experiências de criação no mundo da imagem e da escrita digital, não passam de atividades amadoras, banais e desinformadoras.

Era de se esperar. A circulação impressa da Folha está caindo vertiginosamente. Apenas no primeiro semestre de 2009, a folha perdeu 5% dos seus leitores. Enquanto isso, na internet, os grandes portais de notícias, como a própria Folha on Line, disputa em pé de igualdade com outras redes de comunicação, que possibilitam a troca, a colaboração, a socialbilidade, a produção de informação e a ebulição cultural.

Mas, não é de igualdade que a Folha está falando. Ela insiste em empreender seus esforços na construção da sociedade dos privilégios. O que para um brasileiro pode ser a oportunidade de desenvolvimento e convívio com os meios de produção do conhecimento, para a Folha é "amadorismo". O que pressupõe a livre circulação do conhecimento e a apropriação coletiva dos meios para a recriação e fruição da cultura e da informação, para a Folha é "pirtaraia". Assim, ela vai apregoando seu idário ditatorial, no sentido de fortalecer os esforços dos parlamentares que ela financia nas campanhas eleitorais, e por esse caminho instituir o AI-5 digital no Brasil.

Esse projeto pretende bloquear as práticas criativas e atacar a internet, enrijecendo todas as convenções do direito autoral. O Blog do CUCA integra a campanha contra a aprovação do substitutivo proposto pelo senador Eduardo Azeredo no PL 137/2000, do Senado, e reitera: O Substitutivo do Senador Eduardo Azeredo quer bloquear o uso de redes P2P, quer liquidar com o avanço das redes de conexão abertas (Wi-Fi) e quer exigir que todos os provedores de acesso à Internet se tornem delatores de seus usuários, colocando cada um como provável criminoso. Centenas de atividades criativas serão consideradas criminosas pelo artigo 285-B do projeto em questão.

É o reino da suspeita, do medo e da quebra da neutralidade da rede. Caso o substitutivo do Senador Azeredo seja aprovado, milhares de internautas serão transformados, de um dia para outro, em criminosos. Abaixo o AI-5 Digital!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

1º Salão de Divulgação Científica será durante Semana de C&T

Após participação exitosa na 61ª Reunião Anual da SBPC, a Associação Nacional dos Pós-Graduandos realizará o 1º Salão de Divulgação Científica, de 21 a 23 de outubro na PUC-SP. O Salão é promovido em parceria com a União Nacional de Estudantes (UNE), a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e a Comissão Executiva Nacional do Programa de Educação Tutorial (CENAPET). Poderão participar dessa atividade estudantes e pesquisadores de todos os níveis de ensino.
 
Debates, palestras, atividades culturais, exposição e discussões sobre trabalhos feitos por estudantes. Estas são algumas das atividades que marcarão o 1º Salão Nacional de Divulgação Científica, cujo tema é a "Popularização da Ciência". Poderão inscrever trabalhos para a Mostra Científica do Salão alunos do ensino médio, graduandos e pós-graduandos.
 
Para o presidente da ANPG, Hugo Valadares, a realização do Salão durante a Semana de C&T vai promover um debate importante sobre o papel da ciência no desenvolvimento do país. "Existe uma elitização da produção e principalmente da utilização do conhecimento científico em todo o mundo, e também no Brasil. A idéia deste Salão é mostrar o quanto a ciência está próxima do nosso cotidiano, mais até do que imaginamos. Queremos também promover a valorização daquele conhecimento produzido fora da academia que tem grande valor para a sociedade ", defende Hugo.
 
Na próxima semana, serão publicados os primeiros materiais de divulgação do Salão e também a programação do evento. Acompanhe e participe do 1º Salão Nacional de Divulgação Científica pelo
www.anpg.org.br.
 

Prêmio Carequinha 2009

A lista dos contemplados com o Prêmio Funarte Carequinha de Estímulo ao Circo 2009 foi divulgada nesta terça-feira, 25 de agosto, pela Fundação Nacional de Artes do Ministério da Cultura. O resultado com os nomes dos 103 selecionados, proponentes oriundos de todo o país, consta da Portaria nº 222 publicada no Diário Oficial da União (Seção 1, páginas 8 e 9).


A seleção foi realizada por uma comissão composta por cinco especialistas em arte circense, sendo um de cada região brasileira. A análise para a escolha levou em consideração a excelência artística do projeto, a qualificação dos profissionais envolvidos, a diversidade da produção circense e a viabilidade das ações propostas.

Os projetos beneficiados estão divididos pelos sete módulos da premiação: 26 de Circos Itinerantes 1 (capacidade até 600 lugares), 30 de Circos Itinerantes 2 (capacidade acima de 600 lugares), 20 de Trupes e Grupos, dez na categoria Formação, cinco na modalidade Eventos, seis para  Pesquisa e seis de Mérito Artístico.

A iniciativa da Funarte/MinC de estímulo ao segmento cultural viabiliza o desenvolvimento de projetos de artes circenses, buscando alcançar propostas de todos os estados. Nesta edição, além do apoio à aquisição de equipamentos, à realização de eventos, à capacitação profissional e à pesquisa, também foi destacada a contribuição de mestres e artistas.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

TEIA REGIONAL SP

De 28 a 30 de agosto acontece na FUNARTE, em São Paulo, a TEIA regional SP, o encontro dos pontos de cultura da grande São Paulo.

A idéia do evento é reunir, em um único espaço, diferentes vertentes artísticas e culturais, proporcionando debates, oficinas e mostas artísticas. Promovido pelo Fórum Paulista dos Pontos de Cultura, Comissão Estadual dos Pontos de Cultura, MinC e FUNARTE, o encontro pretende ser a celebração máxima dos anseios populares por uma cultura viva e democrática. Durante três dias haverá apresentações de teatro, circo, dança; exposição de arte e muita música.

O sectretário Nacional da Cidadania Cultural, Célio Turino declarou que "no Brasil de hoje existem cerca de dois mil pontos de cultura espalhados pelo seu território. Cada qual com sua arte e com sua forma de implantar as mais diversas expressões.da nossa cultura. São milhões de brasileiros que foram "desescondidos" por meio desta polícia pública que começa a tomar a forma de um grande movimento social nacional. Se este projeto se tornar perene, depende de cada um se levantar e declarar: Eu sou um ponto de cultura!", conclamou Célio Turino, na abertura da TEIA Nacional, em Brasília, em 2008.

confira a programação da TEIA REGIONAL SP

Sexta-feira, 28 de agosto


18h30  Apresentação Musical do Ilu Obá De Min:
Estreando a programação cultural as mulheres da Banda Ilu Obá De Min, referência na cultura afro-brasileira, inauguram o evento com um cortejo musical de boas-vindas

19h15 Abertura:
Célio Turino – Secretário da Cidadania Cultural – MinC, Esther Góes – Representante da FUNARTE
Representante da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura
Representante da Comissão Paulista dos Pontos de Cultura

20h30 às 22h  Apresentação da Embaixada do Samba:
A União das Escolas de Samba Paulistanas traz a embaixada do samba para uma apresentação descontraída com presença de célebres personagens da história do samba

Sábado, 29 de agosto

Exposições Permanentes

Uma Amostra dos Pontos de Cultura Paulistanos Mostra fotográfica coletiva que tem como tema os Pontos de Cultura do município de São Paulo;
“É difícil defender a vida só com palavras”- João Cabral de Melo Neto in Morte e Vida Severina: Com a temática da defesa dos direitos da criança e do adolescente o Ponto de Cultura CEDECA Interlagos apresenta uma exposição multifacetada que traz diversas referências da cultura de rua;

Cultura Viva e Minha Vida Linha do Tempo da trajetória do Programa Cultura Viva, composta a partir da perspectiva dos próprios Pontos de Cultura; simultaneamente teremos também a exibição e mostra de vídeos de histórias de vidas coletadas pelo Ponto de Cultura Conte Sua História, do Museu da Pessoa;

Tenda de Jogos multiculturais, históricos e clássicos
O Pontão de Cultura Lúdica da USP traz para nosso evento o mundo fantástico dos jogos multiculturais; ao longo de todo o evento a tenda estará armada no lado externo do prédio, oferecendo diversão garantida a todos os participantes;

Oficinas (Inscrições antecipadas por e-mail)

09h30min às12h30min Commedia Dell´Art
Ponto de Cultura Teatro Cidadão Commune
Oficina de máscaras ministrada pelo diretor teatral Augusto Marin. Serão trabalhadas as potencialidades cênicas dos participantes. A oficina prima pela interação com o público e busca a experiência do improviso próprio de cada um.

10h às12h
Pontos de Cultura e seus comunicadores culturais
Ponto de Cultura Instituto Paulo Freire
Destinada aos comunicadores dos Pontos de Cultura, a oficina busca oferecer ferramentas e metodologias de trabalho para aqueles que são responsáveis pela interface com o público.

Atividades Gerais


10h às12h Escutai-nos: Potencializando a Cadeia Produtiva da Música
Ponto de Cultura Eletrocooperativa
Exibição de filme e roda de conversa sobre uma reflexão crítica a respeito da  cadeia produtiva da música, num processo cujo foco é a celebração de se fazer música, pensando na sua criação como um ato de convivência e não como produto, desconstruindo formas para reencontrar sentido e construir novas formas. Como um sonho para o que seria a “Música do futuro”

13h Roda de História e Linha do Tempo Temáticas: Cultura viva Minha vida
Pontão de Cultura BMR e Ponto de Cultura Conte sua História
Vivência para os integrantes e/ou participantes do Programa Cultura Viva. A roda de história pretende, a partir de um bate-papo descontraído, realizar a construção coletiva de uma linha do tempo do programa, com os marcos históricos pessoais de cada participante

13h às 16h30 Exposição e Filme sobre o Artesanato Solidário e suas Tipologias
Ponto de Cultura Artesol
Comunicação e exibição de peças artesanais constituídas sob o preceito da geração de trabalho e de renda em localidades com baixo IDH, através da revitalização do artesanato. Após a comunicação teremos a exibição de filme de mesma temática

14h Dança Popular e Dança da Terceira Idade

14h30 Capoeira, Tai Chi Chuan e Kung Fu
Ponto de Cultura Conselho do Samba
Apresentação de algumas das atividades desenvolvidas pelo projeto Ensina-me a crescer, do Ponto de Cultura Vila Prudente, que estimula a diversidade sociocultural

16h às 18h Sarau Musical e Coral
Ponto de Cultura Lado Leste Cultural
Sarau musical com a apresentação do coral do Ponto de Cultura de Lado Leste Cultural e outros convidados

16h30 às 18h3o Apresentação e Debate do filme Juventude em Debate  
Ponto de Cultura Aracati
Um documentário de oito histórias de grupos de jovens de diferentes regiões do Brasil; um convite para entrar em cada um dos diferentes mundos: escutar desde o maracatu do jovem rural, ao som do asfalto do jovem urbano. Histórias que se misturam a de milhões de jovens brasileiros

18h Sarau Literário (Inscrições Antecipadas por E-mail)
Pontão de Convivência e Cultura de Paz – Inst. Pólis
Uma oportunidade de revelar alguns dos talentos poéticos dos tantos artistas que permeiam os pontos de cultura. Não perca tempo, inscreva-se também e revele a cultura viva que pulsa em você

18h30
Performance FLORCA
Ponto de Cultura Arte aos Quatro Ventos – Religare
FLORCA é uma performance que trata sobre a generosidade e a agressividade presentes em nossa sociedade e em cada ser humano. Florca é uma palavra criada através  da junção de outras duas, flor e forca, a ambigüidade presente em nossas memórias e em nossos cotidiano. Esta performance  de dança-teatro terá técnicas como butoh, dança contemporânea, contato improvisação e dança livre, entre outras referências.
 
19h00min: Ensaio sobre a Comuna – ficção
Ponto de Cultura Cia. do Latão
Experimento videografico inspirado na peça teatral O dia da Comuna de Bertolt Brecht, resultado de oficina realizada no Ponto de Cultura Estúdio do Latão

19h30 Apresentação de Hip Hop
Ponto de Cultura HIP HOP a Lápis
Agitando a noite do sábado as diversas manifestações que permeiam a cultura do Hip Hop serão apresentadas através da dança e da música. Pretendemos também oferecer a literatura de cordel feito por um MC como uma vertente rica da Cultura Brasileira e prima das rimas do Rap

21h às 23hPerformance musical
Embalando o sábado à noite uma seleção de músicas toda especial para dançar a dois: Forró, samba, salsa, soltinho e outros ritmos

Domingo, 30 de agosto
Oficinas (Inscrições antecipadas por e-mail)

10h às 12h Oficina de Audiovisual 
Ponto de Cultura Audiovisualistas
Esta oficina pretende auxiliar interessados na formação e divulgação da linguagem cinematográfica, através de cineclubes. Trabalharemos aspectos como: sustentabilidade, organização da memória, montagem da sala de projeção, debates,  entre outros

10h às 12h O papel da apropriação territorial para a construção da cidadania
Ponto de Cultura Casa dos Meninos
Esta oficina pretende apresentar e realizar uma vivência do papel do território local para o desenvolvimento de praticas culturais e colaborativas na comunidade

10h às 13h Oficina Capacitação de áudio
Pontão de Cultura Coletivo Digital
O Pontão de Cultura Digital mostrará como captar, equalizar arquivos de áudio, através de instrumentos musicais ao vivo, utilizando softwares livres.
Atividades Gerais

13h30 Intervenção Teatral Surubim 
Ponto de Cultura Luta do Movimento Bixigão (Teatro Oficina)
Pretendemos reviver o artista SURUBIM, por meio de um filme documentário de 10 minutos sobre o artista, e com outras intervenções artísticas como a ciranda no estilo SURUBIM gostava e que virou uma de suas marcas registradas

14h às 15h30
Mostra de Filme e debate – Pontão de Cultura a Rede Cultural da Terra
Exibição e debate de 3 curtas produzidos pelo  Pontão de Cultura Rede Cultural da Terra.

14h30 Intervenções Circenses
Ponto de Cultura Circo I

15h30 Folia de Reis Estrela Oriente
Movimento Cultural Penha
Apresentação da Folia de Reis Estrela do Oriente da Vila Nhocuné localizado na zona leste do município de São Paulo. Neste cortejo os músicos, cantores, artistas fazem referência ao menino Jesus

16h Espetáculo “O Arlecchino” de Dario Fo
Ponto de Cultura Teatro Cidadão Commune
A comédia O Arlecchino de Dario Fo é um painel de situações cômicas e grotescas da personagem Arlecchino, a peça tem trechos de musica ao vivo e entreatos circenses. O personagem foi criado em 1985 por Dario Fo para o XXIII Festival de Teatro da Bienal de Veneza

16h30 às 17h30Ação Griô-Capoeira e Danças da Cultura Popular, Mestre Alcides
Ponto de Cultura Amorim Rima (Escola Amorim Lima)
Roda de conversa com Mestre Alcides de Lima, representante nacional dos Griôs, e apresentações de capoeira e danças da cultura popular, realizada pelas crianças participantes das oficinas do pontos de cultura Amorim Rima/CEACA.

17h30 Espetáculo “Os Troconenses”
Ponto Pombas Urbanas
O espetáculo teatral “Os Troconenses” é representado pelos jovens atores do “Nucleo Teatral Filhos da Dita”, conta a história dos habitantes de Troconé, onde através de brincadeiras num playground abandonado, crianças desta cidade representam situações vividas por adultos. O imaginário e o real se fundem revelando um mundo onde muitas vezes a loucura e a lucidez se confundem

18h30 Representando a casa Anfitriã, Sérgio Mamberti- presidente da FUNARTE

19h Bateria das Escolas de Samba Paulista
Ponto de UESP (União das Escolas de Samba Paulistanas)
Encerramos nossas atividades com uma apresentação contagiante de bateria de escola de samba, passistas, e com presença de Mestre Sala e Porta-Bandeira. Nada como uma cultura viva para finalizar nosso evento

domingo, 23 de agosto de 2009

Há 20 anos, morria o 'maluco beleza' do rock brasileiro


Em 1973, Raul Seixas cantou pela primeira vez que era uma mosca que nem o inseticida DDT poderia exterminar. E 20 anos depois de sua morte, completados nesta sexta-feira (21), o cantor e compositor baiano continua fazendo barulho com seu legado.


Durante essas duas décadas que marcaram a ausência do "maluco beleza", um grande número de seguidores ainda faz de seu nome um dos ícones do rock nacional e da contracultura brasileira, responsável por mostrar ao público as ideias do ocultista inglês Aleister Crowley e por afinar uma parceria com Paulo Coelho, entre 1972 e 1982, com letras carregadas de temas esotéricos.



Raulzito, como era chamado por sua legião de fãs, lançou uma série de sucessos como "Ouro de Tolo", "Rock das Aranhas", "Gita", "Aluga-se", "Maluco Beleza", "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás" e "Sociedade Alternativa". Todo seu legado está perpetuado no famoso bordão gritado pela platéia em shows --seja qual for o gênero musical: "toca Raul!".



Raul Seixas nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 28 de junho de 1945, e realizou uma mistura singular de música regional nordestina, especialmente influenciado por Luiz Gonzaga, com o rock and roll. Sua música "Mosca na Sopa" é um exemplo notável desta mistura. Durante sua carreira, lançou 19 discos de estúdio em vida, e suas músicas foram reunidas em mais de 20 coletâneas.



O cantor sofreu uma parada cardíaca e foi encontrado morto em seu apartamento, em São Paulo, aos 45 anos, no dia 21 de agosto de 1989. Dois dias antes, tinha lançado o disco "A Panela do Diabo", com Marcelo Nova.



O rock brasileiro não seria o mesmo"



Sempre há uma canção de Raul Seixas para algum momento da vida. A conclusão é do jornalista Silvio Essinger, autor de “O baú do Raul revirado” (2005), uma reedição do material biográfico do músico baiano organizado por Tárik de Sousa em 1992. “Vinte anos depois de sua morte, a importância dele no cenário nacional continua forte”, diz.



Gravado por bandas de rock como o De Falla (“Como vovó já dizia”) à dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó (“Tente outra vez”), Raulzito passou a fazer mais sucesso depois de morto (no dia 21 de agosto de 1989), segundo Essinger. “Poucos artistas foram gravados por esse espectro todo da música brasileira. Ele ficou muito famoso no começo dos anos 70, mas comercialmente a coisa foi ladeira abaixo. Depois de morto, ele teve um sucesso que jamais poderia imaginar.”



Para o especialista, o chamado rock brasileiro não teria essa cara hoje se não fosse por Raul Seixas. “Ele foi um dos arquitetos desse negócio. A composição dele tinha uma flexibilidade de conseguir incorporar vários estilos. O rock era sua obsessão, mas ele tinha o DNA da canção que ia desde a música brega ao baião até a canção americana. Raul usava o rock como ponto de partida para um artesanato da canção que poucos compositores brasileiros conseguiram."



Essinger cita a letra de “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor” para ilustrar o tipo de humor do artista: “Buliram muito com o planeta / E o planeta como um cachorro eu vejo / Se ele já não aguenta mais as pulgas / Se livra delas num sacolejo”.



“Tudo o que o Al Gore quis dizer foi resumido em quatro versos”, observa Essinger. “Raul usa a linguagem do cordel, do repente, em uma música que é um rock. A genialidade dele está aí. O músico também radiografou muito bem a classe média nos anos Médici em ‘Ouro de tolo’.”
 


Segundo o autor, Raul Seixas surpreendeu até mesmo na época em que ele era considerado ultrapassado. “Quando achavam que estava decadente, ele surge com o ‘Carimbador maluco’, uma canção infantil que tem um texto altamente filosófico. Muita gente conheceu Raul Seixas nessa fase.” 



Raulzito vive 



Um livro, uma exposição, uma peça de teatro e até uma passeata em São Paulo homenageiam os 20 anos da morte do roqueiro baiano. Nesta sexta (21), cerca de 20 mil fãs são esperados por volta das 13h em frente ao Teatro Municipal, no Centro da cidade. De lá, a passeata segue em direção à Catedral da Sé, às 18h, passando pelo Viaduto do Chá. 



Com lançamento marcado para sábado (22) na Galeria do Rock, o livro “Metamorfose ambulante” (editora B&A) - escrito por Mário Lucena, Laura Kohan e Igor Zinza, com coordenação de Sylvio Passos, presidente do fã-clube do cantor - promete revelar “um Raul Seixas que o público não conheceu”. 



Já a peça “À espera do trem das 7”, escrita e encenada pelo ator pernambucano Samuel Luna, fica em cartaz de 19 a 23 de agosto no Teatro Commune, na capital paulista. O espetáculo se passa entre a hora da morte de Raul Seixas e o momento em que seu corpo foi encontrado. Coincidência ou não, o trem ao qual a letra se refere simboliza a morte. No palco, Luna, que também é músico, conta com a participação ao vivo do pianista Leornado Siqueira. 



O Maluco Beleza também será lembrado na exposição “O prisioneiro do rock”, ensaio fotográfico feito pelo “mestre do terrir” Ivan Cardoso. Em cartaz até 27 de setembro no Museu Afro Brasil, a mostra apresenta 21 fotografias em grande formato (originais em branco e preto) e nove montagens com intervenções coloridas, além de capas de discos e livros sobre o artista.



Neste domingo (23), o sósia Paulo Mano participa do show Toca Raul!, no Sesc Santo André. No tributo, ele se apresenta acompanhado da Banda Novo Aeon.



CD e DVD



Raul Seixas cantava rock numa época em que isso era quase uma excentricidade no Brasil. Sempre foi um artista essencialmente popular, e isso, ao mesmo tempo em que proporcionou uma identificação com o público que continua mesmo após a sua morte, também lhe valeu o desprezo de parte da crítica.



O sucesso de público, no entanto, demorou para chegar para o cantor. Seu primeiro álbum, Raulzito e os Panteras (1968), não emplacou. O segundo, Sessão das 10 (gravado em parceria com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star), teria sido produzido em segredo. A lenda, nunca oficialmente confirmada, diz que as gravações aconteceram sem o conhecimento da direção da gravadora CBS, onde Raul trabalhava na época.



Foi só com o disco Kring-Ha Bandolo, de 1973, que o cantor foi reconhecido. Nele estão seu primeiro sucesso, "OUro de Tolo", e mais duas músicas que se tornariam clássicos de sua carreira, "Metamorfose Ambulante" e "Mosca na Sopa". 

Metade das faixas foi escrita em parceria com Paulo Coelho. A parceria entre ele e Raul durou diversos discos, e ainda rendeu sucessos como "Gita" (1974) e "Tente Outra Vez" (1975).

A metade dos anos 1970 é considerada a fase clássica de Raul Seixas. Isso não significa, porém, que tenha sido uma época fácil para ele. Junto com o sucesso, vieram os problemas com a ditadura militar. Teve diversas canções censuradas e, em 1974, chegou a ser preso e torturado pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Por causa disso, passou uma temporada nos Estados Unidos. 



É dessa época a canção "Gospel", composta em parceria com Paulo Coelho para a trilha sonora da novela "O Rebu". A versão completa da música só foi lançada agora, na esteira dos vinte anos da morte de Raul. Em 1974, a música saiu com cortes impostos pela censura. O áudio original, no entanto, foi guardado pelo produtor Marco Mazzola, que agora a lançou com nova produção e participação de Roberto Frejat. A canção está no CD 20 Anos sem Raul Seixas, que chega às lojas na semana que vem. 



Mazzola, amigo e produtor de Raul Seixas, organiza o CD, que traz takes alternativos, alguns sucessos em inglês - "Morning train" (Trem das sete), "Fool's gold" (Ouro de tolo) e "White wings" (Asa Branca), além da faixa inédita "Gospel", censurada em 1974.



O lançamento da MZA traz ainda um DVD com a reedição do VHS "Raul Seixas também é documento", lançado originalmente em 1998. Com direção de Paulo Severo, o vídeo traz imagens pessoais de Raul com Paulo Coelho, Sergio Sampaio, Nelson Motta, além de entrevistas com Marilia Gabriela, Pedro Bial, clipes e trechos de shows, incluindo uma de suas últimas apresentações, ao lado de Marcelo Nova (ex-Camisa de Vênus).


sábado, 22 de agosto de 2009

Em Crise

A “guerra nada santa” travada entre as TVs Globo e Record comprova que existe algo de muito podre no reino dos poderosos e impenetráveis impérios midiáticos do país. Os barões da mídia, por razões políticas e na busca por audiências sensacionalistas, adoram impor a instalação de Comissões Parlamentares de Inquéritos. A “presunção de culpa” se sobrepõe à “presunção da inocência”, inscrita na Constituição, e reputações são jogadas na lata de lixo da noite para o dia. A agenda política fica contaminada pelo denuncismo vazio, que rende pontos no Ibope e novos anunciantes, e que ofusca o debate sobre os problemas estruturais da democracia brasileira.

O processo sui generis de concentração da mídia nativa e sua alta capacidade de manipulação de corações e mentes são, de fato, graves atentados à democracia. A lavagem de roupa suja entre as duas maiores emissoras do país, num caso inédito de transparência no setor, revela que há muito a se apurar sobre a ditadura midiática. Ela cria a oportunidade ideal para as forças organizadas da sociedade, engajadas na luta pela democratização da comunicação, também exigirem a instalação de uma CPI para averiguar tais irregularidades. Impõe a vários parlamentares, hoje alvos da fúria midiática, uma revisão deste poder descomunal. E não faltam motivos para esta justa demanda.

A sensível questão religiosa

Liderando uma “cruzada” que reúne os jornalões Folha e Estadão e a revista Veja, a Rede Globo tem exibido para milhões de telespectadores várias denúncias contra a sua principal concorrente. Com base numa denúncia do Ministério Público de São Paulo contra Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), a TV Globo tem apresentado exaustivamente matérias que comprovariam formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Willian Bonner e Fátima Bernardes, o casal-âncora do Jornal Nacional, o noticiário de maior audiência no país, não se cansa de mostrar os vínculos entre o Edir Macedo e a Rede Record.

As reportagens globais também procuram explorar a sensível questão religiosa, acusando a Iurd, que possuí 8 milhões de fiéis no Brasil e igrejas espalhadas por 174 países, de desviar dinheiro das doações para compra de imóveis suntuosos, carros importados e emissoras de rádios e TV. “Edir Macedo deu outro destino ao dinheiro doado à Igreja Universal”, acusou Fátima Bernardes no Jornal Nacional. Com várias imagens das pregações feitas nos cultos, a TV Globo insiste que “a religião é apenas um pretexto para a arrecadação de dinheiro”. Os ataques são duros e diários.

Golpismo e irregularidades

Como resposta, a TV Record tem exibido para milhões de brasileiros inúmeros fatos irrefutáveis que só uma minoria conhecia. Aproveitando-se da vulnerabilidade política da concorrente, ela mostrou que a Rede Globo é cria da ditadura militar e que construiu seu império graças ao apoio decidido dos generais golpistas. Celso Freitas e Ana Paula Padrão, os âncoras do Jornal da Record, que já estiveram do outro lado do front, lembraram as fraudes para impedir a vitória de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro, as manobras para esvaziar a mobilização popular pelas Diretas-Já, a fabricação do “caçador de marajás” e as várias investidas para desestabilizar o governo Lula.

Mas a TV Record não ficou somente no campo da política – como a concorrente também não se limitou à discussão religiosa. Ela também apresentou inúmeras denúncias de irregularidades. Já na sua origem, o acordo misterioso com a empresa estadunidense Time-Life, numa transação que era proibida pela lei brasileira e que rendeu milhões de dólares à TV Globo. Depois, na aquisição suspeita da TV Paulista, num negócio com documentos falsos. O ex-ministro das Comunicações, Euclides Quandt de Oliveira, também garantiu numa entrevista que a Globocabo contraiu empréstimos irregulares na Caixa Econômica Federal e no BNDES, em 1999, no valor de R$ 400 milhões. Outra bomba foi a denuncia de que a TV Globo ocupa um terreno da Secretaria de Planejamento de São Paulo, numa relação promíscua com o governo tucano de José Serra.

Apuração rigorosa das denúncias

Como se observa, as denúncias de ambos os lados são graves e exigem rigorosa apuração. Em função da “guerra nada santa” entre as duas principais emissoras de televisão do Brasil, o tema hoje está na boca do povo – o que é saudável para a democracia. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a mídia contribuiria para investigar a veracidade dos fatos. Além disso, a CPI seria uma importante alavanca para o debate sobre a urgência da democratização dos meios de comunicação no país. Afinal, as emissoras privadas usufruem de uma concessão pública. Elas não podem ficar acima das leis, da Constituição e da Justiça.

Altamiro Borges

Abaixo à Intolerância

A ialorixá Jaciara dos Santos teve um dia agitado, nesta quinta-feira, 20, por conta do preparo de oferendas para os orixás com o objetivo de agradecer e comemorar. O motivo da festa foi o fim de mais um round no processo que, em conjunto com os outros herdeiros de Gildásia dos Santos e Santos, sua mãe biológica e de quem é sucessora no terreiro Abassá de Ogum, move contra a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). 




Embora a 4ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) tenha rejeitado o recurso dos advogados da família para aumentar o valor da indenização, a ialorixá e sua assessoria jurídica entendem que a festa tem de ser mantida, pois, ao julgar o recurso, a instituição ratificou sua decisão do ano passado, que condenou a igreja a pagar a indenização no valor de R$ 145,2 mil aos herdeiros, além de publicar no jornal Folha Universal o teor da sentença. O mérito da ação foi então mantido. A decisão saiu na última terça-feira.



O STJ julgou um embargo de declaração, recurso utilizado em situações que caracterizam omissões, obscuridades e lacunas em peças judiciais. O relator foi o desembargador Honilton de Mello. Os ministros do STJ decidiram não ser possível reformar a decisão anterior, ou seja, aumentar o valor da ação, por entenderem que a lei processual não permite este tipo de medida em embargos de declaração. 

A decisão permanece com o mesmo teor da que foi proferida em 16 de setembro do ano passado pelo tribunal.

Luta – Segundo a advogada Emília Gondim Teixeira, integrante da Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia (AATR), entidade que assumiu a causa dos herdeiros de mãe Gilda, a comemoração é válida, pois, mesmo não tendo sido aumentado o valor, não cabe mais recurso da parte contrária. 

De acordo com Emília Gondim, ainda há um recurso a ser julgado, mas é o movido pelos advogados dos herdeiros, o que não deve postergar a execução da decisão do STJ.

A TARDE entrou em contato, por telefone, com a assessoria de comunicação da Iurd e enviou e-mail com o pedido de entrevista, como foi solicitado. Mas até o fechamento desta edição não houve resposta.

Povo-de-Santo  

Em 1999, a Folha Universal, jornal da Iurd, publicou uma matéria entitulada "Macumbeiros charlatães lesam a vida e o bolso dos clientes", em que aparecia uma foto de mãe Gilda com uma venda nos olhos. A fotografia era de uma das mobilizações pelo impeachment de Fernando Collor ocorrida em Salvador e da qual mãe Gilda tinha participado. 



Em 21 de janeiro de 2000, um dia após assinar a procuração para dar entrada no processo, mãe Gilda morreu por conta de um infarto. Sua filha biológica, Jaciara Santos, iniciou a luta por reparação, além de ter assumido o comando do terreiro. “Passei por dificuldades e muito sofrimento. Eu cheguei a perder o emprego de gerente de uma grande rede de supermercados aqui em Salvador, além de receber ameaças por telefone, mas não desisti”, conta Jaciara. 


Em 2003, a ialorixá foi recebida em audiência pelo presidente Lula. “Essa vitória é de todo o povo-de-santo. A nossa luta mostrou que é possível ver a Justiça acontecer neste País, mesmo enfrentando um grupo tão poderoso”, afirmou a ialorixá. 

A vereadora Olívia Santana (PCdoB), autora do projeto de lei que criou, em Salvador, o Dia de Combate à Intolerância Religiosa, tendo mãe Gilda como símbolo, em 2004, também comemorou a decisão. “Agora muitos vão pensar duas vezes antes de adotar práticas de intolerância religiosa”, declarou.



O deputado federal Daniel Almeida, que, inspirado no projeto da sua colega de partido, conseguiu a aprovação do seu projeto de lei que criou o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, há dois anos, fez coro às comemorações pela decisão: “Acho que o STJ responde ao anseio da sociedade brasileira ao repudiar um ato de intolerância religiosa”.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Conferência Nacional de Cultura

Março de 2010 será o mês da cultura nacional. Além da TEIA, que reúne pontos de cultura de todo país e que desta vez acontecerá em Fortaleza, a II Conferência Nacional de Cultura também será um momento de grande efervescência em torno da cultura.


Prevista para a acontecer entre os dias 11 e 14 de março de 2010, a II Conferência já está mobilizando a sociedade brasileira em torno da memória, da produção simbólica, da gestão, da participação social e da plena cidadania.

É cada vez mais notório o reconhecimento do estado brasileiro sobre o papel estratégico da cultura no fortalecimento do projeto nacional de desenvolvimento do país. A conferência, que acontecerá em Brasília promoverá debate entre artistas, produtores, conselheiros, gestores, investidores e demais protagonistas da cultura, valorizando a diversidade das expressões e o pluralismo das opiniões.

As etapas da II Conferência se darão nos municípios até o dia 31 de outubro. Já as etapas estaduais e setoriais se realizarão até o dia 15 de dezembro. Além das etapas municipais e estauais, constituirão etapas também as pré-conferências setoriais, as conferências livres, virtuais e a plenária nacional.

Diferente da maioria das discussões que envolvem a sociedade civil em torno das polítcas públicas, a Conferência Nacional Cultura terá caráter propositivo e deliberativo, o que incluirá no programa de estado as contribuições da sociedade em torno do sistema nacional de cultura e do plano nacional de cultura.

A plenária nacional da conferência de cultura reunirá em Brasília 1485 delegados, sendo 1350 eleitos nas conferências estaduais, sendo 2/3 pertencentes à sociedade civil e 1/3 de esferas governamentais; 135 eleitos nas pré-conferências setoriais e 54 delegados natos, indicados pelos conselhos estaduais de cultura.

Mostra Internacional de Curtas Metragens de São Paulo

A safra 2008-09 de curtas-metragens trouxe 1.838 inscrições para a Mostra Internacional, de todos os cantos do mundo. Desses, 68 foram selecionados, em uma composição de sotaques e culturas que dão uma visão dos temas emergentes do momento.

Este ano, boa parte dos filmes conta pequenas e grandes histórias humanas e confirma, mais uma vez, a admirável capacidade do curta-metragem de reportar com agilidade a realidade atual. Em termos de linguagem, se por um lado muitos filmes são narrativos, outros ousam no experimentalismo e aproveitam a liberdade das novas tecnologias para descobrir novas maneiras de contar histórias, deixando cada vez mais tênues os limites entre ficção e documentário.
Acesse 

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Célio Turino

Autoentrevista?
No filme The Commitments, de Alan Parker, há um personagem que dá entrevista a si mesmo, imaginando o dia que sua banda irlandesa de blues será famosa. Gostei da forma narrativa de sua conversa com o espelho e resolvi usa-la para apresentar minhas inquietações, as conversas comigo mesmo, abrir o código fonte.

Código Fonte?
O Ponto de Cultura tem os mesmos princípios do software livre, é um código aberto.

Quais princípios?
Generosidade intelectual, trabalho colaborativo, mutabilidade, criação comum.

Em que se sustenta um Ponto de Cultura?
Na autonomia e no protagonismo social.

Quando um Ponto de Cultura se realiza?
Quando se articula em rede.

Há desenvolvimento?
Quanto mais redes intercaladas maior o desenvolvimento.

Que desenvolvimento?

Das mentalidades, dos comportamentos, da economia, da cultura, dos valores.

Explique melhor.
Cada rede forma um conjunto que se intercala a outros. A influência se dá a partir de Zonas de Aproximação, que atingem os Pontos mesmo quando as pessoas de um Ponto não estejam participando de uma rede específica.

Que Zonas são estas?
Pessoas de uma rede em gênero podem participar de redes de Hip Hop ou Cultura Popular. Deste entrelaçamento surge a Zona de Aproximação. Foi Vygotsky quem percebeu isto ao observar o desenvolvimento das crianças bem pequenas; a este fenômeno ele deu o nome de Zona de Desenvolvimento Proximal. Prefiro Desenvolvimento por Aproximação, mais adequado ao jeito brasileiro de ser.

Como se dá a mudança de uma rede sobre outra?
A rede de gênero pode influenciar na modificação de comportamentos machistas nas redes de Hip Hop ou de Cultura Popular, que trazem consigo muitos preconceitos, são machistas, sexistas, por exemplo. Por outro lado, a Cultura Popular pode realinhar elementos da tradição. E a menina que faz RAP (Ritmo e Poesia) percebe que seu avô também faz ritmo e poesia com repente, coco, embolada; com isso ela pode criar um novo ritmo musical, o rap/repente, unindo tradição e emancipação.

E a Arte, como fica?

Outras redes, ou conjuntos, aglutinam-se pelo apuro estético; uma rede de experimentação em linguagens artísticas, dança contemporânea ou teatro de bonecos. Oferecem sua mensagem: “sem qualidade artística, sem encantamento, não se vencem barreiras, não se quebra estereótipos, não se toca o coração”.

Arte pela Arte?

Outras redes, ou conjuntos, aglutinam-se pelo compromisso ético, uma rede de meninos e meninas de rua, trabalhos socioculturais, assentamentos rurais. Eles dizem: “sem compromisso com seu povo, de pouco adianta a arte”.

Como a mensagem de uma rede chega à outra?

Entrelaçando conjuntos, que se aproximam por ondas até atingir pontos bem distantes. Com muito jeitinho, jeitinho brasileiro.

Exemplifique concretamente.
O prêmio Interações Estéticas, para residências artísticas em Pontos de Cultura, com resultados artísticos conjuntos em 90 Pontos. A Central de Intercâmbio Ponto a Ponto, para troca de experiências entre Pontos.

Há como permanecer imune, neutro?
Assim como é impossível observar um mesmo rio, pois suas águas nunca serão as mesmas, não se pode entrar num rio sem modifica-lo.


E quando os conjuntos se fecham em si mesmos, ou se relacionam apenas com assemelhados?
Neste caso se formam os fundamentalismos. Infelizmente a história está repleta de conjuntos que se fecham.

Como romper com o Fundamentalismo?
Para além da Identidade é preciso praticar a Alteridade.

Identidade?
Fundamental (de fundamento), pois sem Identidade as pessoas e grupos não conseguem dizer quem são. Mas Identidade sem Alteridade é insuficiente.

Alteridade?

Se reconhecer no outro, por mais diferente que seja.

Como se pratica Identidade e Alteridade ao mesmo tempo?
Não há fórmula, mas, com jeitinho, o Ponto de Cultura pode promover esta adição.

Adição?
Uma operação aritmética muito simples: Identidade + Alteridade = Solidariedade.

E a Cultura?
Palavra difícil, são tantos os conceitos.

Após 5 anos teorizando e implantando Pontos de Cultura, qual o seu conceito?
Cultura acompanhada por 3 ‘Es’:
Ética
Estética
Economia

Que economia?
A solidária, com trabalho compartilhado, comércio justo e consumo consciente.

Como obter recursos para esta economia?

Com respeito ao meio ambiente, ao trabalho humano e à criatividade.

E a acumulação, como fica?
Nossa lógica é outra, a do bem comum. Esta é a diferença entre livre iniciativa no Capitalismo (voltada para a acumulação do Capital) e a livre iniciativa no Comunismo (voltada para o Bem Comum).

Bem Comum?
Sim, os recursos naturais, a inventividade humana, a terra, a água, o ar.

Todos Mercadoria.
O Ar ainda não, mas pode virar mercadoria. No futuro talvez alguém invente uma forma de ganhar dinheiro com redomas de ar puro em um mundo poluído. Minha avó dizia: “ainda vão cobrar o ar que respiramos”. Mas não precisa ser assim, nem sempre foi assim. Para as gerações passadas seria impensável transformar água, fonte vital de vida, em Mercadoria. No final do século XX, em Cochabamba, na Bolívia, houve a primeira insurreição popular contra a privatização da água e este processo de mercantilização da vida; e venceram. A água voltou a ser um bem comum. Foi quando o avanço do neoliberalismo encontrou seu primeiro freio.

Bem Comum.
... também o transporte público, a educação, o lazer, a saúde, a cultura...

Bem Comum.
Daí Comunismo.

Comunismo?
O comunismo não se realizou, as experiências do século XX identificadas como comunistas não o foram. Houve experiências de Democracia Popular ou Socialismo com forte intervenção do Estado, muita burocracia e pouca liberdade de iniciativa individual. A superação do Capitalismo no século XXI se dará pela cultura do Bem Comum.

Seria o Socialismo do século XXI ?

Uma alternativa em gestação, mas ainda não tem um conceito preciso. O positivo na idéia é que se insere no contexto anti-neoliberal e de democratização da América do Sul, um socialismo mestiço. Mesmo assim prefiro a expressão Comunismo, por estar etimologicamente alinhada à Bem Comum.

E o Estado?
Em nosso atual estágio civilizatório, o Bem Comum não se realiza sem Estado. O que precisamos definir é qual Estado queremos.

Qual Estado?

O Estado mínimo, insensível às necessidades das pessoas e subordinado à mercantilização da vida, agente da financeirização do mundo e da acumulação do capital, começa a ruir. Por outro lado, não nos interessa a volta ao Estado pesado, intervencionista e burocrático. É preciso um Estado de novo tipo, ao mesmo tempo leve e presente, ampliado e gasoso. Um Estado Vivo.

Estado Vivo ou Gasoso?
Gasoso porque leve como o ar, comum e presente. Fonte de vida e liberação de energias. Vivo, porque orgânico, em constante mutação.

Não se desmancha?
O que é sólido se desmancha; o gasoso se espalha, se mistura; o que é vivo se recria.

Como se faz este Estado?
Se fazendo, sem modelos. O Ponto de Cultura é uma pequena experiência de um Estado que aprende a conversar com o povo e de um povo que se empodera.

Qual a principal característica?
Um Estado Educador.

Quais paradigmas precisariam mudar?

Da Estrutura para o Fluxo.
Do Estado que impõe para o Estado que dispõe.
Do Estado concentrador (de riquezas e informações) para o Estado que libera energias.
Do Estado impermeável para o Estado penetrável.
Do Estado que esconde para o Estado transparente.
Do Estado que controla para o Estado que confia.
Do Povo que transfere responsabilidades para o Povo que participa.
Da desconfiança à confiança mútua, gerando responsabilidade e liberdade.
Da Política Pública focada na carência à Política Pública focada na Potência.

Exercícios.
Exercícios de civilização.

Carência/Potência?
Talvez a chave seja esta mudança de paradigma. As políticas públicas são formuladas a partir do critério da falta, da vulnerabilidade. O Ponto de Cultura parte do oposto, parte da potência.

É simples.
É simples, mas tenho muita dificuldade em convencer a burocracia de Estado. Um gestor de Ponto de Cultura, Afonso, do Maracatu Estrela de Ouro, de Aliança, Zona da Mata pernambucana, compreendeu na hora: “...um Ponto de Cultura não se cria, se potencializa”.

Como sintetizaria a teoria do Ponto de Cultura?
Com uma equação matemática.

Matemática?
Quando compreendemos que a matemática estuda a vida a partir de objetos abstratos e de suas relações, as equações tornam-se simples.

O Ponto de Cultura pode ser representado em uma equação matemática?

PC = (a + p) (ar)
Ou
(a + p) (ar) = Empoderamento Social

Em linguagem verbal: ao somar Autonomia com Protagonismo o Ponto de Cultura ainda não se realiza, pois é necessário que exponencialize sua potência em um conjunto de Articulações em Rede (quanto mais redes, melhor) para que alcance o Empoderamento Social.

Ponto de Cultura como ponto de empoderamento social?
E atrator de iniciativas.

Atrator?
Na teoria do Caos há os estranhos atratores, pequenos pontos que aglutinam energias, alteram rotas.

O Ponto de Cultura funciona como um atrator?
Sim, pelas ações do programa Cultura Viva.

Quais ações?
Cultura Digital, Cultura de Paz, Pontinhos (Pontos lúdicos, de cultura infantil), Griôs, Escola Viva, Cultura e Saúde, Juventude.

Estas são ações do programa Cultura Viva, mas e as ações da sociedade?
São infinitas as possibilidades. No Fórum Social Mundial a Aldeia da Paz foi montada por iniciativa de um Ponto de Cultura, a Caravana Arco Íris. Eles praticam agroecologia, trabalhos colaborativos, biodigestor, filtragem natural da água usada, devolvendo-a limpa nos rios. Na seqüência, querem aplicar este conhecimento junto às comunidades ribeirinhas da Amazônia. Certa vez conheci uma moça em um Ponto de Cultura, ela falava das múltiplas possibilidades de uma planta, o Agave (sisal): ‘quem sabe a cura para a AIDS, note!, Agave, HIV’. Quem sabe.

São as ações que mantém a pulsação do Ponto de Cultura?
Sim, do contrário ele se fossiliza, burocratiza, necrosa. Ponto de Cultura é vida e vida é fluxo.

Mas como as Ações se encontram; como os Pontos se interligam?
A Teia. Um construir constante que também precisa ser presencial, unindo em um só lugar, Encantamento (mostra artística dos Pontos de Cultura), Reflexão (seminários e registro) e Organização (Fórum dos Pontos de Cultura).

E entre as Teias?
Encontros de Conhecimentos Livres, o iTeia, os Portais, as redes colaborativas, os encontros entre redes temáticas, os programas de TV, ‘Cultura Ponto a Ponto’, ‘Ponto Brasil’, ‘Amalgama’, a webrádio Cultura Viva.

Programas de TV?
O único elemento comum a todos Pontos de Cultura é o Estúdio Multimídia (uma câmera de vídeo, equipamento para gravação musical e 3 computadores operando como ilha de edição). Colocamos os meios de produção nas mãos de quem faz cultura. Agora temos base para uma nova conquista: os meios de difusão.

Cultura e Comunicação?
Uma não sobrevive sem a outra. Com os Pontos de Cultura abrimos uma fenda no monopólio das comunicações e a polifonia começa a ser uma realidade.

Polifonia?
E conjugada na primeira pessoa, na voz de quem faz, sem intermeios.

E o que mais?
Pontos de Mídia Livre. Uma nova rede que se abre, com muitas vozes e muitos meios; do mimeógrafo e estêncil aos blogs, rádios e TVs comunitárias. Com o prêmio Pontos de Mídia e Laboratórios de Mídia Livre preparamos os Pontos para mais um salto. Quem sabe um salto quântico.

No início de 2009 são 1.000 Pontos de Cultura em todo o Brasil e até 2010, 3 mil. E depois? Basta aumentar os Pontos?
A quantidade gera o salto qualitativo. Com a fervura a água passa do estado líquido para o gasoso; ou para o sólido, em baixas temperaturas. O salto qualitativo já se coloca.

Que salto é este?
Cultura e Política.

Cultura e Política?
Uma nova cultura política como base para a resignificação da Política. Política como meio, Bem Comum como fim.

A Cultura assumiria uma centralidade na Política?

É isso. Da mesma forma que os movimentos populares e sindicais estiveram para a redemocratização do Brasil há trinta anos, a Cultura pode estar para a nova política do século XXI. Com uma diferença essencial. Enquanto os movimentos associativos/reinvindicativos são movidos por interesses (legítimos, mas mesmo assim, interesses), a Cultura se move por valores. Política movida por interesses, facilmente resvala para a política interesseira. Não é o que vemos na política parlamentar dos tempos atuais? Uma política do Bem Comum tem que ser movida por valores.

Cinco anos não é pouco para isso?
Foi o meu tempo. Que outros continuem, que os Pontos se empoderem.

O que falta ainda?
Sistematizar a experiência, documentar, apurar os conceitos, consolidar a teoria. Difundir a experiência, ganhar apoios, compreensão. Ir além do Brasil. E que os Pontos se espalhem.

E um marco legal?
No início não cabia, perderíamos tempo e o programa se engessaria em uma abstração. Foi preciso fazer, experimentar e construir os conceitos na medida que os fenômenos fossem se apresentando. Agora há base para propor.

Que lei?
Algumas leis. Uma Lei para os mestres e griôs, um estatuto e uma bolsa que reconheça e valorize o saber popular. Outra Lei para o protagonismo juvenil, que garanta o pagamento de uma bolsa por um ano para que jovens possam se capacitar no desenvolvimento de trabalhos comunitários. A terceira Lei para a Autonomia e Protagonismo Social, que assegure meios ágeis para transferência de recursos e construção de diálogos entre Estado e Sociedade.

Qual o resultado destas leis para a cidadania?
Quebra de hierarquias, construção de novas legitimidades, reequilíbrio entre poderes. Com a Lei dos Mestres e Griôs pode-se promover uma religação intergeracional, levando o saber popular para a escola e valorizando o conhecimento de parteiras, mestres de capoeira, rezadeiras e de todos os mestres e de todas as culturas transmitidas pelo conhecimento tradicional. Com a Lei do Protagonismo Juvenil, centenas de milhares, quem sabe um milhão de jovens por ano, podem passar por um processo intenso de trabalho colaborativo e comunitário (uma bolsa mensal de R$ 250 paga por um ano para um milhão de jovens custaria R$ 3 bilhões, parece muito, mas é menos que o financiamento governamental para compra de automóveis). Após 20 anos o significado disto para a cidadania seria inestimável. Com a Lei da Autonomia e Protagonismo Social (que antes imaginei cultural, mas percebi que deve ser ampliada para todas ações da sociedade) as comunidades poderão resolver localmente os seus problemas e, articulando-se em rede, ampliar este exercício até a plena simbiose entre Povo e Estado. Lei Brasil Vivo seria um bom nome.

Por que ainda não foram propostas?
Porque precisam ser construídas, como resultado da vontade e soberania popular. Para ser coerente com a teoria dos Pontos de Cultura, estas leis precisam ser de iniciativa popular, com coleta de assinaturas. Faze-las como leis de iniciativa do governo ou de parlamentares seria uma apropriação indevida de um processo que vem de baixo e que fervilha pelo Brasil.
E também porque elas entram em contradição com a atual lógica do Estado e dos poderes constituídos.
De certa forma sim. Mas “...não há nada mais forte que as idéias cujo tempo chegou”, foi assim que Victor Hugo percebeu o seu mundo no século XIX.

Agora fale de você.
Eu? Eu sou um Ponto de Cultura. Todos podem sê-lo, todos são.

Faltou alguma coisa?
Sempre falta. Gostaria de pedir desculpas àqueles que entraram neste processo sem conhecer todas as condições prévias. Aos gestores dos Pontos de Cultura que sofreram com nossa falta de estrutura. Também aos servidores da SPPC, agora, Secretaria da Cidadania Cultural, tão poucos e tão sem condições materiais e institucionais para realizar o trabalho. Eu queria fazer, sabia que faltava compreensão, tempo e estrutura, mesmo assim fui fazendo, pois no íntimo sabia que a sociedade (ao menos parte) responderia ao chamado. A porta entreabriu, entrei. Não podia perder a oportunidade.

Por fim.
A Cultura não tem fim.

Obrigado.
Obrigado.